segunda-feira, 19 de novembro de 2018

O PREÇO A SE PAGAR


Se for pra começar a fazer alguma coisa, que seja muito bem feita. Senão, nem comece.
Essa é uma frase que guia os meus atos e guia a minha vida. Gosto de fazer algo da melhor forma possível. Desde varrer uma casa, lavar a louça, e até transar. Se eu não conseguir fazer algo bem feito, é nítido e inegável meu desânimo. Minhas ações parecem ser empurradas e forçadas.
Fazer algo bem feito é algo relativo. Um bom trabalho varia de acordo com as ideias de cada um. Diante de um acúmulo e uma quantidade enorme de coisas pra fazer, alguns acham que o melhor é fazer com perfeição cada coisa, mesmo que isso signifique não dar conta de tudo, e outros acham que o melhor é ser o mais rápido possível, dar conta de tudo, mesmo que custe alguns erros, que depois podem ser corrigidos com mais calma.
Meu caso é o segundo. O melhor é dar conta, segurar a bronca e zerar as tarefas. Você tem duzentas provas pra corrigir em um dia. Você analisa um modelo, busca palavras chave e vai fazendo o mais rápido possível. Talvez umas cinco ou seis sejam corrigidas de forma equivocada, e quando os prejudicados apresentarem o problema, deve-se ter humildade para voltar atrás e arrumar o problema. Mas mesmo assim, não há atraso, não há acúmulo e nem irritação de todos porque suas notas não estão disponíveis.
Acredito que o mesmo vale para um relacionamento. Você está dentro, ou nem comece. E a partir do momento que você aceita um namoro por exemplo, você se dedica a essa pessoa. Não significa estar grudado, porque eu particularmente odeio isso. Mas fazer o possível para que a pessoa seja feliz, para que ela supere os problemas, para que ela cresça. E haverá erros. Todo casal tem. Mas o importante é ter mais acertos do que erros, e estar lá nos momentos cruciais.
Dito isso, só posso dizer que gostaria de ter um pensamento radicalmente diferente. A dedicação me custou muito mais caro do que eu poderia pagar. Graças a me dedicar a coisas que acredito piamente e que me comprometi, hoje estou com a saúde completamente comprometida, provavelmente com a sanidade e com meus ideais de vida abalados.
Acredito que sempre fui um bom homem, tranquilo, gentil, solidário e sorridente. Mas o que posso ver atualmente é que esse homem morreu, aos poucos. Agora não tenho mais a menor paciência pra nada. Sinto um ódio profundo, devido a decepção de alguns anos. Cheguei ao ponto de ter um desejo incontrolável de matar pessoas que me causaram mal em coisas que para mim são de importância máxima.
Faço as coisas da melhor forma possível porque acredito que isso seja o correto. Já jurei pra mim mesmo que não faria mais isso, mas é impossível. Sendo um ser pacato, nunca imaginei ser reconhecido por nada. Nem idolatrado, nem nada do tipo. Mas obviamente um pouco de gratidão pelo esforço é o mínimo.
Gratidão não significa que alguém deva a vida a mim, nem que precise de todo jeito me recompensar. Ser feliz e ter sucesso é ser grato. Não agredir ou acusar é ainda maior.
Quando você se esforça além do que é capaz por uma causa, por alguém que precisa muito de você, por uma equipe, e acaba tomando patada no meio do caminho, é como se fosse uma facada. Você se dedicar absurdamente, e de repente ouvir que o melhor teria sido desistir no princípio, como se tentar arduamente fosse algo ruim, é o mesmo que implodir tudo o que você acredita.
Você deixar de lado sua saúde por uma causa, por alguém, e ainda ser acusado de algo que você não fez, ou ser provocado a fazer algo grade por fúria, envolvendo sua família em algo repulsivo, você tem uma ideologia de vida sendo destruída. E você é destruído junto. Quando você se desgasta anos e anos por uma causa e ainda vê seu nome ser ligado a coisas ruins e atitudes deploráveis para pessoas que você nem conhece, e outras que você considerou por muitos anos como seus amigos, algo morre dentro de você. E o que nasce não é nada bom.
Seis anos de dedicação máxima. E não apenas a uma situação, mas várias. E em todas elas eu terminei com não só críticas, mas ataques pessoais, mentiras, tentativas de me prejudicar pessoalmente, traições e todo tipo de coisas ruins que se poderiam imaginar. Isso deveria ser um aprendizado para a vida, mas é muito difícil de assimilar. Talvez por ter caído na real de uma vez. Talvez por deixar rastros que jamais se apagarão. O fato é que já me envolvi em brigas físicas por motivos fúteis, com pessoas que eu nem conhecia. Minha tolerância virou basicamente nada.
A capacidade de confiar nas pessoas simplesmente morreu. O desejo de me dedicar a alguém deixando de lado a mim próprio, morreu A capacidade de perdoar qualquer ato, morreu. A paciência, essa foi reduzida a pó. Veio muito nervoso, um transtorno de ansiedade fora do comum, muito peso, insônia e muita frustração.
Um custo muito alto por algumas causas.


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