segunda-feira, 19 de novembro de 2012

QUANDO O ESTÍMULO ACABA


Dando sequência à minha epopeia de inferno astral, cheguei num ponto onde estou sentindo que as coisas no TJ ficaram muito parecidas com o que era na escola. Claro, nada que se compare àquele monte de gente gritando e jogando coisas, mas minha falta de estímulo começa a ficar igual. Pela primeira vez desde que cheguei lá, me sinto sem vontade de trabalhar, pensando seriamente em procurar outro lugar para tentar fazer o melhor, e por que não, traído.
Uma das maiores dádivas que recebi do meu pai é a minha maior maldição. Eu sou um perfeccionista. E não daquele tipo que quer tudo extremamente ordenado e visivelmente bonito, mas aquele que quer que tudo saia na máxima eficiência no menor tempo possível. Gosto de dar vazão a uma quantidade absurda de trabalho, assumindo que para isso ocorram alguns erros.
O que me deixa mais “orgulhoso” e convencido é saber que, quando cheguei a um determinado setor, a situação era um caos total. Imagina que todo o serviço estava atrasado, desorganizado e errado. E que, em pouco tempo, eu e meu colega conseguimos colocar as coisas em ordem, deixamos o serviço em dia e começamos a organizar partes que nem eram nosso serviço, mas que poderiam servir para agilizar o serviço de todo o resto do setor. Quando você consegue deixar as coisas na linha deste modo, você realmente se sente foda.
Imagina que, de um uma pequena parte do seu serviço você consegue fazer 1.600 “trabalhos”. E de tudo aquilo que você faz, o que é muito mais do que isso, você faz 50 “trabalhos” errados. Isso seria menos de 1% de erro. Mas esta porcentagem é o suficiente para tornar sua vida um inferno, com várias reclamações, com dúvidas frequentes até mesmo da qualidade do que você faz.
E então resolvem que o método que você usou para colocar toda a bagunça em ordem, e deixou o serviço em dia, está errado. E resolvem a partir de informações sabe-se lá de onde, gente que não tem a menor ideia do que você faz todos os dias, o que é mais complexo e o que é mais fácil, o que precisa ser feito com mais frequência ou não. E você avisa claramente que esta situação vai ser um desastre. Mas as pessoas, baseadas em sabe-se lá o que, batem o pé que não, que não tem como dar errado (como não tinha naquele caos total, né?). E em questão de um estalar de dedo, seu trabalho volta a ser uma zona completa, onde você sabe que está sendo forçado a ser ineficiente, e trabalhar na constante zona.
Desculpe, mas não. Não dá pra trabalhar nesta catástrofe. Não da pra aceitar que temos que fazer o serviço mal feito porque alguns egos querem que seja desta forma. Não da pra aceitar que você veja seus resultados despencarem porque alguém impôs algo que não faz o menor sentido, ou porque algum outro setor, que não tem nada a ver comigo, não consegue cumprir sua parte. Não existe nada mais frustrante do que saber que você pode fazer algo muito melhor, mas tem alguém tentando impedir que você faça. Isso é o que me deixa mais desestimulado no trabalho.
E a partir do momento que você passa meses recebendo elogios de quase todos os seus colegas, que pessoas de outros setores admiram o que você faz, e que muita gente diz que você é indispensável para o bom andamento do serviço, não da pra pensar que eu estou sendo arrogante, egocêntrico ou briguento ao colocar tais pontos. Acho que já provei por todos os modos possíveis aquilo que sou capaz, o quanto consigo fazer com que as coisas andem com maior rapidez e eficiência. E acho que, depois de tanto tempo, e ter ajudado significativamente para a melhoria do serviço, posso dizer que sei exatamente o que estou falando, e o quanto estou frustrado em chegar a um ponto onde alguns burocratas parecem fazer força para que a coisa não ande.

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