sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Ailurófilo assumido

Eu confesso, sou um apaixonado incondicional por gatos. Desde pequeno. E já tenho consciência que este é um vício sem cura. E mesmo que tivesse uma, eu jamais iria querer que algum imbecil viesse me curar,

E ao longo destes meus míseros 28 anos de vida, ouvi um incontável número de vezes pessoas que jamais tiveram qualquer gato na vida dizerem que o gato é traiçoeiro, interesseiro, que ele não gosta das pessoas, só se apega ao lugar, e mais um caminhão de bobagens. A maior parte dessas pessoas gosta de cachorro, que é muito mais fácil de lidar. Nada contra os cãezinhos, mas, convenhamos, com um cachorro, você olhar pra ele, o bicho já quase se urina de tanta felicidade.

A diferença básica, é que o gato deve ser conquistado. Não adianta você querer estalar o dedo e esperar que o bichinho venha até você, todo feliz, achando que você é a pessoa mais importante do mundo. O gato só vai gostar de você, se você mostrar que merece que ele sinta isso por você. E como isto acontece? Primeiramente, você tem que gostar do gato.

Tive, ao longo da minha vida, quatro gatos. O primeiro deles, Mingau, um gatinho ciamês, ficou conosco seis meses, e sumiu. O segundo, meu gato preto, Oscar, viveu cinco anos conosco, até perder a vida de maneira misteriosa. O terceiro, Marx, durou um ano e meio, e sumiu, pois era muito bonito, e mais “dado” do que a maioria dos gatos. E o quarto, o Gordo, um persa legítimo, está comigo há mais de cinco anos.

Desde pequeno, eu acostumei o gato com carinhos, afagos, e palavras de agrado. O acostumei a estar sempre com a minha presença. Deixei que ele trafegasse livremente pela casa, especialmente pelo meu quarto. O regrei com relação à comida, hora do leite, e tudo aquilo que poderia ou não comer. E é impressionante o quão inteligentes estes bichos são. Ele sabe que por volta das 22h00 é hora de tomar leite. Sabe que não deve jamais subir na mesa, e muito menos nas cadeiras da cozinha (e olha que eu nunca esinei). Sabe o lugar de fazer suas necessidades. E mais incrível, sabe do meu humor só com o tom da minha voz.

As pessoas que convivem comigo, se espantam ao ver que o gato me segue pela casa inteira. Pode ter comida ou não comigo ( maior parte das vezes não tem, ou quando tem, é mais fruta do que qualquer outra coisa). Ele, se tem medo e não tem onde se esconder, corre para trás de mim. Se eu me mexo, ele vai atrás. Quando eu coloca a chave na fechadura, chegando em casa, ele se posiciona na porta. Dorme todas as noites ao meu lado, e quando o despertador me acorda, ele já está sentado, olhando pra mim, porque ele sabe que eu irei agradá-lo, como primeiro ato do dia.

Eu posso pegá-lo no colo, andar com ele pela casa, e ele até é capaz de dormir. Pelo que vejo, é mais ou menos a mesma reação que têm os cachorros, com os seus donos. E não é um caso particular do Gordo, pois o Oscar era ainda pior, miando até quando me via na rua, enquanto o Marx fazia tudo isso com o meu pai. Do mesmo jeito que fazem os gatos da minha namorada, com a mãe dela.

Ou seja, o gato requer mais paciência, e requer um “adestramento” melhor, pois ele será aquilo que você trasnformá-lo, assim como um filho. Se você der carinho e amor, ele sempre será um gato carinhoso, tranqüilo e extremamente companheiro. Se ensina-lo a ser agitado, ele sempre o será. E se for agressivo com ele, ele retribuirá da mesma forma. E isso é o que mais me fascina nos gatos: você tem que agir, tem que fazer por merecer as ações deste fabuloso animal. E ver que o bichano te segue por todos os lados, ronrona quando te vê, dorme ao seu lado, é um prêmio incrível. Não importa se eu tive um dia ruim, se eu estiver fedendo, se estou com a mente em outro lugar, ele sempre estará ali. Ele sempre está ali.

Mas, infelizmente, ainda veremos muitos boca-aberta dizerem que gatos são traiçoeiros, interesseiros, frios.... engraçado que eu sempre pensei isso de uma outra raça...

2 comentários:

  1. Posso presumir, mas não garantir, que você se refira à raça humana no último parágrafo, o que não é suficiente para eu concluir que sua ailurofilia se mescla com alguma misantropia, claro que não. Mas achei seu texto bem redigido, como tal.

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  2. Li o texto todo, mas acho que este blog está abandonado. Pena. Sou pai de dezesseis. 🐈

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