quinta-feira, 26 de julho de 2018

DAS DIVERSAS FORMAS DE AMAR – DE CIMA PRA BAIXO


Ando participando de uma centena de discussões sobre a necessidade de permanecer com o bebê no colo durante a infância, diante de uma possível necessidade que ele teria de sentir-se seguro o tempo todo pelos pais, para que não cresça uma criança insegura, frustrada e depressiva. Sem entrar no mérito dessa questão, a qual critico bastante, já me vi diante de um furacão impensável por coisas como essas, inclusive nos sentimentos envolvendo o amor que se tem por um filho.
Acredito piamente na liberdade e na independência. Não acho legal nem mesmo o termo “meu” filho. Isso cria uma ideia de posse. Não tenho pessoas, nem pertenço a ninguém. Existe uma necessidade física e biológica, por um longo tempo, de proteger, sustentar e garantir uma formação intelectual a um ser, até que ele seja plenamente capaz de seguir por si só.
Desde que meu filho nasceu, entrei em um looping sem fim de preocupações. Não só em ações para criar um ser humano ético, honesto e responsável, que assuma seus erros e saiba lidar com frustrações, mas que seja um cara feliz, bem como com as preocupações financeiras, que envolvem sustento, estudos, moradia, roupa, etc. Pode parecer besteira, mas pra quem tem um transtorno de ansiedade generalizado, isso é uma forma bem intensa de se auto torturar por meses.
Nesse sentido, guiei muito tempo estudando pra conseguir um trabalho melhor. Sacrifiquei muita coisa, inclusive horas de sono, para atingir um objetivo maior. Da mesma forma que a mãe do meu filho deixou de dormir pra conseguir amamentar, fazer o pequeno dormir, trocar fraldas, etc.
Assumi inteiramente a responsabilidade da casa, da comida, de compras externas. Tomei como absolutamente necessárias certas responsabilidades para um bem maior. Algumas se mostraram exageradas, outras não. Sempre funciona assim. Tudo no anseio de criar uma estrutura diária para que não falte nada.
Admito: não gosto de ficar pegando no colo. Não fico pegando as minhas gatas, nem qualquer outro gato que tive. Não gosto de ficar agarrando demais. Mas adoro o sorriso, a risada, adoro as brincadeiras. Estou ansioso ao extremo pra ver o pequeno andando pela casa, brincando sozinho, pegando o garfo e comendo a própria comida, sem ajuda de ninguém. Imagino ele querendo andar de bicicleta, ralando o joelho, saindo pra jogar bola com os amigos (espero que num mundo caótico como esses ele tenha essa oportunidade).
O que eu sinto envolve uma pessoa livre, feliz, realizada e que tenha um profundo respeito e empatia pelas pessoas. Alguém que tenha capacidade de buscar informações, que não seja manipulado, tenha suas próprias decisões, opiniões, que saiba debater, inclusive com os pais. Alguém que quando levar um baita tombo da vida, e isso acontece com todo mundo, tenha forças e vontade pra se levantar e tentar de novo, até conseguir.
Respeito seu direito a defender certas ideias e teorias de todas as formas que envolvam amor, maneiras de representar, de se expressar. Mas não consigo imaginar um amor maior do que o fato de você desejar de todo o coração, e propiciar da melhor forma possível, que seu filho, ou quem você ame profundamente, seja alguém imensamente feliz.

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