quinta-feira, 26 de julho de 2018

GRUPOS – UM MAL NECESSÁRIO?


Estou há algum tempo acompanhamento manifestações, pensamentos e ações de diversos grupos com os quais me identifico, especialmente com a ATEA, um grupo muito bom destinado a ateísmo. Mas sempre pela internet. Gosto de boa parte das ideias, mas discordo de outra parte.
Faço o mesmo com alguns grupos políticos, relacionados a animais, e de diversos outros assuntos que adoro. Gosto da troca de informações, mas não consigo me sentir totalmente afinado com todas as ideias que estes grupos apresentam. Tenho constantes discordâncias que me fazem de vez em quando querer distância.
Pelo que tenho observado, a ideia inicial de fixar-se em um grupo, seja do que for, vem do fato de dividir informações, experiências, buscar o mesmo objetivo. Coisas nobres e que todos nós precisamos. Porém, a realidade é bem diferente. Pessoas com o mesmo pensamento, agindo em grupo, têm uma tendência imensa a se tornarem radicais e intolerantes.
Talvez por terem as mesmas críticas, por odiarem as mesmas coisas, as mesmas pessoas, um pensamento mais aflorado pode levar ao mesmo de várias outras pessoas. Um grupo de pessoas mais emotiva, guiando seu ódio para um ponto comum, é o primeiro passo para um ódio coletivo.
O que vemos é um grupo de pessoas, que individualmente, seriam pessoas pacíficas, tranquilas e estariam com bom relacionamento com todos. Mas se reúnem e se tornem incrivelmente raivosas, agindo de forma intempestiva, como nunca sonharam em fazer.
Assim ocorre com grupos religiosos, com torcidas de futebol, com grupos políticos, com grupos ideológicos... passamos a uma criação de inimigos, de pessoas que na maior parte das vezes simplesmente pensa diferente. Ou que, se agir de forma agressiva ou prejudicial, não terá muito efeito prático a tentativa de aniquilar este tipo de pensamento transformando quem segue algumas ideias em demônios.
Particularmente adoro a diversidade. Acho que temos muito a aprender com pensamentos opostos. Não por outro motivo, apesar de ser ateu, meu melhor amigo, de cerca de 30 anos, é evangélico. Da mesma forma que, sendo um militante de esquerda, tenho grandes amigos, de infância, que são adeptos ao liberalismo econômico, ou filiados a grupos políticos de direita. Alguns desses amigos são pagodeiros e fãs de todo tipo de música popular de fácil digestão, enquanto eu sou um fã incondicional de heavy metal.
É bem verdade que já tive altas tretas com estas pessoas, porque muitas vezes as ideias são diametralmente opostas. Mas acredito que ter grandes pessoas ao meu lado que pensam tão diferente, me ajuda a não me tornar um idiota por completo. Saber que mesmo pensamentos que eu considero errado não fazem com que as pessoas sejam ruins. E saber que existe sim, muita coisa boa em pessoas que acreditam em coisas que eu acho idiotas.
Pessoas pensam diferente, expõe ideias diferentes, críticas mais ácidas. Ao longo dos tempos, os ideias filosóficos da humanidade mudaram. A ética mudou. As condutas sociais mudaram. As leis mudaram. Nada disso seria possível se não fossem forças e ideias antagônicas buscando o equilíbrio.
Você não tem ideia do quanto tem a evoluir ao trocar boas ideias com que pensa extremamente diferente de você. E tem menos ideia ainda, de quanto isso pode manter sua mente e seu coração aberto, a entender que somos todos seres humanos, imperfeitos, em busca de evolução, que apenas acreditam estar defendendo aquilo que é realmente melhor para todos.

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