quinta-feira, 26 de julho de 2018

DAS MUITAS FORMAS DE AMAR


Fico imaginando aquela cena do casalzinho sorridente, na beira da praia, acompanhando o pôr do sol, agarrados, passando horas ali, sem dizer nada. Uma cena romântica, comovente, palpitante... e irritante!
Não gosto de praia, tenho uma capacidade quase inexistente de ficar quieto e sinto um calor sobreumano. Dessa forma, este tipo de cena pra mim seria um final típico de um filme de terror com sofrimento absurdo.
Isso me faz pensar sobre o conceito adotado como amor. Você precisa necessariamente ser carinhoso, tocar o tempo todo, beijar o tempo todo, dar presentes, acompanhar, ter ciúme, pra acreditarem que você ama alguém.
Um completo absurdo. Primeiramente porque padronizar representação de sentimentos é algo que fugiria até mesmo ao conceito de humano. Pessoas diferentes se expressam de forma diferente, demonstram o que sentem de forma diferente, têm objetivos de vida diferentes.
Não imagino como alguém pode simplesmente sobreviver de abraços. Não que seja ruim, mas existem outras coisas na vida. Você tem que trabalhar, cuidar da sua casa, da comida, dos filhos, dos animais... a rotina de tarefas é tão grande, que chega a ser impensável viver um sonho romântico de ficar um tempão agarrado com alguém.
O fato de você se preocupar com uma pessoa acima de tudo, a ponto de deixar uma casa completamente limpa e organizada para que ela possa se dedicar a alguma outra tarefa, igualmente importante, como cuidar de um filho, não é uma grande prova de amor? A pessoa saber que existe um apoio estrutural incondicional para que ela possa agir de acordo com o que ela acredita ser o mais adequado? Sabendo que pequenas e árduas tarefas estão sob controle? Saber que alguém se preocupa o tempo todo em deixar a comida pronta, tentando ao máximo acertar o tempero preferido, comprando os doces, frutas e sucos que a pessoa gosta? Não uma vez, não duas, não uma pequena temporada, mas por anos e anos.
Estimular alguém que cuide de sua saúde, que procure tratar seus problemas emocionais, físicos, não é uma grande prova de amor? Estimular a pessoa a ser alguém melhorar, mantendo foco em estudos, em uma carreira profissional organizada e sólida, não é uma prova de amor? Não só “permitir”, como estimular que a pessoa tenha sua vida com seus amigos, que mantenha um bom contato social, vivendo sua vida, mesmo quando você não queira sair de casa, não é uma prova cabulosa de amor, num mundo assolado por ciúme doentio?
Não vou dizer que critico pessoas que sentem essa necessidade enorme de contato o tempo todo. Entendo que é uma das formas de se demonstrar amor e carinho por alguém. Mas uma, apenas. Existem centenas de maneiras de se demonstrar afeto, amor e preocupação com as pessoas. Nem sempre da maneira que achamos a melhor. Mas todas deveriam ser válidas, e igualmente admiradas.

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