Há muito tempo venho ouvindo alguns
grupos na sociedade se colocarem contrários ao emprego de direitos humanos para
presos por crimes contra a vida ou crimes hediondos. Guiados por uma revolta
extremada, essas pessoas pregam vingança contra criminosos, seja matando todos,
seja criando mecanismos de tortura e dor que o façam sofrer algo pior do que empregaram à vítima. Estamos voltando
cada dia mais em nossa consciência para a lei de Talião.
Eu presenciei o que é perder um ente
querido, e o quanto isso destrói completamente a estrutura de toda uma família.
Sei como é a dor diária da ausência. E por isso acredito que tenho todas as
condições de afirmar categoricamente aqui que esse “vingancismo” é estúpido,
sem sentido, e só nos levará aos dias sombrios de, no máximo, uma Idade Média.
A solução da criminalidade não passa,
jamais, por um imediatismo pautado em rancor e ódio. Dizer que matar criminosos
irá resolver os problemas é uma baita falta de conhecimento sobre nossa própria
história, e sobre a realidade de países que ainda insistem em adotar esta pena
sem sentido.
Muitos fatores podem levar pessoas a
cometerem crimes. Primeiro, e mais comum
de todos, é o fato social. Um sujeito que vive a vida toda em local propício
para o crime, que passa a vida lutando apenas para sobreviver, que por vias
honestas tem um dificuldade tremenda pra conseguir qualquer coisa, e de repente
vê no crime um salto para conseguir o que ele provavelmente jamais conseguiria,
não pode ser culpado único de uma situação que ele não criou.
É necessário investir em educação, em
saneamento básico, saúde, segurança, e principalmente, dar a todos as mesmas
oportunidades, para que possamos diminuir sensivelmente este índice de crimes,
que cresce em progressão geométrica. Claro, não é suficiente para zerarmos os
números, mas quanto menos oportunidades as pessoas tiverem para entrarem neste
universo, maiores serão as chances de termos uma vida mais pacífica.
Outro fato importante é a estrutura
familiar. Famílias desunidas, com pais problemáticos, viciados ou frios e duros
demais tendem a gerar revolta em seus filhos. E estas revoltas poderão ser
externadas de diversas maneiras: a pessoa poderá se tornar tão fria quanto os
pais, poderá se envolver com drogas ou com bebidas, poderá se tornar o tipo de
pessoa sem auto estima e se tornar um “fracassado”, assim como poderá trazer
suas frustrações para o mundo do crime.
Por fim, acredito piamente que muitas
atitudes criminosas são frutos de problemas psicológicos. Não dizer que o
sujeito é maluco, mas sim que devido à nossa vida em sociedade, muita gente
acaba por perder, mesmo que parcialmente, o seu juízo perfeito. Basta ver a
loucura que vivemos para irmos trabalhar todos os dias, enfrentando condução
lotada, pagando caro pra tudo quanto é serviço que temos que usar. Ver quem
nunca esteve com parentes doentes e teve seu atendimento retardado ou negado
por hospitais, especialmente os hospitais privados. Ou quem chegou em casa
extremamente cansado e teve que aguentar a madrugada toda aquele maldito
vizinho funkeiro que ligou sua música no último volume e não deixou ninguém
dormir. Entre tantas outras situações extremas que somos obrigados a viver.
Certamente muitos de nós, pra não
dizer todos, sentimos uma vontade incontrolável de esmurrar quem causa esses
problemas, pelo menos a ponto de arrancar no braço todos os seus dentes. O que
te faz pensar que muita gente perde completamente o limite e acaba por fazer
isso, ou coisa pior. Basta olhar a realidade em que vivemos, e como as coisas
acontecem.
Centenas de pessoas procuram
psiquiatras para controlar emoções que se tornaram incontroláveis, sendo
obrigadas a tomar remédio por muito tempo. Alguns choram, outros gritam, outros
não conseguem dormir. Por que não da pra entender que muitas pessoas perdem a
capacidade de controlar até mesmo seu instinto mais animal?
Por todas essas razões acredito que
nossa sociedade vive primordialmente uma crise intelectual, incapaz de analisar
de maneira completa a situação em que vivemos, propondo soluções simples,
arcaicas e desumanas, para fatos que estão inseridos num contexto muito
complexo. O que, consequentemente, não trará qualquer tipo de melhoria para
ninguém.
Acredito que, ainda mais lidando com
cristãos, não temos o direito de tirar a humanidade de ninguém, por pior que
seja a pessoa. Tratá-la de maneira degradante só vai fazer com que ela, ou
todos os que o cercam e agem da mesma forma, só piorem. Tratar criminosos como
animais, humilhá-los ou trazer uma dor desmedida não é ruim somente pra eles, é
ruim para nós, pessoas honestas, que estamos ajudando a fomentar um ódio ainda
maior, um ainda maior sentimento de vingança e, pior, estamos nos tornando tão
criminosos e animais quanto quem criticamos. E consequentemente, perdendo inclusive
nossa condição de seres humanos.
kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
ResponderExcluirSe estas defendendo ainda os bandidos, então merece ser de anovo alvejado por bandidos! Es um covarde e liberasta frouxo!
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