segunda-feira, 7 de novembro de 2011

O maldito transporte público


Quando vemos uma reportagem sobre um grande problema que enfrentamos, até mais felizes, em saber que muita gente passa pelo mesmo problema. Não felizes em ver gente sofrendo, mas em saber que as vozes são múltiplas. No caso dos transportes públicos, o caso nem mais é de alegria, e sim de frustração, pois sabemos que virão centenas de denúncias, e a merda só aumenta. E vendo o caso do metrô, da pra ter certeza que vai ficando cada dia pior.
Faz tempo que não tenho a rotina de andar de ônibus, especialmente em horário de pico. Fazia muito isso entre 2004 e 2006, pegando da zona norte até o centro de São Paulo. Aquilo era uma coisa de gente doida: um monte de pessoa espremida até na alma, sem conseguir chegar da catraca até a saída, pagando caro, com conforto zero, inclusive para os poucos que conseguiam sentar, e ainda por cima sacudindo a viagem inteira.
O problema é que o metrô ficou um lixo igual ou pior: cada dia mais e mais lotado, com gente mal educada por todo lado, intermináveis e constantes falhas nos trens e estações, paradas inexplicáveis no meio do caminho, e atrasos, num sistema que não enfrenta congestionamento. Apesar de ser muito melhor em termos técnicos, e mais rápido, o metrô ainda é um pouco mais barato que o ônibus.
Pra quem escolhe carro próprio, com certeza o conforto será maior, com maior liberdade para agir e sentar como quiser, ouvir a música que quiser. Mas o custo é maior, e a dor de cabeça é proporcional, pois não há um dia em São Paulo que não pegamos um baita trânsito, tendo de encarar uma legião de motoristas mal preparados e perigosos. E em geral, demora-se um pouco mais.
De bicicleta, bem mais econômico, bem mais saudável, mas em geral, a distância dos lugares em São Paulo é enorme, e por isso não costuma ser tão viável assim andar com tal veículo por todos os lugares da cidade. Além disso, o respeito dos motoristas por ciclistas e pedestres tende a zero, o que torna este meio de transporte um dos mais perigosos.
Ou seja: chegamos a um beco sem saída. Todos são caros, e de péssima qualidade. Não há como escapar do estress que é chegar ao trabalho todos os dias. Especialmente nos dias que estamos atrasados (e numa cidade como São Paulo, não tem coisa mais comum). Em geral, agente costuma chegar ao trabalho já cansado, muito nervoso, e indisposto. Eu, por exemplo, já chego doido de vontade de tomar um café bem forte, e dormir um pouco. Infelizmente, só a primeira opção é possível, na maioria dos dias.
Com isso, concluo que as empresas são mais burras do que o povo, pois financiam campanhas para prefeito, governador, presidente, mas não pressionam para melhoria destes veículos. Seus funcionários, que irão trabalhar todos os dias, na maioria em horário de pico, estarão com rendimento comprometido por causa desse nervoso. Obviamente, pessoas qualificadas conseguem superar obstáculos, mas não da pra imaginar o quanto da qualidade acaba se perdendo por causa de nervoso e cansaço com a viagem. Se isso fosse corrigido, provavelmente teríamos serviços bem superiores.
Daí começamos a pensar sobre a Copa do Mundo no Brasil. Suecos, húngaros, australianos, americanos... todo mundo pegando a linha vermelha do metrô, cheio de bandeiras e apetrechos, pra ir pro Itaquerão, assistir sua seleção. Demorando meia hora pra entrar no trem, sem conseguir respirar, ouvindo todo tipo de gritaria, correndo risco de ser assaltado, e chegando atrasado pro jogo. Vai ser uma beleza!

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