segunda-feira, 25 de julho de 2016

O IMPÉRIO DO RADICALISMO

A possível subida de Donald Trump ao poder na maior nação do planeta, bem como a ascensão do Estado Islâmico no mundo muçulmanos tornaram-se preocupantes marcos da ações radicais, de conseqüências claras e gravíssimas. Mas de forma alguma, são as únicas.
Talvez por graves e seqüenciais crises econômicas, associadas a uma infindável intolerância religiosa que existe desde que existem as religiões, as pessoas passaram a tomar rumos cada dia mais extremos em suas formas de pensamento.
O radicalismo de direita é visível diante de governos de esquerda que agiram em alguns países do mundo: Donald Trump nos EUA, a saída do Reino Unido da União Europeia, o Estado Islâmico. No Brasil, o imbecil movimento separatista do Estado de São Paulo; apoio a ações extremas da polícia; culpa de problemas a movimentos sociais, etc.
Mas existe também um crescente e proporcional radicalismo de esquerda, como vemos na Venezuela, ou em apoio irrestrito a políticos condenados do PT, com pagamento de fiança ou contas pessoais por partidários do povo, etc. A diferença é que, como o momento global tornou-se propício ao crescimento da direita, o radicalismo de esquerda é bem mais fraco, em termos de ações.
Como um pensador de esquerda, acredito que as soluções ali propostas são mais plausíveis para igualdade social. Mas ser de esquerda não quer dizer que eu seja comunista, bolivariano ou qualquer coisa do tipo. Acredito que, a tentativa de chegar à justiça social não exclui necessariamente o capitalismo. E mesma que seja o objetivo final, ainda devemos lembrar que este sistema econômica é o preferido pela maioria das pessoas, sejam devidamente instruídas ou não. Não vejo qualquer lógica em impor uma revolução para mudar isso à força. Seria mais uma forma de radicalismo.
Para qualquer pessoa que goste de estudos técnicos, de história, de filosofia, economia, geopolítica ou qualquer área do conhecimento, as idéias apresentadas por grandes nomes de cada área são fascinantes e essenciais. Para quem gosta de filosofia política, como não admirar Thomas Hobbes ou Nicolau Maquiavel, mesmo que suas idéias tenham sido contra qualquer tipo de liberdade? Como entender os pensamentos contrários, de Locke ou Montesquieu, se você não leu seus antagonistas, que inclusive foram a razão de suas criações?
Por que eu devo escolher entre Marx e Adam Smith, se ambos, dentro da área econômica, foram incrivelmente brilhantes e visionários, mesmo sendo radicalmente contrários? Como eu posso sequer criticar o comunismo se eu nem conheço as idéias que o criaram?
Até mesmo as pessoas que agem de forma intelectual pegam algumas idéias as usam como se fossem meros manuais de instrução. Se quer verificar isso, basta ver textos de economistas: adota-se um modelo contemporâneo e o aplica de forma integral, criticando os demais. Que porra é essa? Quando foi que um pensador, em qualquer momento da história, conseguiu acertar de forma integral alguma coisa? Todos os filósofos que eu citei, por exemplo, foram brilhantes, geniais e inovadores, mas todos apresentarem modelos que consideravam, e foram em seu tempo, soluções a grandes problemas, mas que ao serem implantados, confrontados com a realidade social e com sua intensa e inegável modificação, trouxeram erros grotescos, que precisaram ser corrigidos por outros pensadores ou técnicos, que contrariaram suas idéias.
Mas em nenhum momento houve certeza absoluta. Quer dizer, quem apresenta a idéia sempre tem certeza absoluta. Mas a prática mostra que nunca é assim. E isso ocorre porque a raça humana está em constante e eterna inovação e movimentação. As coisas mudam, as necessidades mudam. E atualmente numa velocidade frenética.
A falta de flexibilidade no diálogo com idéias diferentes, levados hoje a um status assustador e absurdo, cria única e exclusivamente novos problemas para o mundo. Não consigo mais enxergar lógica em textos de economistas, porque eles simplesmente são incapazes de se conectar com outras áreas e analisar problemas sociais de forma ampla. Não leio mais nada que venha de religiosos, porque eles acham que a palavra de Deus/Alá/Jeová/ou-a-puta-que-o-pariu-do-caralho são únicas, imutáveis e inquestionáveis.

E nisso, não temos sequer vislumbre de solução. Não temos sequer vislumbre de evolução. Pelo que pude observar nos últimos anos, estamos andando para trás.

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