segunda-feira, 25 de julho de 2016

ESTAMOS VIVENDO UM GOLPE DE ESTADO SIM!

Por algum tempo ensaiei e pesquisei muito sobre as leis utilizadas no impeachment corrente da presidente eleita, Dilma Roussef. A Lei do Impeachment, Lei de Responsabilidade Fiscal, Constituição. Em muitos aspectos as leis em questão são um tanto quanto ambíguas e de difícil interpretação, o que nos leva a soluções jurídicas diversas e possíveis. Tanto o é que a advogada dos golpistas utilizou-se de diversas teses, após ser devidamente paga para isso, para justificar o ato, bem como em análise do caso, o Ministério Público determinou que não há crime ocorrendo.
Já os juristas em análises técnicas apresentaram muitas teses diferentes, tanto contrárias quanto favoráveis. E no fundo, o problema no campo jurídico é exatamente esse: de acordo com as nossas leis é perfeitamente possível atingir interpretações absurdamente distintas, todas lógicas e perfeitamente dentro da lei. E é ainda mais comum hoje, para quem está dentro da área jurídica, defender teses mais absurdas, sem ser absurdo.
Desta forma, em termos legais, acabei por desistir de escrever qualquer tipo de teoria a respeito, pois seria mais uma dentre a enxurrada que existe, sendo eu um mero graduando do direito, que não possui todo o conhecimento que as análises já existentes possuem, o que significa que não tenho condições atualmente de escrever qualquer coisa tão boa sobre o assunto.
Mas o problema, é o que está em jogo, não é a idéia de cometimento de crime ou não. O problema maior é a nossa já frágil democracia, dentro de um processo que até agora tem se demonstrado totalmente lícito quanto à eleição da presidente, bem como sendo a escolha da maioria da população.
Em primeiro lugar, devo pontuar que minha opinião sobre o governo Dilma encontra-se entre os brasileiros que a consideram ruim ou péssima, diante de medidas desastrosas tomadas em diversas áreas, bem como sua incapacidade total em lidar com problemas políticos, numa país onde a sujeira desta área é de conhecimento público. Outro ponto importante é ressaltar que o PT, partido a qual ela foi eleita, é uma completa vergonha para quem tem o pensamento de esquerda. O partido vendeu a alma para sair-se vencedor do pleito, associou-se com corruptos, criou corruptos, defendeu corruptos, bem como tomou medidas totalmente voltadas à direita que, sem querer fazer um tipo qualquer de crítica ideológica, não foi escolhido, naquele determinado momento, para governar o país.
Dito isso, não faço qualquer questão de defender a escolha da presidente ou do partido para governar o país, até porque tenho defendido abertamente o voto em candidatos de partidos menores, até mesmo por nunca terem sido agraciados com a oportunidade, não sabendo se são ou não dignos de um bom governo.
O problema é que, numa eleição limpa, com pelo menos com sete opções de nomes para presidência de partidos e modelos governamentais diferentes, ela foi a escolha. No primeiro turno, com 40% dos votos, enquanto no segundo, com 51%, vencendo em ambos, de forma incontestável. Não foi minha escolha no primeiro turno, nem de longe, e acabou sendo minha no segundo para evitar a vitória de seu adversário, candidato que eu ainda acho o mais deplorável.
E não foi simplesmente a escolha de um nome, foi a de um grupo, que apresentou um determinado modelo de governo específico. Este modelo esteve a provas de críticas e rejeições, mas foi escolhido. A coligação da presidente, trazida com um vice e alguns nomes fortes, foi eleita pela maioria da população brasileira para governar o país de 2014 a 2018.
Caso a pessoa da presidente tenha cometida algum crime, julgada e condenada pela maioria, temos a mudança especificamente e unicamente da pessoa da presidente, e mais nada. Seu vice assume, mantendo o programa eleito pelo povo, na mesma coligação, com os mesmos nomes que eventualmente não tenham sido condenados ou mesmo acusados de crime algum.
E na nossa política, o que vimos, que de forma completamente aberratória, imoral e desavergonhada, foi uma mudança radical,  de um momento para outro, de um dos partidos que eram parte da coligação, movimentando-se para tirar o partido principal, associando com os PERDEDORES DO PLEITO,  em nome de um patética e criminosa justiça.
Daí em diante modificou-se a situação: o PSDB, partido que se mostrou mais imoral do nosso país, tornou-se poder, mesmo perdendo a eleição, por rejeição da maioria, virou governo, associado com sua coligação, igualmente perdedora, enquanto o PT, que foi o vencedor, virou oposição. Sem qualquer participação popular, sem qualquer nova eleição. Apenas numa manipulação sem qualquer medo de mostrar, com apoio de uma mídia podre e interesseira.
Uma manobra, sustentada por políticos, utilizando-se um eventual artigo de lei, para modificar o jogo de poderes, assumindo este sem precisar de qualquer tipo de escolha ou aprovação popular, na tentativa de impor suas “idéias”. Isso não tem outro nome, que não seja golpe. O que vivemos é um golpe de Estado, de forma inegável e descarada.
E nesse sentido acredito que há o direito inegável e altamente desejável das pessoas não quererem o PT no poder. A contrariedade é mais do que desejável numa democracia. Eu mesmo tento fazer as pessoas entenderem há anos sobre a desgraça que é o PSDB em São Paulo, sem muito sucesso. Agora daí a achar que as pessoas não sabem o que estão fazendo, e numa vontade individual e própria querer mudar as regras do jogo no meio deste, porque eu ou meu grupo não concordamos com a escolha da maioria, isso pra mim é pura sujeira. E não acredito que ninguém vá conseguir limpar algum tipo de merda fazendo merda.

Desta forma, se você é contra o PT, faça campanha contra ele, vote contra ele, mas não queira impor sua vontade aos outros, ou defender que ela seja imposta. É podridão demais.

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