quinta-feira, 23 de junho de 2011

Pastor é profissão?


Umas duas semanas atrás li uma notícia surpreendente: será aberto concurso público pra pastor de igreja evangélica. Depois de passar nas provas e títulos, os nomeados irão receber salário de R$8.000,00 para controlarem uma igreja. Mais do que a maioria esmagadora das profissões.
Essa notícia só não me deixou mais surpreso do que quando vi que R. Soares estava ofertando a possibilidade do dízimo em cartão de crédito. Uma grande facilidade para os evangélicos que não andam com dinheiro, ou querem doar de casa. Uma grande possibilidade de aumentar a arrecadação da igreja.
Quando você vê essas coisas, começa a pensar em como pode haver tanta gente pilantra nesse país, que realmente não tem o menor escrúpulo em ganhar dinheiro às custas da boa fé das pessoas. E como tem gente que realmente prefere se manter cega diante do inegável.
Mas o que mais me irrita é quando o cara fala que a profissão dele é ser pastor. A profissão do cara, o que ele ganha dinheiro fazendo, é pregar a fé para as pessoas. Uma coisa que ele deveria fazer por crença, por amar uma idéia, ele faz porque ganha dinheiro com isso.
Não tenho nada contra uma pessoa pregar alguma determinada doutrina para um público interessado em aprender sobre ela. Não tenho nada contra o cara desperdiçar algumas horas do dia para pregar, ou tentar melhorar a estrutura de sua igreja, sinagoga, mosteiro, ou seja lá o que for, pedindo ajuda para aqueles que compartilham suas idéias. Mas daí a ganhar dinheiro fazendo isso, já é demais.
Sim, eu sei, o cara precisa ganhar dinheiro. Eu também. Por isso acordo cedo todo dia, pego metrô lotado, e fico oito horas dentro de uma sala, repleta de processos, correndo de um lado para o outro. Minha paixão é pintar e criar, mas como não tenho o sustento que preciso aí, acabei escolhendo ganhar dinheiro no Tribunal. E eu gosto muito do que faço como Escrevente, faço com prazer. Mas não estou ganhando dinheiro com o que mais gosto.
E olha que pintar não iria enganar, nem explorar ninguém. Seria a produção de algo pessoal, somente. Da mesma forma que escrevo estes textos, pelo prazer de transformar minhas idéias em escritos. Mas ninguém precisa pagar pra eu fazer isso. E nem pra acessar o que penso.
Então, por que devemos pagar pra um cara “pregar a palavra de Deus”? Será que o simples fato de o cara “espalhar” a palavra, o amor de Deus, não são suficientes? Será que é tão difícil um cara destes arrumar um emprego, ganhar seu dinheiro, e realmente fazer da atividade de pastor uma profissão de fé? Ou será que o cara não vê tal atividade como fé pura? Será que pra ele a idéia é ter isso como profissão?
Então, irmão, é pra isso que você paga seu dízimo, pra que um pastor receba R$8.000,00 por mês.
Será que então eu posso ganhar dinheiro pregando o ateísmo?

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