domingo, 12 de abril de 2020

O PARTIDO PALEOLÍTICO


Analisando reportagens do site Congresso em Foco e do site O Antagonista, este último de direita, vi os partidos que mais votaram a favor do governo nesses últimos meses. Patriotas e Podemos, partidos criados para dar vazão à ultra direita, são os líderes, com o PSL em terceiro, partido que era do atual presidente. E no geral, algumas desagradáveis surpresas, de partidos como o PSDB, que apesar de ser de direita, sempre foi de uma direita moderada, pautado por direitos humanos mínimos, algo que está totalmente fora do atual governo.
Mas o mais surpreendente é ver o partido Novo ter votado a favor do governo em 71% das vezes. Sempre considerei esse partido uma nova forma de colocar ideias da direita. Pessoas novas na política, com novas ideias, até agora sem histórico de corrupção, seriam o contraposto ao PSOL, na tentativa de criação de um novo debate, altamente positivo, sobre como fazer política e como fazer uma sociedade. Eu estava enganado.
O Novo é novo apenas no nome. Esse partido é tudo o que representa o mais alto atraso e retrocesso que podemos observar. E eu deveria saber disso. Quando alguém se diz liberal na economia e conservador nos costumes, sabemos que a pessoa não consegue sequer entender o que está pregando. Não tem como você unir essas duas coisas. Se você é liberal, você sempre será. E mesmo nas coisas que você tenha uma opinião mais conservadora, jamais você irá tentar agir para tirar a liberdade dos demais.
Essa semana vi duas ações do Novo no Congresso que mostraram definitivamente quem são essas pessoas. Pra começar, votaram contra a proibição de incluir o nome de pessoas em serviços de proteção de crédito, como Serasa e SPC, enquanto durar a pandemia. Veja, essas pessoas, no geral, estão sem fontes  de renda, a não ser ajuda do governo. Em geral, estão preocupadas com o que comer. Logo, se mantiverem os empregos, com um governo que age contra, será um lucro. Então, você ainda permitir que ocorram ações para prejudicar a vida econômica dessas pessoas não é apenas uma ideia, é desumano e criminoso.
Em outro ponto o partido tentou aprovar corte dos salários de servidores públicos, em faixas entre 25% e 50%. Amparado por uma ideia popular que funcionário público ganha muito e não trabalha, o partido resolveu que para dar um jeito nas contas é sair cortando salário. No entanto, nunca vi esse partidinho de merda falar em taxação de grandes fortunas (será que é porque alguns dos líderes do partido são ricos?), nem em corte de mordomias e super salários, nem em mordomias a parlamentares. Apenas querem tirar do baixo clero, aqueles que ganham uma faixa de R$4.000 ou menos, o que, se você não percebeu, atualmente são 4 salários mínimos. Não sei bem o que tem de super nisso.
O partido trouxe, na voz do seu ex-presidente, Amoêdo, a ideia de que o Brasil precisava privatizar tudo. Para ele, em algumas entrevistas, nada deveria ser público. Se você tem alguma dúvida de quão idiota isso é, basta ver nossa realidade atual. Estamos vivendo uma crise tão absurda, que sem a ajuda do governo, nada irá sobreviver. Estamos agora desesperados por auxílio emergencial para trabalhadores, busca de soluções para diminuição de impostos e crédito para empresas, renegociação ou perdão de dívidas a Estados para que esses possam prestar auxilio ao povo. Tudo isso precisa de um governo forte, o que não temos no caso do Brasil.
E analisando as economias mais fortes do planeta, assim como os países com maior IDH, o Estado tem uma participação fortíssima e efetiva em todos os aspectos da vida. A Austrália, modelo liberal, tem cerca de 20% de sua população empregada no setor público, com valorização total desses profissionais. Alguns países nórdicos, como a Noruega, Suécia, Islândia, além de países como a Bélgica, entre os maiores IDHs do mundo, tem mais de 30% das pessoas empregadas no setor público. Com isso, você tem a geração de empregos e prestação melhor de todos os serviços ao povo. Isso é tão óbvio que nem deveria ser explicado. Mas para pessoas cujo interesse é pra lá de questionável, parece que precisamos desenhar.
Aí falamos de atuais integrantes do partido em ação. Zema e Salles são os mais importantes. Esse último dispensa maiores comentários. Ricardo Salles é a vergonha nacional em curso. Juntamente com o ministro da educação e nosso chanceler, são os ministros que mais fazem e falam merda em pouco tempo. Estão entre nossos motivos de vergonha nacional, que arrebentaram a imagem do país no exterior.
Já Romeu Zema é um Bolsonaro de grife. Grande parte das ideias do presidente são apoiadas de forma “bonitinha” pelo governador de Minas. Mesmo na crise atual, com uma pandemia mundial, Zema se recusa a se posicionar contra o presidente. Até tenta manter um bom relacionamento com os demais governadores, mantendo-se distante de polêmicas, mas basicamente não contraria o cara que foi seu alavancador de votos. Agora Zema defende a quebra do isolamento social, em nome da economia, segundo ele de forma progressiva, bem no momento que a curva de casos começa a crescer. Pra ele, foda-se a vida, o que importa é o luro. Até porque, quem morrer, pode ser substituído.
Assim, o partido Novo não tem nada de novo. É altamente reacionário, e declaradamente em busca do lucro. Não há uma única iniciativa, declaração, ação, que busque diminuir desigualdades sociais, que tenha  em mente a quebra de privilégios, redistribuição de renda. A única boa ação do partido até agora, no momento que deveria estar aparecendo como a real alternativa da direita, foi de votar contra o fundo partidário, o que deve ser elogiado. De resto, é sempre contra o povo e a favor do lucro.
Não há nada mais arcaico nesse país do que o  partido novo.

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