Analisando reportagens do site
Congresso em Foco e do site O Antagonista, este último de direita, vi os
partidos que mais votaram a favor do governo nesses últimos meses. Patriotas e
Podemos, partidos criados para dar vazão à ultra direita, são os líderes, com o
PSL em terceiro, partido que era do atual presidente. E no geral, algumas
desagradáveis surpresas, de partidos como o PSDB, que apesar de ser de direita,
sempre foi de uma direita moderada, pautado por direitos humanos mínimos, algo
que está totalmente fora do atual governo.
Mas o mais surpreendente é ver o
partido Novo ter votado a favor do governo em 71% das vezes. Sempre considerei
esse partido uma nova forma de colocar ideias da direita. Pessoas novas na
política, com novas ideias, até agora sem histórico de corrupção, seriam o
contraposto ao PSOL, na tentativa de criação de um novo debate, altamente
positivo, sobre como fazer política e como fazer uma sociedade. Eu estava
enganado.
O Novo é novo apenas no nome. Esse
partido é tudo o que representa o mais alto atraso e retrocesso que podemos
observar. E eu deveria saber disso. Quando alguém se diz liberal na economia e
conservador nos costumes, sabemos que a pessoa não consegue sequer entender o
que está pregando. Não tem como você unir essas duas coisas. Se você é liberal,
você sempre será. E mesmo nas coisas que você tenha uma opinião mais
conservadora, jamais você irá tentar agir para tirar a liberdade dos demais.
Essa semana vi duas ações do Novo no
Congresso que mostraram definitivamente quem são essas pessoas. Pra começar,
votaram contra a proibição de incluir o nome de pessoas em serviços de proteção
de crédito, como Serasa e SPC, enquanto durar a pandemia. Veja, essas pessoas,
no geral, estão sem fontes de renda, a
não ser ajuda do governo. Em geral, estão preocupadas com o que comer. Logo, se
mantiverem os empregos, com um governo que age contra, será um lucro. Então,
você ainda permitir que ocorram ações para prejudicar a vida econômica dessas
pessoas não é apenas uma ideia, é desumano e criminoso.
Em outro ponto o partido tentou
aprovar corte dos salários de servidores públicos, em faixas entre 25% e 50%.
Amparado por uma ideia popular que funcionário público ganha muito e não
trabalha, o partido resolveu que para dar um jeito nas contas é sair cortando
salário. No entanto, nunca vi esse partidinho de merda falar em taxação de
grandes fortunas (será que é porque alguns dos líderes do partido são ricos?),
nem em corte de mordomias e super salários, nem em mordomias a parlamentares.
Apenas querem tirar do baixo clero, aqueles que ganham uma faixa de R$4.000 ou
menos, o que, se você não percebeu, atualmente são 4 salários mínimos. Não sei
bem o que tem de super nisso.
O partido trouxe, na voz do seu
ex-presidente, Amoêdo, a ideia de que o Brasil precisava privatizar tudo. Para
ele, em algumas entrevistas, nada deveria ser público. Se você tem alguma
dúvida de quão idiota isso é, basta ver nossa realidade atual. Estamos vivendo
uma crise tão absurda, que sem a ajuda do governo, nada irá sobreviver. Estamos
agora desesperados por auxílio emergencial para trabalhadores, busca de
soluções para diminuição de impostos e crédito para empresas, renegociação ou
perdão de dívidas a Estados para que esses possam prestar auxilio ao povo. Tudo
isso precisa de um governo forte, o que não temos no caso do Brasil.
E analisando as economias mais fortes
do planeta, assim como os países com maior IDH, o Estado tem uma participação
fortíssima e efetiva em todos os aspectos da vida. A Austrália, modelo liberal,
tem cerca de 20% de sua população empregada no setor público, com valorização
total desses profissionais. Alguns países nórdicos, como a Noruega, Suécia,
Islândia, além de países como a Bélgica, entre os maiores IDHs do mundo, tem
mais de 30% das pessoas empregadas no setor público. Com isso, você tem a
geração de empregos e prestação melhor de todos os serviços ao povo. Isso é tão
óbvio que nem deveria ser explicado. Mas para pessoas cujo interesse é pra lá
de questionável, parece que precisamos desenhar.
Aí falamos de atuais integrantes do
partido em ação. Zema e Salles são os mais importantes. Esse último dispensa
maiores comentários. Ricardo Salles é a vergonha nacional em curso. Juntamente
com o ministro da educação e nosso chanceler, são os ministros que mais fazem e
falam merda em pouco tempo. Estão entre nossos motivos de vergonha nacional,
que arrebentaram a imagem do país no exterior.
Já Romeu Zema é um Bolsonaro de grife.
Grande parte das ideias do presidente são apoiadas de forma “bonitinha” pelo
governador de Minas. Mesmo na crise atual, com uma pandemia mundial, Zema se
recusa a se posicionar contra o presidente. Até tenta manter um bom
relacionamento com os demais governadores, mantendo-se distante de polêmicas,
mas basicamente não contraria o cara que foi seu alavancador de votos. Agora
Zema defende a quebra do isolamento social, em nome da economia, segundo ele de
forma progressiva, bem no momento que a curva de casos começa a crescer. Pra
ele, foda-se a vida, o que importa é o luro. Até porque, quem morrer, pode ser
substituído.
Assim, o partido Novo não tem nada de
novo. É altamente reacionário, e declaradamente em busca do lucro. Não há uma
única iniciativa, declaração, ação, que busque diminuir desigualdades sociais,
que tenha em mente a quebra de
privilégios, redistribuição de renda. A única boa ação do partido até agora, no
momento que deveria estar aparecendo como a real alternativa da direita, foi de
votar contra o fundo partidário, o que deve ser elogiado. De resto, é sempre
contra o povo e a favor do lucro.
Não há nada mais arcaico nesse país do
que o partido novo.
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