sábado, 25 de abril de 2020

AS ENCRENCAS DO VEGETARIANISMO


Ultimamente tenho encontrado algumas dificuldades inesperadas no fato de ter optado pelo vegetarianismo. Aliás, estou tentando migrar em definitivo para o veganismo, mas achar algo compatível com o queijo ta complicado. Fiz algumas tentativas, mas não deram tão certo. De qualquer forma, ainda não desisti.
Já escrevi tempos atrás o que me levou a tomar essa decisão. Tenho acho que mais amor pelos animais do que pela maioria dos seres humanos. Quando você começa a conhecer mais sobre as raças de animais para abate, pega ainda mais amor. Não é muito difícil você aumentar seu nível de compaixão, e se sentir muito triste com a dor desses animais.
E a dor desses animais nesse ciclo de criação para uma morte bizarra é o que mais incomoda. Quando você começa a conhecer mais a fundo isso, você percebe que o problema é desde comer, até compactuar com esse sofrimento. E minha decisão foi de não fazer mais parte disso.
Passei a ir em alguns encontros veganos, assisti palestras, vi documentários, vídeos... em nenhum momento tive qualquer dúvida que estava diante da melhor escolha da minha vida. Desde que tomei essa decisão, dia 04 de agosto de 2018, sempre tive a plena certeza que foi o maior acerto da minha vida. E desde então, tenho me tornado mais e mais adepto dessa causa.
Isso não quer dizer que eu fique perturbando o tempo todo as pessoas sobre isso. Posto algumas coisas em redes sociais, dada a democracia das pessoas olharem, aceitarem ou não, e sigo minhas decisões, de não ter mais contato. Nem ao menos para o meu filho preparo carnes. Se a mãe trouxer alguma pronta eu até dou, mas já há tempos não faz mais isso, porque ele sempre demonstrou não ser muito fã (o que é motivo de muita alegria pra mim).
Aí você tem, de um lado, idiotas como Pondé, que dizem que veganismo se tornou modinha, e mais um monte de gente que acha engraçado matar animais para fazer memes. E de outro, se tiver um mínimo de coragem de ir atrás, vídeos e mais vídeos de abate de animais. E acreditem, não tem nada de engraçado nisso.
Há alguns meses recebi um vídeo de um monte de porcos sendo levados dentro de um caminhão. Todos agrupados, amontoados, sem espaço, sem higiene. Muitos tremiam de medo, alguns mordiam as grades para tentar sair. Foi uma cena que me fez chorar. E nunca mais saiu da minha cabeça.
O abate de porco é uma das coisas mais cruéis e sanguinárias que existem, mostrando o nível de crueldade a que pode chegar o ser humano. Nenhuma consideração, ao menos com a dor, de um ser vivo. Não vou descrever aqui o processo, porque eu mesmo não tenho condições emocionais pra isso, mas é algo longo, cheio de dor e gritos. E quando você come isso, você come essa dor e sofrimento. Bacon é vida, de quem?
A vida das galinhas também não é muito melhor. Aquele monte de aves, amontoadas, ou vivendo em espaços confinados, para botarem ovos em massa, não se mexendo, apenas sendo alimentadas para procriar, e virarem comida. O abate dessas aves também não é nada engraçado. Menos impressionante que o do porco, mais não mais agradável.
Aí você vê um bezerro, um filhote de uma vaca, que nasce e é tirado da mãe, para que o leite seja destinado ao consumo humano. E esse pequeno bebê vai sofrer a dor da separação, vai chorar, vai gritar, e vai ficar amarrado num espaço mínimo, sem poder se mexer, apenas para ser sacrificado, de forma bárbara e cruel, para você fazer um churrasco com poucas partes dele. Eu fico imaginando mulheres sentindo essa benção com seus próprios filhos.
Por isso, quando pessoas vêm me dizer que eu sou radical ou cheio de frescura, como tenho escutado algumas vezes, eu fico pensando em como seria viver na pele uma história macabra dessas. Como seria ver seus filhos viver algo assim.
Dessa forma, tenho orgulho de não fazer mais parte disso. Vergonha de ter demorado tanto pra agir, mas orgulho de não fazer mais. Não participo de sofrimento desses animais, não consumo, não manipulo, não compro, nem pra mim, nem pra ninguém. Não tenho nas mãos nada que reflita essa dor. Nem roupas, nem produtos de higiene pessoal, nem marcas (claro, a não ser que eu não tenha conhecimento).
Fábio Chaves, no canal Vista-se, definiu o veganismo como a ação para evitar, dentro do máximo que for possível, qualquer forma de sofrimento animal que exista. É a tentativa total de não ter contato com isso. Difícil chegar ao 100%, mas sempre que possível evita-se. Esses seres sentem dor como todos. E sentem muito mais dor do que nós, por essa condição que são criados. E eu me recuso terminantemente a voltar a fazer parte disso.
Que o seu coração seja sempre maior que o seu estômago.

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