Ultimamente tenho encontrado algumas
dificuldades inesperadas no fato de ter optado pelo vegetarianismo. Aliás,
estou tentando migrar em definitivo para o veganismo, mas achar algo compatível
com o queijo ta complicado. Fiz algumas tentativas, mas não deram tão certo. De
qualquer forma, ainda não desisti.
Já escrevi tempos atrás o que me levou
a tomar essa decisão. Tenho acho que mais amor pelos animais do que pela
maioria dos seres humanos. Quando você começa a conhecer mais sobre as raças de
animais para abate, pega ainda mais amor. Não é muito difícil você aumentar seu
nível de compaixão, e se sentir muito triste com a dor desses animais.
E a dor desses animais nesse ciclo de
criação para uma morte bizarra é o que mais incomoda. Quando você começa a
conhecer mais a fundo isso, você percebe que o problema é desde comer, até
compactuar com esse sofrimento. E minha decisão foi de não fazer mais parte
disso.
Passei a ir em alguns encontros
veganos, assisti palestras, vi documentários, vídeos... em nenhum momento tive
qualquer dúvida que estava diante da melhor escolha da minha vida. Desde que
tomei essa decisão, dia 04 de agosto de 2018, sempre tive a plena certeza que
foi o maior acerto da minha vida. E desde então, tenho me tornado mais e mais
adepto dessa causa.
Isso não quer dizer que eu fique
perturbando o tempo todo as pessoas sobre isso. Posto algumas coisas em redes
sociais, dada a democracia das pessoas olharem, aceitarem ou não, e sigo minhas
decisões, de não ter mais contato. Nem ao menos para o meu filho preparo
carnes. Se a mãe trouxer alguma pronta eu até dou, mas já há tempos não faz
mais isso, porque ele sempre demonstrou não ser muito fã (o que é motivo de
muita alegria pra mim).
Aí você tem, de um lado, idiotas como
Pondé, que dizem que veganismo se tornou modinha, e mais um monte de gente que
acha engraçado matar animais para fazer memes. E de outro, se tiver um mínimo
de coragem de ir atrás, vídeos e mais vídeos de abate de animais. E acreditem,
não tem nada de engraçado nisso.
Há alguns meses recebi um vídeo de um
monte de porcos sendo levados dentro de um caminhão. Todos agrupados,
amontoados, sem espaço, sem higiene. Muitos tremiam de medo, alguns mordiam as
grades para tentar sair. Foi uma cena que me fez chorar. E nunca mais saiu da
minha cabeça.
O abate de porco é uma das coisas mais
cruéis e sanguinárias que existem, mostrando o nível de crueldade a que pode
chegar o ser humano. Nenhuma consideração, ao menos com a dor, de um ser vivo.
Não vou descrever aqui o processo, porque eu mesmo não tenho condições
emocionais pra isso, mas é algo longo, cheio de dor e gritos. E quando você
come isso, você come essa dor e sofrimento. Bacon é vida, de quem?
A vida das galinhas também não é muito
melhor. Aquele monte de aves, amontoadas, ou vivendo em espaços confinados,
para botarem ovos em massa, não se mexendo, apenas sendo alimentadas para
procriar, e virarem comida. O abate dessas aves também não é nada engraçado.
Menos impressionante que o do porco, mais não mais agradável.
Aí você vê um bezerro, um filhote de
uma vaca, que nasce e é tirado da mãe, para que o leite seja destinado ao
consumo humano. E esse pequeno bebê vai sofrer a dor da separação, vai chorar,
vai gritar, e vai ficar amarrado num espaço mínimo, sem poder se mexer, apenas
para ser sacrificado, de forma bárbara e cruel, para você fazer um churrasco
com poucas partes dele. Eu fico imaginando mulheres sentindo essa benção com
seus próprios filhos.
Por isso, quando pessoas vêm me dizer
que eu sou radical ou cheio de frescura, como tenho escutado algumas vezes, eu
fico pensando em como seria viver na pele uma história macabra dessas. Como
seria ver seus filhos viver algo assim.
Dessa forma, tenho orgulho de não
fazer mais parte disso. Vergonha de ter demorado tanto pra agir, mas orgulho de
não fazer mais. Não participo de sofrimento desses animais, não consumo, não
manipulo, não compro, nem pra mim, nem pra ninguém. Não tenho nas mãos nada que
reflita essa dor. Nem roupas, nem produtos de higiene pessoal, nem marcas
(claro, a não ser que eu não tenha conhecimento).
Fábio Chaves, no canal Vista-se,
definiu o veganismo como a ação para evitar, dentro do máximo que for possível,
qualquer forma de sofrimento animal que exista. É a tentativa total de não ter
contato com isso. Difícil chegar ao 100%, mas sempre que possível evita-se.
Esses seres sentem dor como todos. E sentem muito mais dor do que nós, por essa
condição que são criados. E eu me recuso terminantemente a voltar a fazer parte
disso.
Que o seu coração seja sempre maior
que o seu estômago.
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