terça-feira, 9 de outubro de 2018

O COISO E O PETRALHA


Como era de se esperar, já começaram as comparações de whatsup entre Bolsonaro e Haddad, no segundo turno das eleições presidenciais. Até o presente momento, pra mim, somente fake News, ou erros grosseiros nos planos de governo. Sendo assim, resolvi escrever sobre o que pesquisei ao longo desses meses, bem como o que vivi, como cidadão.
Pra começar, Haddad tem aproximadamente 15 anos dentro da política, a maior parte em cargos comissionados, como ministro de Estado. Foi prefeito de São Paulo, de 2012 a 2016, não se reelegendo. Já Bolsonaro é deputado há 27 anos, por seis partidos diferentes. Poucos projetos de lei federal de Haddad, até porque ele não foi eleito para cargo eletivo, sendo suas ações somente no Ministério. Também poucos de Bolsonaro, apenas dois aprovados, em quase três décadas de mandato.
Já comentamos aqui sobre todo o histórico podre do ex-militar, como homofobia, machismo, apoio a tortura, entre outros. Por outro lado, ações tão polêmicas não são encontradas no histórico de Haddad. Nunca vi nenhum tipo de atitude que desabonasse a conduta do petista para com qualquer grupo social ou etnia, nem apologia a crimes. Enquanto Bolsonaro quase saiu na porrada com a petista Maria do Rosário, por divergências políticas, Haddad teve um ótimo relacionamento com seus adversários, como vimos ao longo de seu mandato em relação ao governador Geraldo Alckimin.
No histórico do ex-militar, poucas ações que realmente viessem a beneficiar a quem ele idolatra: os militares. Até mesmo porque ele foi um dos favoráveis ao congelamento de gastos, que impacta direta e indiretamente na segurança pública. E falando em segurança, o cara votou a favor de projeto de lei que impede atendimento prioritário no SUS a mulheres vítimas de violência sexual, bem como quis diminuir o período de licença maternidade. Neste último caso, nem é novidade, pois sabemos que ele é abertamente favorável a que mulheres ganhem menos que homens, por ficarem grávidas.
Haddad por sua vez investiu firme em infraestrutura na cidade de São Paulo. Construiu mais de 400 km de ciclovia e implementou os corredores de ônibus. Ambos projetos muito criticados no início, mas que se mostraram excelentes ao longo da gestão. A ciclovia falo por experiência própria, por ser usuário há mais de três anos, de forma diária, vivenciado um aumento exponencial do número de usuários. Claro que ele cometeu um erro colossal ao não deixar clara sua intenção com essas ações, confundindo muito a cabeça do cidadão, que demorou demais pra entender o objetivo (alguns não entendem até hoje). Mas, Bruno Covas, substituto do péssimo João Dória, não só retomou o projeto, como tem como uma das metas de governo aumentar pra quase 1.500km de ciclovia. Projetos ruins não seriam triplicados por quem é oposição.
Bolsonaro afirma se a favor do liberalismo econômico, mas é um conservador extremo, o que é um absurdo contraditório. Em termos econômicos, menor intervenção do Estado na economia. O problema é que existe um bate cabeça com seu guru econômico. Enquanto este quer retomar a CPMF e unificar a alíquota de imposto de renda, de 20% pra todos, inclusive pra quem é de baixa renda, aquele o desautoriza. Ao mesmo tempo que seu vice, dentre tantas bobagens ditas, tem como intenção acabar com o 13º salário e o adicional de férias.  Via de regra na campanha todos dizem discursos bonitos e estimulantes para conquistar o eleitor, num entrosamento perfeito. O mais preocupante é ver que, já nesse ponto os caras estão se batendo, imagina como será no governo! E principalmente: qual deles irá vencer essa queda de braço? Imagine se tivermos um impeachment neste mandato.
Bolsonaro é declaradamente um perseguidor de homossexuais. Suas declarações são públicas e notórias, inclusive para a mídia internacional. Vai na contramão do mundo, que traz cada vez mais direitos à comunidade LGBT. O STF, por unanimidade, reconheceu a constitucionalidade da união homoafetiva, bem como o judiciário de forma quase unânime já garante o direito à mudança de sexo, à mudança de nome e ao respeito à suas escolhas. A grande maioria dos países desenvolvidos já aderiu a este caminho, bem como os países em desenvolvimento.
Mas podemos dizer que honestidade é uma da qualidades que só o ex-militar traz, não é mesmo? Bom, o PT abraçou um vergonhoso histórico de corrupção que da nojo em qualquer pessoa de bom senso e honestidade no país. José Dirceu é um ícone desse perfil, sendo condenado por um ministro declaradamente petista. Fora outros nomes condenados e presos, como é o caso do ex-presidente e maior líder do partido, Lula. E quase todos os partidos seguem esse linha, sendo difícil imaginar qual se salvaria, e se o candidato escolhido sobreviveria ileso a um grupo tão ruim, o que torna clara e irrefutável a rejeição ao PT, bem como aos partidos tradicionais do país.
Mas se engana quem pensa ser diferente Bolsonaro. Como citei, ele é político há 27 anos. E na grande maioria das vezes, fez parte de partidos envolvidos em governos, como é o caso do PP, de Maluf. Era aliado de Eduardo Cunha, um dos políticos com maior histórico de corrupção do país. Fora isso, seu ex-partido, PP, tem acusações de caixa 2, na campanha de sua própria eleição, situação em que ele acusa o partido de ter cometido o crime, não ele, como fazem todos. Colocou praticamente toda a família na política, sendo todos os filhos não-fraquejados integrantes de mandato eletivo, com aumento o patrimônio em quase 500%.
Sua ex-mulher foi candidata, derrotada, ao Congresso. Mulher esta que fugiu do Brasil, permanecendo fora, por muitos anos, porque segundo acusação oficial, o ex-marido e talvez líder maior da nação, ameaçou-a de morte. Tal fato gerou um processo judicial, que segundo ela, ocorreu no momento de raiva por fatos não verídicos (mas tudo bem, um processo como esses é rapidinho, só o tempo de você pensar melhor e se dar conta da merda que fez). Todos seus amigos fora do país já declararam que ela vivia com medo. Mas tudo terminou bem: um acordo, um carguinho público e não era bem isso. Bem no nível político que vivenciamos há tempos.
Com um longo texto, não da nem pra abranger todos os aspectos. Eu teria que fazer um tese de TCC. Até porque sobre Bolsonaro temos vídeos, reportagens, editoriais de mídias especializadas, inclusive fora do país. Abordar todos os problemas que o envolvem é missão ingrata. Também não da pra ser benevolente com seus adversários. Eles cometem erros grosseiros que justificam  a indignação dos eleitores. Não só do PT, como de todos os demais partidos. E têm uma dificuldade imensa em corrigir os erros, o que cria pouca expectativa de ver algo diferente em eventuais governos.
Mesmo assim, é uma eleição especial. O perigo do capitão ser presidente, em todos os aspectos, é um filme de terror. O potencial de destruição de Bolsonaro é uma realidade. Não só por suas ações, mas pelas mensagens que ele tem pregado, com a perseguição de minorias, agressão a homossexuais, submissão de mulheres, etc. Seus seguidores, que mais parecem religiosos fanáticos, trazem esses atos para a vida real, como já vimos várias e várias vezes. E infelizmente essa mensagem ficou mesmo se ele perder. Se ele vencer, será um aval a essa barbárie.
O que se conclui é que, temos escolhas péssimas. Não importa o resultado, sairemos derrotados. Mas sairemos ainda mais derrotados com a vitória do militar. Os militares, ao final do mandato, manterão um estigma negativo que não me parece mais ser justo. As ideias desse ser são retrógradas ao extremo. Não conservadoras, mas retrógradas e agressivas. Muitas pessoas estarão sob risco iminente à própria integridade física, caso ele não declare publicamente estar errado em suas declarações e faça seus seguidores agirem de forma pacífica. O mundo todo tem dado avisos, com conhecimento de causa. Cumpre a nós ter um pouco de humildade e bom senso, e evitar esse holocausto em nosso país.

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