sábado, 20 de agosto de 2011

Um bom tempo de sumiço


Fiquei cerca de seis meses sem saber qualquer notícia do André. O cara não respondia e-mail, nem sms, nada. Resolvi ligar pra casa dele pra saber se ele não estava em coma, e me passaram o celular dele de Rio Claro. Quando conversamos, ele me disse que tinha que deixar tudo em dia para o casamento. Então se programou por completo, pra não ter qualquer pendência em dezembro. Ele guiou sua vida e aceitou sacrifícios, pra conseguir cumprir com sua promessa no momento exato.
E isto tem ocorrido comigo nos últimos anos. Depois de longos anos de incertezas, depressão e problemas, consegui me recuperar, e aos poucos, crescer. Mas não foi sem esforço: horas e horas de estudos, entrevistas, entrega de currículos, aperfeiçoamento, etc. Praticamente deixei muita coisa de lado pra conseguir melhorar profissionalmente. E obviamente, estive sempre sem dinheiro.
Consegui passar no concurso de professor, e comecei a dar um rumo pra minha vida. Mas ainda assim trabalhava demais, e não ganhava bem. Então continuei estudando e me concentrando pra passar em outros concursos, por salários melhores. E depois de três tenebrosos e esfolantes anos, consegui ser nomeado Escrevente do Tribunal de Justiça. Salário melhor, e mais tranqüilidade, certo? Errado.
O sonho da minha noiva era casar, e com todo ritual que tem direito a noiva. Só que este ritual é bem caro (um carrinho popular, fácil). Isso significa que tive que fazer muitos sacrifícios financeiros ao lado dela, deixar de lado passeios, shows, viagens, etc. Guardamos dinheiro e começamos a pagar a paulada. Fora que foi um ano inteiro fazendo hora extra todo dia, exausto e com insônia.
Também conseguimos a realização da compra do nosso apartamento, pago em 24 parcelas na entrada, e o financiamento, que deverá ser de 20 anos. Muita coisa pra pagar, e muita coisa ainda por conquistar. E foi a isso que me dediquei nos últimos anos. Resolvi aceitar os sacrifícios e as dificuldades, para poder arrumar de vez a minha vida. Tinha a intenção de conquistar as coisas que nunca conquistei, e abri mão de tudo para conseguir tal objetivo.
Só que isso teve seu preço: as pessoas quase não me viram mais, exceto por e-mail, redes sociais e blog. E como não estava postando muita coisa exceto casamento, ficava difícil de saber se eu estava bem ou não. Pessoas da minha família chegaram a acreditar que eu simplesmente tinha desistido da família, e estava com raiva deles, ou coisa parecida. Meu pai, que mora numa cidade a 70 km de mim, coisa rápida, eu via uma vez a cada seis meses. O André, mais que isso. E meus amigos, que moram em São Paulo, se for uma vez por trimestre, é muito.
Nesse meio tempo dá saudade das reuniões, churrascos, reuniões pra jogar vídeo game. Dá saudade das viagens com a namorada, dá saudade de simplesmente resolver pegar o carro e ir passar o final de semana na casa de algum parente no interior. Nem no show do Helloween eu fui neste ano, pela primeira vez em dez anos! Foi dureza.
Mas o bom é ver as conquistas se realizando. Temos o nosso apartamento, chegaremos no fim do ano sem dívidas, e ainda temos ótimas chances de comprar um carro à vista. O casamento está indo de vento em popa, e como fizemos a maior parte das coisas, as pessoas começaram a reconhecer o trabalho, gostando do convite, e elogiando a originalidade. E o melhor é ver a felicidade das pessoas, vendo que não era mentira, e que eu só me afastei porque eu realmente tive que fazer uma escolha, e naquele momento, precisava mesmo pensar em mim.
Fico feliz que depois de todo o sacrifício, as coisas estejam caminhando para um desfecho positivo, com ótimas perspectivas para o futuro. E hoje tenho certeza que temos que ralar muito, muito mesmo pelos nossos sonhos, mas se acreditamos de verdade em que estamos perseguindo, mesmo que demore alguns anos, o esforço no final vale a pena.

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