sexta-feira, 19 de abril de 2019

AINDA TEMOS QUE FALAR SOBRE A DITADURA?


Em 1985 terminamos um período sombrio. Pessoas foram torturadas e assassinadas, sob a justificativa de serem inimigas e conspirarem contra o governo. Em 1988 foi promulgada nossa Constituição, não perfeita, mas que trazia direitos que não poderiam ser alterados, especialmente a liberdade de expressão e de manifestação.
Em 2019 temos que ver uma série de pessoas defendendo o que ocorreu no período de 1964 a 1985. É como pensar que toda a memória macabra daquele período tivesse sido apagada e de repente as pessoas quisessem voltar a um período de sofrimento e dor, onde somente um ponto de vista prevalece.
Oficialmente quase 500 pessoas foram assassinadas pelo governo. Umas 6000 foram torturadas. Mas muita gente sumiu. Todos sob o argumento de quererem implantar uma ditadura comunista no Brasil. Algo que jamais foi comprovado. Algo que era meramente uma conjectura.
Mas é quase doente você pensar que pra impedir uma ditadura assassina, você implanta uma ditadura assassina. Se você não apoia o extremismo militar, nem o extremismo comunista, você corre risco de vida em qualquer que seja o vencedor. Totalmente insano.
Aliás, não vejo qualquer diferença de posturas em ditaduras pelo mundo. As declarações de Nicolas Maduro, presidente da Venezuela, eleito sob forte suspeita de fraude, são exatamente as mesmas das pessoas que defendem a ditadura militar brasileira. Ele prendeu o prefeito de Caracas, sob alegação que ele conspirava contra o governo. Expulsou pessoas, cassou direitos políticos... difícil não imaginar que não matou e torturou ninguém, uma vez que a liberdade de imprensa não existe por lá. E o maior argumento é que a revolução venezuela está em risco. Sem a menor dúvida você já ouviu algum defensor da ditadura dizer esse tipo de coisa.
Eu não sei se podemos identificar alguma coisa no regime ditatorial. Tem gente que aponta bons índices na economia, o que é fortemanente criticado por muitos outros, também com muitos dados. Mas o fato é que pessoas foram assassinadas pelo governo. O crime? Ser comunista. Sim, se você seguisse uma orientação política ou ideológica diferente daquela que o governo considerava a correta, provavelmente sua vida chegaria ao fim.
Não sei se o comunismo é bom ou ruim, mas é direito de cada pessoa seguir o que ela quiser. Se quiser ser comunista, a consciência é dela. Do mesmo jeito que quem admira o mais selvagem dos estilos capitalistas (conhecido hoje como liberalismo). Seguir ideias não deveria ser considerado crime em nenhuma circunstância. Mas em um regime ditatorial, é.
Militares foram mortos porque discordavam desse terrorismo. Pessoas comuns foram mortas. Crianças foram torturadas porque os pais seguiam ideias que eram consideradas comunistas. E eu fico imaginando que, num governo desse tipo, eu seria taxado de comunista. Logo, correria o risco de ver meu filho torturado porque esses doentes mentais psicopatas considerariam aquilo que eu penso ser certo, como crime. Existe algum ponto de vista em que se possa defender isso?
O regime militar brasileiro, mais conhecido como ditadura, é um regime de psicopatas. Assassinos colocados no poder para perseguir e matar pessoas pelo que elas pensavam. Criminosos, que jamais foram punidos pelos seus crimes. Nós tivemos comandando nosso país um pouco do pior lixo que poderia aparecer. E tem gente que sente saudade desses maníacos.
Sinceramente, não sei se lamento pela atitude, ou se lamento pelo tipo de coração sombrio que tem uma pessoa que acha minimamente certo matar e torturar. Especialmente quando o assunto envolve crianças. Isso só pode ser doença.


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