O
anúncio da saída do PR da base governista é também a declaração mais descarada
que já tive conhecimento de que nossos políticos não agem senão por interesse.
Apesar de representar um partido pequeno e inexpressivo, deixou claro como
funcionam as coisas no mundo da política.
Desde
que me entendo por gente, vejo alianças construídas sem qualquer ideologia
política. Praticamente bases de governos e noções de administração são
ignoradas em função do aumento de poder. Pra começar, um partido inicialmente
criado de esquerda e com uma filosofia voltada para justiça social, como foi o
PSDB, alia-se ao PFL, que tem em sua estrutura toda a herança da ditadura, além
dos criminosos que fizeram parte daquele período, perdoados pela justiça. É a
afirmação clássica que a política é apenas poder no Brasil.
Agora,
vemos uma imensa crise entre partidos, insatisfeitos com a quantidade de cargos
de alto escalão que possuem. O PMDB deixa claro que pra continuar apoiando o
governo Dilma quer mais Ministérios. Face disso, impôs a ela uma derrota
incontestável, sobre recolocação de outro ministro. Apenas pela vingança de não
ter seus desejos atendidos. Ao mesmo tempo, o PR assume publicamente que não
está satisfeito com a situação, e por isso migra para a oposição. Mas, se a
presidenta der ao partido o Ministério que eles tanto querem, voltam para o
governo. Chantagem, barganha e interesse particular escancarados.
É
uma vergonha sem limites. Os nossos líderes deixam claro que não interessa
qualquer projeto de governo em pró-Brasil. Não interessa melhorar a vida das
pessoas, fazer do país uma potencia ainda maior, ou sequer melhorar nossa
indústria. Só o poder importa. E segundos alguns órgãos da mídia, até mesmo
lideranças do próprio PT estão insatisfeitas com esta atitude da presidenta,
boicotando também sua governabilidade. Chega a ser o cúmulo do absurdo.
Mas,
se podemos tirar algo de bom disso tudo, é a imagem passada pela presidenta.
Votei nela numa situação extrema, onde tínhamos a porta do apocalipse aberta
com a possibilidade do fascista Serra ser presidente, e dois outros candidatos
muito fracos ou radicais, que apresentavam uma possibilidade de caos imediato.
Não esperava nada da presidenta, a não ser uma total continuidade do governo Lula.
Por
isso, fico feliz pela firmeza como ela trata a questão. Ela se demonstra séria
e incorruptível. Busca tirar todas as maçãs podres e todos aqueles que ferem a
imagem de seu governo, buscando nomes técnicos e que possam apresentar soluções
reais e duradouras para o país. Pela primeira vez parece que temos um líder com
característica com tamanha “hombridade”. Mas eu sei, isso não é suficiente.
Provavelmente sua falta de habilidade em costurar acordos fará com que as
coisas fiquem feias, e que brigas sejam compradas, e crises se instalem. Ao
mesmo tempo que mostra algo maravilhoso e exemplar para o país, mostra também
que não há como ser sério e honesto e fazer um trabalho decente. Espero que ela
prove o contrário.
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