quarta-feira, 25 de agosto de 2010

As fronteiras da arte

            No trabalho, algumas vezes, tenho escutado alguns comentários de alguns colegas, quando estão enjoados de ouvirem a rádio “Antena 1”, que é a escolhida pela maioria para ser a sintonia do dia. Eles reclamam que é muita música internacional, e que não entendem o que eles dizem. Cara, sinceramente, será que estas pessoas fazem alguma idéia do tamanho da bobagem que estão falando?
Eu penso exatamente isso quando vejo alguns críticos reclamarem que tal e tal artista não fazem uma arte genuinamente brasileira. Reclamam das influências européias e até mesmo americanas, como se isso fosse o maior crime do planeta.
É realmente ridículo ver algumas pessoas simplificarem a arte a fronteiras geográficas, como se o país a que fizessem parte delimitasse o qualidade de seu trabalho. E para piorar, se não conseguem seguir as características e a cultura do país em questão, a música não presta.
Essas pessoas, pseudo entendedoras da arte, esquecem que arte não é expressão de patriotismo ou de nacionalismo, nem é unicamente reflexo da cultura da qual fazem parte. A arte é a expressão de sentimentos, de forma criativa e única, que servirá para criar algumas formas de expressão no público que estiver em contato com a mesma. Não importa se ela é brasileira, Argentina, húngara, boliviana, tailandesa ou seja lá de onde for. O que importa é o que esta arte expressa e o que ela cria de novo.
E aquele velho e maldito jargão que faz parte dos ouvintes de música internacional, que não a admiram: “Eu não entendo nada do que eles falam”. Cara, você não precisa entender porra nenhuma, desde que você sinta a música. Aliás, ela foi feita para isso, se fosse pra ler e entender a letra, criariam apenas livros, não melodias. A maior parte das músicas apresenta alguns detalhes bastante interessantes em termos de melodias, viradas, refrões, batidas, ritmos, etc, para o desgraçado que está ouvindo vir falar da letra.
Logicamente que a letra da música tem sua importância, também, mas não adianta ter uma boa letra e a música ser horrível, como é o caso da pior banda brasileira de todos os tempos, o Legião Urbana. No caso deles, era melhor comprar só encarte e ler as letras, que é o que todos os fãs adoram celebrar nesta merda de banda, porque a música em si, não prestava nem pra afugentar cachorro barulhento.
Se a pessoa não entende a letra, não consegue ouvir uma boa música, por causa disso. Veja o caso da música alemã, que produz grandes obras, seja lá de que estilo for, e algumas pessoas deixam de ouvir porque não entendem alemão. Então, quer dizer, o resto, que é a verdadeira música, não serve de nada? Então devo entender que a pessoa não gosta de música, ela gosta de poesia. Pois que vá comprar um livro de poesias então!
Falando especificamente sobre o rock nacional, a banda de maior projeção do nosso país cria suas músicas com letras em inglês. O Sepultura foi uma das grandes revoluções na história do Heavy Metal, levou o nome do nosso país para o mundo todo dentro do cenário, incrementando ao rock algumas pegadas bem brasileiras ao meio do som (como a memorável parceria com o Olodum), mas muitos não escutam porque não entendem o que tem sido cantado.
Como se a porra da língua fosse mudar a qualidade da música. Ou como se a nação fosse definir se a arte é boa ou não, ou mesmo se serve ou não para o povo. Totalmente ridículo.

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