sábado, 15 de junho de 2013

A ROTINA NO TRANSPORTE PÚBLICO

Todos os dias eu acordo aproximadamente 4h50, às vezes durmo dez minutos a mais, porque o cansaço não permite acordar de pronto. Via de regra faço meu café, lavo o rosto, tomo café da manhã, brinco um pouco com o gato, dou comida e água para ele, troco de roupa, e vou pegar o ônibus. Começo com o intermunicipal, por volta das 6h15, num dos pontos da rua Pedro de Souza Lopes. Tenho três opções para ir pro metrô Tucuruvi: duas que passam na Parada Inglesa, uma custando agora R$3,35 e outra R$3,95 (já incluído o aumento de junho), além de uma linha que vai para o metrô Tietê, custando R$4,30.
Via de regra espero passar uns quatro ou cinco ônibus para conseguir embarcar em algum deles, pois os primeiros nem sequer param no ponto de tão cheios que estão, e os dois seguintes se param somos obrigados a irmos pendurados na porta. Às vezes até vem todos em seguida, e o mais vazio costuma aproveitar que os demais pararam no ponto e passarem batidos, ignorando quando damos sinal, o que nos faz esperar mais algumas oportunidades para conseguirmos ingressar no transporte.
Quando finalmente consigo pegar o ônibus, nunca vou sentado. Na verdade há anos eu nem mesmo tento. Primeiro porque muitas vezes nem é possível, segundo porque, quando é, não há espaços suficientes para abrigar idosos, portadores de deficiência (quando conseguem subir no ônibus), grávidas, etc. Eu sei que mais cedo ou mais tarde acabo por ter que levantar, o que me faz nem ter vontade de sentar. Mas claro, antes disso, pra pagar a tarifa devo passar pelo motorista. Sim, pelo motorista, pois a EMTU retirou os cobradores, e agora os motoristas devem dirigir e fazer a cobrança, contando quanto foi pago e quanto deve ser dado de troco.
Chego no metrô Tucuruvi por volta de 6h40 às 6h50, quando o trânsito não está caótico além da conta. Isso porque o trajeto da Vila Galvão até o metrô é bastante curto. Lá, algumas vezes pegamos filas outras não, para passarmos pela catraca. Via de regra, ao chegar à plataforma, espero o primeiro trem partir para ficar em boa posição para entrar. Quando o metrô chega, fico na parte destinada a cadeirantes, porque lá, por não ser área de embarque e desembarque, consigo me alojar para ler durante a viagem. Quando chega um cadeirante, cedo o meu lugar, e é o fim da leitura. Isto porque fora daquela região é uma lotação incrível, onde não há como uma pessoa se movimentar o suficiente sequer pra mexer no celular sem ficar dando cotovelada nos outros.
Em geral a viagem até a estação São Joaquim, local onde fica a faculdade, dura cerca de 30 minutos. Mas claro, uma vez por semana o metrô “viaja com velocidade reduzida e maior tempo de parada, devido à falha na estação X”. Nesses dias uma hora de viagem é um tempo excepcional. Neste dia as pessoas que estão indo pro trabalho ficam com medo de se atrasarem, e acabam por querer entrar todas ao mesmo tempo no mesmo vagão, pois sabem que o próximo vai demorar pra cacete. Neste dia não da pra abaixar o braço, nem coçar o nariz. É a típica situação de se viver como uma sardinha na lata.
Quando eu chego na faculdade em geral me sinto aliviado por ter passado dessa situação caótica mais um dia. Em geral, meu sono por acordar quando o dia está escuro fica ainda maior devido ao cansaço da viagem. Isso faz com que eu tenha maior dificuldade em me concentrar na aula, assim como me manter acordado, da mesma forma que prejudica bastante minha qualidade no trabalho. Mesmo assim ainda continuo tirando boas notas e tendo um excelente desempenho profissional.
Pago o preço, sem dúvida: vários problemas de saúde, sendo a maioria em grau de suspeita, poucas horas de sono, imensa irritabilidade, propensão a brigas... e o pior de tudo é a pouca vontade de ficar inventando coisas pra fazer nas minhas horas de laser, diante do extremo cansaço.
Meu relato é de alguém que mora pertíssimo da capital paulista, viajando poucos minutos dentro desse ônibus caótico, e consegue pegar o metrô na primeira estação da linha azul, a linha menos agitada de todas. Fico imaginando  cara que mora em Taboão da Serra e precisa trabalhar no centro de São Paulo, ou o coitado que mora em Itaquera, que está feliz da vida porque seu timão terá um estádio, custeado com SEU dinheiro público, enquanto você continua sofrendo feito um condenado pra conseguir voltar pra casa às 18h00. Podem ter certeza que quem vive esta realidade acha o que eu coloquei aqui como uma oportunidade de viver no paraíso por alguns minutos.

E é por isso que R$0,20 se tornam o tiro de misericórdia no meio de um massacre.

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