sábado, 26 de novembro de 2011

O tão aguardado fim das ditaduras


Posso me sentir um homem feliz por viver neste tempo, pois apesar da imensa intolerância, racismo, homofobia e todo tipo de merda que me faz pensar o quão diferentes de macacos podemos ser, estou vendo um levante maravilhoso de um povo contra regimes ditatoriais. O que realmente me deixa feliz nisso é saber que uma religião que pressupõe submissão e desigualdade, cujas pessoas são fanatizadas, estão erguendo sua voz para colocar um fim a esta aberração.
Egito, Tunísia, Síria, Iêmen, Líbano... todos arriscaram suas vidas e lutaram contra inimigos mais poderosos pra mostrar que estavam cansados desse sistema onde eram apenas explorados. Criaram uma revolução, da melhor forma possível. Em alguns casos, mantém-se firmes por meses e meses, mesmo com pouco armamento e pouca estrutura, perdendo vidas e mais vidas, pra mostrar que preferem morrer do que continuar com tiranos os guiando. Isso é algo que jamais será esquecido.
Se alguém queria uma prova definitiva da tragédia que é uma ditadura, os muçulmanos estão nos dando. Apesar de toda a maneira distorcida como sua religião tem sido pregada, o povo islâmico é condicionado para criar inimigos, fazer guerras, manter submissão, subjulgar mulheres. Eles, que podemos dizer serem o povo mais “atrasado” dentre os civilizados, estão mostrando ao mundo que vale a pena lutar pelo que é certo.
Ao longo dos tempos, vimos centenas e centenas de ditaduras se levantarem, e ruírem. Todas acabaram, de maneira trágica, ou afundaram de vez o país em que se encontraram. Nunca houve uma única ditadura que não tenha derramado mais sangue do que em uma guerra civil, e nunca houve qualquer ditadura que trouxesse prosperidade para seu país.
Os defensores desse tipo de sistema podem dizer que a educação era melhor na época. Mentira! Não havia educação, havia um sistema extremamente rígido, onde as pessoas não tinham o direito de se colocarem contra qualquer atitude oficial, assim como o que era ensinado era o que os militares permitiam, ou seja, o pensamento racista, preconceituoso e conservador da direita. Não havia espaço para cabeças pensantes, e sim a verdadeira fábrica relatada no filme “The Wall”.
As pessoas não podiam escolher a ideologia que queriam seguir, em muitos casos não podiam escolher a religião que queriam seguir. Não podiam manifestar opiniões contrárias a nada que fosse oficial. Muitos morreram, foram torturados ou sumiram para sempre. E pior: nos países onde ditaduras prevaleceram, a concentração de renda subiu assustadoramente. Os ricos ficam mais ricos, e vivem em luxo inimaginável, enquanto os pobres tornam-se cada dia mais pobres.
E ninguém pode reclamar de nada. Se você está insatisfeito, tem que fingir que está feliz, porque senão você corre sério risco de ser perseguido, torturado e morto. O que mostra não só a extrema covardia que domina os ditadores, como a certeza que não têm qualquer razão, uma vez que aniquilam quem está contra eles, por saberem que não podem vencê-los de maneira honesta.
É verdade, nossa ditadura é precária, e nem sequer pode ser chamada de ditadura. Como já citei em outro texto, liberdade pressupõe conhecimento, e quando as pessoas não têm o correto conhecimento da realidade em que vivem, não têm condições de escolher o futuro que querem pra si. Com isso, as escolhas são erradas, o que leva a governos corruptos e manipulação de massa. A mídia esconde fatos, apresenta de maneira tendenciosa, e faz com que a população “pense” como queira, o que é na verdade uma ditadura disfarçada.
Mas é um passo necessário para que uma nação possa crescer politicamente. Erros fazem parte do aprendizado, e são necessários para que mantenhamos tais fatos na mente, e acertemos no futuro. O Brasil é um exemplo claro de como as coisas foram melhorando ao longo dos tempos. Com democracia escolhemos nossos governantes. Algumas tiranias caíram em lugares onde não tinham adversários. Os políticos sentem-se pressionados, agem de maneira populista, e começam a “dar” coisas ao povo, que aos poucos vai entendendo que ele tem o poder de fazer a mudança.
Ok, estamos longe, muito, muito longe do ideal. Ainda aceitamos corruptos no poder sem reclamar, acreditamos que quem se alia à igreja necessariamente é um bom candidato, assim como ainda achamos que entregar a tarefa pública nas mãos da iniciativa privada é uma coisa boa. Mas faz parte do processo. Um dia entenderemos, e vamos evoluir.
E, com certeza, depois da dádiva que o maravilhoso povo muçulmano nos concedeu, estamos bem longe desta aberração chamada ditadura, e de todo militar que insistem em querer levar seu país a mãos de ferro, para o fundo do poço.

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