Jogando o PES 2011 na casa do meu cunhado, comecei a pensar um pouco sobre locutores de futebol. Uma profissão pra lá de ingrata, mas ao mesmo tempo muito interessante. Se pararmos pra pensar que a maioria dos nossos locutores são terríveis, fica ainda mais legal.
A narração em português é feita pelo Silvio Luiz. Um locutor de péssima qualidade, que só sabe fazer piadas e usar gírias. Consagrado pelas características, e idolatrado por muitos. Mas acredito que temos caras muito piores, especialmente na Bandeirantes. Pra começar, Luciano do Vale. Este deve ser o que mais me irrita. Não consigo ver jogo na Band, porque o cara é intragável. Eu presto atenção pra ver se ele faz parte dos times, da comissão técnica, ou é diretor, mas nunca o vejo, então não entendo porque ele insiste em se incluir nas jogadas. “Nós estamos apertando.”, “nós estamos vencendo”, “nós somos campeões”. Que nós, caralho? Onde que ele fez parte da campanha? E ele está me incluindo nisso? Eu não tenho porra nenhuma a ver com os times que estão jogando, nem quando é o Palmeiras!
O outro que arrumaram agora, Teo José, é ainda pior. Pensei que isso era impossível, mas conseguiram arrumar um desastre maior. O cara parece Smeagol em êxtase quando narra as jogadas. Gritos rasgados num urro quase incompreensível pra narrar um gol, uma vitória brasileira na Indy, ou mesmo um lance mais emocionante. Esse é o tipo do cara que da medo quando estamos assistindo.
Na rádio, um dos raros narradores que acho muito bom é o José Silvério. Ele não faz tanto estardalhaço, narra o jogo, comenta um pouco e mantém a discrição. Mas o companheiro dele, Ullysses Costa, esse irrita. O cara faz juras de amor a um time, às vezes colocando o mesmo como “herói Nacional”, como se aquele fosse o momento de virada na história do país. Um exagero sem sentido, que só funciona mesmo pra aquele tipo de torcedor que deixa de comprar comida pro filho pra ir a um estádio.
Antes tinha um que dava vontade de dar um tiro. Dirceu Maravilha era o tipo que afugentava o ouvinte. As malditas frases de Orkut do fim do jogo, pegas num daqueles cadernos de otimismo em gotas, com música de Gilberto Gil no fundo, era pra qualquer um se suicidar. Combinando isso com uma série de músicas horríveis que o maldito insistia em jogar no meio da transmissão, o que incluía funks de periferia, era demais. Na boa, esse me deixou tão revoltado como ouvinte na época, que enviei um e-mail dizendo que um profissional assim não dava pra acompanhar.
Mas sem dúvida quem merece um capítulo a parte no quesito de narradores, é o Galvão. O cara já disse as frases mais bizarras da história da televisão, parece um menino torcendo pelo time, e tem mais amigos que qualquer presidente. Um monte de gente queria que ele fosse feito alvo pra tiros, de tanto que o odeia. Mas eu tenho que admitir, sou fã do cara. Não era, mas depois, analisando bem, eu passei a gostar bastante dele. Na boa, o cara faz qualquer um rir. Ouvir a narração dele é como receber aqueles e-mails das pérolas do Enem, não tem como não se mijar de rir. É uma merda mais delirante que a outra, e todas que só Galvão diria.
Mas o melhor é quando ele se revolta pela “implicância” das pessoas, sabendo que são gírias próprias de cada esporte. Ver o cara nervoso porque ele acha normal a “reta curva”, é melhor que a própria frase. Da vontade de provocar só pra ver ele se irritar e vomitar um monte de frases galvanísticas. Às vezes agente nem se sabe se está assistindo a rede Globo, ou aquelas reportagens estranhas do Pânico. É incomparável.
Tantos outros narradores, a maioria ruins. Mas muitos discretos, sem deixar o espectador com raiva. Outros folclóricos e cheios de efeito, alguns que nos fazem rir, outros que nos fazem mudar de canal. Mas infelizmente, a qualidade dos locutores anda proporcional à qualidade dos times do campeonato brasileiro: só com muito amor pra acompanhar.
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