Quem não se lembra da edição da Rede Globo para a eleição presidencial de 1989, quando a mesma descaradamente fabricou a derrota de Lula para Collor? Ou quem não se lembra o abafa às manifestações pelas diretas já?
Não é de hoje que mídia do nosso país vem trazendo em seus jornais, programas diários e até mesmo novelas o pensamento dominante da nossa direita empresarial. Através de idéias propagadas em editoriais, manipulação de informação, críticas massissas a tudo o que os contrarie, ou elogios rasgados a todos os atos praticados por aqueles que rumem em consonância com seu pensamento.
Criar figuras de monstros que cometem crimes, fazendo com que a população fique cega por vingança, ao invés de analisar os verdadeiros fatos que levam aos crimes é um dos pontos. Criticar grupos manifestantes que lutam por reformas. Criticar manifestações de greve feita por trabalhadores em condições precárias, focando somente os estragos causados no trânsito. Associar candidatos ou governos a guerrilhas armadas e grupos socialistas, etc.
Como professor, tenho diariamente o desprazer de ver como as notícias são manipuladas pela mídia, como quando temos uma greve, a mídia noticia que queremos apenas aumento salarial, e jamais afirma qualquer uma de nossas reais reivindicações. Quando criticamos um sistema de ensino, enfatiza o esforço do governo em “reformar” o que está errado (e que ele mesmo deixou que ficasse errado), dando pouca importância para a opinião de professores. Afirma que professores tiram más notas em sistemas de avaliação de qualidade, mas não relaciona isso às péssimas condições de trabalho e à necessidade de jornada dupla. Com isso, as coisas se mantém sempre como estão, e a culpa fica sempre em cima do professor, enquanto o governo se esforça em melhorar.
Quando tivemos no Congresso o projeto de lei que obrigaria as operadores de TV a cabo a ter em sua grande uma quantidade mínima de canais nacionais, as mesmas trataram de vincular massissamente em sua programação críticas, dizendo que o Governo tentava impor ao cidadão o que ele deveria ver na televisão, tirando de todos nós a possibilidade de escolher, mas em nenhum momento eu cheguei a ouvir nestas mesmas operadoras a palavra de quem criou a lei, nem como propuseram que funcionaria, nem quais suas intenções. Era uma divulgação unilateral.
Temos ao longo dos tempos uma clara preferência partidárias das principais emissoras de televisão e rádio, quando o assunto envolve a disputa pessoal do PT e do PSDB/DEMOcratas. A opção fica sempre para o segundo grupo, que vem defendendo de maneira mais direta a direita empresarial e o pensamento neoliberal, além de ser fortemente favorável às privatizações. Todos nós conhecemos casos e mais casos de corrupção no governo tucano, como a máfia da reeleição, a fraude no painel eletrônico nas votações do Congresso, máfia das ambulâncias, etc. Todos os fatos são noticiados por um certo tempo, depois esquecido. Mas quando alguém do PT é envolvido em algum escândalo, daí lembraremos dele para o resto da eternidade, como é o caso do mensalão. É bem verdade que depois nosso “companheiro” virou presidente, soltou a verba necessária para a mídia na concessão do sinal, e fez com que as coisas ficassem equilibradas (até porque eu sinceramente nem considero o PT como esquerda, acho que está mais para uma direita socialista, enquanto o PSDB seria uma direita empresarial. De qualquer forma, ambos são da direita).
Daí um sistema de educação enfraquecido, professores despreparados, insegurança pública, programas de baixa qualidade, são coisas bastante interessantes para manter este controle subliminar, pois quanto menos as pessoas conhecem, menos elas pensam.
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