Recentemente
vi um vídeo do Meteoro Brasil, sobre a possibilidade de união entre
os setores da esquerda, para derrotar o presidente inominável. O
vídeo começava falando sobre a possibilidade de união entre alguns
partidos e políticos de grande nome, e passava a mostrar diversas
acusações entre eles. Fernando Henrique e Lula se atacando, Ciro e
o PT, e outros que não lembro agora.
Vou
ser mais amplo. Nesse momento temos que buscar uma união de todos
aqueles que pregam a democracia contra esse grupo maldito que está
no poder. E nesse caso pode ser partido de esquerda, de centro, de
direita. O que temos que fazer agora é deixar de lado o ego em busca
de um bem comum, que é isolar esse grupo de malucos radiciais estão
usurpando o poder.
Pra
quem já leu a belíssima obra “Como as Democracias Morrem”, de
Steven Levitsky e Daniel Ziblatt, a qual considero a obra política
mais espetacular de todos os tempos, há relatos de todos os países
que, através de um processo democrático, caíram em autoritarismo.
Hungria, Polônia, Peru de Fugimori, Venezuela, alguns países da
América Central, e até mesmo os EUA com Trump.
O
que temos em comum em todos os casos é uma divisão extrema de
setores democráticos, por divergências de minúcias, ao passo que
os grupos autoritários, infinitamente menores, se unem, criam
ataques sistemáticos, ligados a problemas sociais que existem há
muito mais tempo que os grupos políticos, um discurso altamente
populista, e a vitória nas eleições. A partir disso, começa uma
mudança nas estruturas políticas, colocando uma base autoritária,
que ocorre aos poucos, no Congresso, na Suprema Corte de cada país,
e no judiciário como um todo. E com o tempo, esses grupos,
minoritários, controlam tudo.
Numa
pesquisa recente ficou comprovado que a ala radical de apoio ao atual
(des)governo soma apenas 15% do total. A aprovação do governo está
em torno de 30%, o que levou a oposição, como um todo, a lançar um
movimento chamado “Somos 70%”, indicando todos aqueles que não
apoiam esses malucos, seja os que odeiam, seja os que não dão bola.
Isso deixa claro que pessoas minimamente ponderadas são a imensa
maioria.
Mas
essa maioria é manca. Como citei no início, as brigas e
controvérsias estão superando qualquer objetivo comum. Esse mesmo
grupo de 70% lançou um movimento a favor da democracia, ligando
diversos nomes, da direita e da esquerda, que deixaram de fora
algumas diferenças buscando manter o processo democrático. Eu
lembro que entre as pessoas que assinaram o documento estavam
Reinaldo Azevedo, Fernando Henrique, Ciro Gomes, Fernando Haddad e
mais uma galera de peso, além de ser muita gente. Mas o PT se
recusou a fazer parte da ideia.
O
PT se diz magoado pelo golpe de 2016. Sim, foi um golpe. Não há
como negar isso. Os fatos já na época mostraram e os que vieram
depois tiraram qualquer possibilidade de dúvida. O problema é que
já foi. Não tem como voltar no tempo. E mesmo assim, não foi um
golpe militar, e sim um golpe político. Mantivemos as eleições
naquele mesmo ano pra prefeito, depois em 2018 para presidente, e os
resultados foram mantidos, mesmo que
a eleição não tivesse um resultado muito agradável.
Por
outro lado, o PT cometeu diversos erros durante seu período de
governo. Isso é normal, ninguém é perfeito. Mas o partido se
recusa a observar e reconhecer as falhas. Fala dos acertos, que foram
muitos também, mas culpa outros pelos seus erros. Isso aumenta muito
o ranço daqueles que odeiam o partido, mantendo esse discurso de
ódio e a rejeição absurda ao partido.
Outra
coisa inacreditável é Fernando Henrique e Lula brigarem pela
eleição de 1998! Sim, essa é a disputa, onde um diz que o outro
não aceita o resultado, e o outro afirma que houve manipulação das
urnas. Algo que ocorreu há 22 anos, está trazendo consequências
nefastas para toda a nação.
Outra
coisa inacreditável é o PT criar esse mito em torno do Lula. Todos
os demais candidatos do partido são meras marionetes, ou postes,
como gostam os oposicionistas de dizer, sempre agindo em nome de
Lula. Com isso, o partido tem poucos nomes capazes de fazer uma
campanha eleitoral digna. Fora que Lula criou uma legião de
odiadores com a Lava Jato. Tudo bem, a Lava Jato foi um processo
manipulatório, onde as provas não tiveram qualquer importância,
buscando apenas a condenação e retirada do ex-presidente da
disputa. Mas é um fato, e não da pra mudar.
Nesse
interim, apesar de não ser um anti-petista, e ter considerado o
governo Lula muito bom, considerando os padrões brasileiros, podemos
dizer que o PT tem uma responsabilidade enorme na manutenção do
Bozo. O desejo de poder e o ego são tão imensos que preferem brigar
com todo mundo, dividir demais, e manter os nazistas no poder. Do
mesmo jeito que temos que manter a repulsa a esse governo asqueroso,
o PT deve ser responsabilizado.
Voltando
a citar a obra sobre as democracias, o autor cita dois exemplos de
países que conseguiram superar os extremistas, nesse caso ambos de
extrema direita, através da união de todos os partidos moderados e
democráticos, em favor de um bem comum, que é a democracia. Na
Áustria partidos adversários, que ao longo de sua história se
detestaram, como se fosse PT e PSDB aqui, se uniram, para barrar o
partido neo nazista. Na França ocorreu o mesmo na última eleição,
a favor de Macrón. Todos os partidos moderados se uniram, e
transferiram seus votos para tal candidato no segundo turno,
impedindo a vitória da candidata da extrema direita (que apesar de
ser extremista, disse que “nosso” presidente é repugnante,
quando perguntada).
Eu
não sei quem terá chances contra esse merda no segundo turno em
2022. Provavelmente com essa margem de apoio ele deva ir ao segundo
turno. Se você considerar que existem diversos nomes de peso contra
ele, é preciso entender que mais do que um projeto específico, é
preciso consagrar o processo democrático, criar um projeto de país
e tentar manter após a eleição, o debate democrático, de várias
vozes.
Nesse
sentido recomendo a entrevista do deputado Marcelo Freixo a Marco
Antonio Villa. Durante a conversa ele afirma que na época de
deputado estadual tinha um contato muito positivo com Flávio
Bolsonaro, com debates educados. Ao ser questionado pelo
entrevistador, Freixo afirma que a democracia exige que se tenha
contato e respeito aos adversários, e que todos têm o direito de se
manifestar e serem representados. Seria um mantra para todos os que
defendem a democracia, sejam de direita ou de esquerda.
Só
essa união pode manter um país plural, diversificado e democrático.
As diferenças nesse momento têm que ser esquecidas. Erros precisam
ser perdoados, pelo menos por enquanto. Egos devem ser engolidos.
Poderemos debater essas coisas, de forma menos acaloradas, inclusive,
quando conseguirmos controlar e prender esse monstro do
autoritarismo. Mas por enquanto, este é o nosso inimigo. O resto
pode esperar.
Ou
iremos chorar os resultados dessas picuinhas, que parecem crescer
mais que o nosso maior inimigo.
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