quarta-feira, 15 de julho de 2020

DESCULPAS PELO GENOCÍDIO


Mourão, o ex-militar, achou ruim o ministro Gilmar Mendes comparar o que ocorre no Brasil, no momento de pandemia, a um genocídio, dizendo que o exército corre o risco de associar o nome a isso. Em algumas entrevistas patéticas disse que se o ministro tivesse grandeza pediria desculpas pela frase.
O (des)governo atual, nas cordas há algum tempo, se vê cercado por uma série interminável de erros que estão colocando o país numa situação catastrófica. A pandemia é a mas escancarada. Enquanto escrevo, temos mais de 75 mil mortos por essa gripezinha.
O ser desprezível que ocupa a presidência propagou uma política alucinada de ignorar a doença. Tentou de todas as formas fazer as pessoas agirem como se nada ocorresse. Com isso, a doença se espalhou e a curva de mortes atingiu seu platô num nível superior a mil mortes por dia. E obviamente, comunidades mais carentes ficaram mais suscetíveis aos problemas.
Como já demonstraram alguns estudos, negros, pobres e moradores de favelas são as grandes vítimas. Onde o vírus mais se espalha, graças às condições de higiene precárias e ao número de pessoas morando no mesmo ambiente. Além desses, os índios se tornaram vítimas totais dessa política.
Mas não da nem pra fixar a situação no tratamento da doença. O presidente desde muito antes de se tornar candidato faz intensas pregações contra alguns povos. Homossexuais, como bem sabemos. Povos indígenas. Quilombolas. Controle forçado de natalidade de pobres. Os que ele chama de bandidos.
É interessante ver como essa doença está caindo com uma luva em todos os seus planos. Justamente os grupos que ele tem mais atacado, exceção feita aos homossexuais, são os que estão levando o maior prejuízo com a situação. Se saiu melhor que a nefasta reforma da previdência. E funcionou ainda melhor que a intensa pregação de ódio que ele tem feito a tais grupos.
O inominável criou um ambiente de ódio para todos os seguidores de sua seita tratarem todos que ele criticava como seus inimigos. E criou um ambiente ainda mais propício para que um grupo imenso de pessoas fizesse tudo o que era preciso para que a COVID se espalhasse. O resultado é a morte de milhares de brasileiros. Apesar de ainda não ter chegado, posso afirmar sem medo de errar que 100 mil mortes está garantido. Isso sem considerar que há uma imensa subnotificação.
Quando você toma atitudes assumindo o risco de morte, você age com dolo. E se você faz isso com toda uma população, como os índios ou moradores de favela, está sim colocando em risco toda uma comunidade. Isso é genocídio. E podemos estender isso a todos os brasileiros, pois para sobreviver a esse caos, somente dependendo da nossa própria saúde. O que temos aqui é uma omissão clara, além de uma indução ao genocídio do povo brasileiro.
Se tem alguém que tem que pedir desculpas pelo que ocorre, esse alguém é o (des)governo. Mourão, no auge de sua imbecilidade característica, poderia dar esse primeiro passo. Já o presidente é basicamente um criminoso. O lugar dele é no Tribunal Penal Internacional, sendo julgado por crime contra a humanidade. Gilmar Mendes, por sua vez, teve um momento de brilhantismo.

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