O
ser inominável, em uma de suas lives patéticas, recomendou o uso de
cloroquina como remédio para o combate ao COVID, parecendo garoto
propaganda do Sucrílhos, como disseram os apresentadores da
BandNews.
No
programa “O Grande Debate”, Caio Copolla vomita opiniões sobre
assuntos diversos, com dados sabe-se lá tirados de onde, falando
sobre doenças, sobre economia, política, história… tudo com um
diploma de bacharel em direito, sem advogar e o um notebook. Ele tem
sido destruído de forma impiedosa por seus debatedores,
especialmente pela fantástica Gabriela Prioli, mas volta no mesmo
assunto como se nunca tivesse sido tocado.
São
dois exemplos do momento em que vivemos, onde pessoas absolutamente
leigas falam sobre todo e qualquer assunto, sem filtro e sem
pesquisa. Desenvolvem uma opinião, com base puramente filosófica, e
saem propagando isso como se fosse a verdade absoluta. A situação
vem do nefasto e desprezível Olavo de Carvalho, um estudante que
parou no ensino médio para ser auto didata e saiu criando teorias
malucas, sem qualquer base, da forma mais aristotélica possível,
com mais de 2000 anos de atraso.
Você
ter uma opinião sobre coisas é algo normal. Acho que tendo uma boa
base de dados e informações você pode tecer um raciocínio lógico
sobre qualquer coisa. E diante de fatos você pode também mudar de
opinião. Desde teorias econômicas, religiosas, filosóficas,
sociais, etc. Mas sair falando merda, como se fossem verdades
absolutas, baseado em impressão, aí não da.
Vamos
manter o exemplo da cloroquina, tão falada pelo boçal que ocupa o
cargo maior da nação. Há uma centenas de estudos pelo mundo sobre
o medicamento. Até o presente momento, todos demonstraram ou a
ineficiência total, ou um prejuízo no seu uso. Tudo indica que ele
varia entre a inutilidade ou o prejuízo. As informações fornecidas
pela ciência, através de pesquisa, testes e prática revelou isso.
Seria muito legal que fosse a cura mágica, mas os fatos mostraram o
contrário. E eu, como um homem formado em direito e artes plásticas,
não tenho qualquer informação, ou base para buscar informações
suficiente, para contradizer isso. Posso postar notícias divulgando
esses testes e dados, mas serão os fatos divulgados por outras
pessoas.
Não
há como defender essa merda. Eu não tenho conhecimento suficiente
para tal. Um militar expulso menos ainda. E pessoas que nem
concluíram o ensino médio sequer entendem a pesquisa científica
para começarem a falar sobre o assunto.
Estamos
diante de um caso em que não importa o que você acha. Sua opinião
não vale merda nenhuma. Existem pessoas que passaram uma vida
inteira estudando e permanecem fazendo isso, com a devida técnica,
para que alguma substância tenha um efeito positivo no combate à
doença. Se essas pessoas estão dizendo, com base em dados firmes,
que isso não ocorre, a única forma de conseguir contestar isso é
fazer um estudo ainda mais amplo, com dados claros e alta taxa de
testagem pra provar que está errado. Você consegue fazer isso? Se a
resposta é não, recolha-se à sua ignorância no assunto.
Um
outro exemplo que eu costumo dar para as pessoas é sobre a nutrição.
Quem me conhece sabe que eu tive ao longo dos últimos anos em
constantes e intensas brigas em diversos assuntos com minha ex
mulher, mãe do meu filho. Raramente um assunto não era pautado na
briga. Exceto um: nutrição. Ela tem formação acadêmica no
assunto, e trabalha na área. Eu, como citado, sou formado em artes e
direito. Aí, quando ela faz alguma recomendação em relação à
alimentação do nosso filho, que base tenho eu pra dizer que ela
está errada? Eu tenho que brigar pra deixar ele comer chocolate, por
exemplo, porque é gostoso? Eu nunca parei mais de uma hora de algum
dia meu pra ler sobre esse assunto. Ela estudou por cinco anos, e
continua estudando ainda hoje. A diferença do nível entre nós
nesse tema é um abismo. E provavelmente seria ridículo, aos olhos
dela, se eu entrasse nessa briga.
Mas
agora nós descobrimos uma série de especialistas em um monte de
coisas, feitos nos cursos de whatsapp e twitter. Médicos,
engenheiros, advogados, juízes, procuradores, psicólogos, artistas
(esses são os que eu odeio com todas as minhas forças), que jamais
pegaram uma porra de um livro pra ler, sobre qualquer desses
assuntos. Caras que trabalham batendo carimbo, mas entendem tudo.
Jamais foram a uma exposição de artes, um teatro, nunca leram
Machado de Assis, ou qualquer autor minimamente consagrados, mas
querem dizer o que é ou não arte.
E
essa gente se espalhou pelo Brasil, de uma forma mais intensa que a
própria pandemia. Tomaram conta de tudo. Arrumam encrenca com
qualquer um que discorde. Vimos casos inclusive de agressão física,
como no protesto de médicos em Brasília, ou o motorista de ônibus
agredido em Belo Horizonte por não permitir que passageiros
entrassem no veículo sem máscara.
É
muita boçalidade pra pouco espaço territorial.
Deixo
aqui como dica de leitura uma obra prima que mudou muito sobre meus
conceitos sobre pesquisa científica. “O Maior Espetáculo da
Terra”, de Richard Dawkins. Sim, um dos maiores teóricos do
ateísmo. Mas nessa obra ele nada relata sobre religião. Na
tentativa de explicar a Teoria da Evolução, o que é feito com um
brilhantismo característico, ele desenvolve diversos exemplos sobre
como funciona o método científico, como ele pode ser refutado e
como a ciência não foi feita para agradar a opinião de ninguém.
Uma linguagem simples e direta, possível até mesmo para cara de
humanas, como eu. Exceto se sua capacidade cerebral for do nível
Olavo de Carvalho.
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