Há seis meses abandonei de vez o
hábito de comer carne. Qualquer tipo de carne. Diante do meu amor a
queijos de qualquer espécie, apesar de uma intolerância leve à
lactose, o termo correto seria ovo-lacto-vegetariano, mas creio que
isso torna as coisas excessivamente complexas, especialmente para
explicar para pessoas leigas.
Confesso que nunca fui o cara mais
fissurado do mundo em carnes. Gosto muito de frango, mas carne de boi
sempre comi extremamente bem passada. E nunca gostei de nenhum tipo
de gordura. Além disso, por questão de saúde, passei, ao longo dos
anos, a comer todo tipo de verduras, legumes e frutas. Berinjela, por
exemplo, que eu sempre detestei, fiz um esforço e ma habituei, a
ponto de ser um grande fã do rattatouile.
Antes de tomar a decisão final, já
tinha esse desejo há anos. Já tinha tentado algumas vezes, sem o
devido esforço. Dessa vez observei pessoas que há muito são
vegetarianas. Como agem dia a dia, suas vidas sociais, o fato e
participarem até mesmo de churrascos. Analisei o tipo de
substituição. Devo ter passado uns seis meses fazendo uma análise
cuidadosa do caso.
E finalmente, mudei de vida.
O motivo é só um: tenho mais
admiração pelos animais do que pela maioria esmagadora dos humanos.
Mesmo os carnívoros, que seriam os que me desmentiriam, agem por
instinto e por uma necessidade biológica. A maldade faz parte
exclusivamente dos seres humanos.
Fico perplexo com uma indústria da
morte criada para o consumo de carne. Consumo este excessivo, em que
vários estudos alertam para o risco de aumento sensível da fome no
mundo. Bem como o desperdício de partes dos animais, cujo consumo
não são financeiramente interessantes.
Criar uma quantidade absurda de
animais para abatê-los é desumano. Considero impossível não se
sensibilizar com sofrimento de qualquer ser vivo. Bezerros criados
para consumo algumas vezes são criados amarrados, numa verdadeira
tortura de uma vida, para serem abatidos aindo muito jovens.
Chegamos ao ponto de idolatrar um patê
feito de fígado de ganso, onde o bicho tem comida entuchada para
engordar e aumentar seu fígado. A tortura deste animal tornou-se
algo chique. Pessoas pagam valores astronômicos para consumir a dor
de um animal.
Ao longo dos anos, vendo coisas
inexplicáveis feitas a seres que não podem se defender, me fez cada
dia mais tender para o fim deste consumo insano. Não há necessidade
desse consumo pelo ser humano. Podemos sim ter todos os nutrientes
necessários com o restante dos alimentos fornecidos pela natureza. E
sabendo prepará-los, podemos ter momentos de incrível prazer com
qualquer um deles.
Mas, sei que existem fazendas que
criam animais de forma responsável, até pela qualidade da carne
oferecida ao público. São excessões, mas existem. Só não consigo
entender como você convive com alguns seres vivos por anos e depois
os extermina para comércio. Não teria essa coragem, jamais.
Tenho um amor incondicional pelos meus
animais. Duas gatas extremamente companheiras e carinhosas. Cheguei
ao ponto de investir dinheiro na minha casa para adaptá-las. Eu e
minha ex mulher gastamos a quantia absurda de R$6.000,00, com ajuda
do meu pai, quando um outro gato ficou internado com infecção
generalizada, e uma das gatas quebrou a pata e precisou operar. Sem
arrependimento, porque isso é amor.
Mas por outro lado, jamais enchi o
saco de ninguém para que a pessoa tomasse a mesma atitude que eu. O
vegetarianismo é uma ideologia de vida, um amor incondicional aos
animais. A pessoa tem que descobrir isso dentro dela. Forçar a barra
não fará efeito. Conhecimento é o que torna alguém vegetariano,
associado a extrema compaixão por todos os seres vivos da Terra.
Ontem mesmo, ao dar almoço para o meu
filho de um ano, dei a carne que a mãe preparou. Um dia, quando ele
tiver capacidade, explicarei a minha escolha, deixando livre para que
ele siga ou não, de acordo com o que considerar melhor. Pena que,
mesmo assim, já ouvi dizer que sou chato, porque tomei uma escolha
que afeta exclusivamente a minha vida.
E apesar de o que podem dizer e
criticar, minha escolha é e sempre será respeitar e amar os
animais.
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