Recebi esta semana meu exemplar da revista Sociologia, a qual assino. A capa traz uma chamativa sobre a tortura no Brasil, prática que não foi abandonada mesmo com a consolidação da democracia. Ainda não li a revista, mas estive pensando bastante sobre o tema, em especial, o tratamento dado aos nossos presos.
É fato que a maioria esmagadora das pessoas que está na cadeia merece estar lá. É fato que algumas pessoas possuem uma índole ruim. É fato que muitos dos criminosos merecem sofrer pelo que causaram de sofrimento a tantas famílias. É fato que tal sofrimento jamais poderá ser apagado, e que muitas vidas estarão eternamente destruídas por alguns erros.
Mesmo assim, ainda não conheci nenhum ser humano devidamente gabarito para julgar inteiramente uma pessoa. Nem mesmo um juiz de direito tem o poder de fazer julgamentos a cerca de uma pessoa, entendo que este apenas aplica a lei.
Nós não observamos que por trás de todo crime há uma história. Por trás de todo criminoso existe um imenso sofrimento e uma vida de abandono e dor. Ninguém se envolve no crime porque quer, muito menos se mantém nele por livre e espontânea vontade.
Nós não combatemos as causas do crime. Não educamos as pessoas, não passamos bons valores, não amamos ao próximo. Não fazemos nada para que a situação se altere. E quando estas pessoas vão presas, não fazemos nada para que sejam devolvidas melhores à sociedade.
A cadeia é a escola do crime. Os presos são tratados piores do que animais. Vivem em um lugar imundo, lotado, onde existe uma própria lei, uma lei pior do que a lei da selva. Em boa parte, são tratados pelas autoridades como animais. Quantos já não apanharam ou apanham da polícia? Quantos ali não foram estuprados? Quantos não compram a própria segurança através de serviços para o crime?
A falha é nossa. Nós deveríamos cobrar estas ações. Deveríamos cobrar mais educação, e melhores cadeias. Deveríamos cobrar auxílio para estas famílias, auxílio para reabilitação dos presos, auxílio para aqueles que sofreram com atos criminosos. Deveríamos ter a coragem de enxergar os fatos e os erros, e mais coragem ainda para corrigi-los. Deveríamos agir como seres humanos.
Mas nós não fazemos.
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