De tempos em tempos (tempos curtos, por sinal), me lembro de como eu era. Por alguma razão, algumas pequenas tragédias não saem da minha cabeça. Ainda é vivo pra mim o momento em que eu estava fascinado pela morte. Os momentos em que a vida não valia nada. Os momentos em que não havia nenhum sentido. Eu ainda consigo me lembrar, como se fosse hoje, o gosto da morte.
Consigo me lembrar daqueles momentos em que a família estava ruindo e enlouquecendo. Lembrar do momento em que nada dava certo. Lembrar do momento em que tudo parecia um grande fracasso. Era um grande e interminável vazio.
Mas consigo me lembrar com ainda mais intensidade das lágrimas e do desespero de todos. Consigo me lembrar o quanto as pessoas podem sentir a sua falta, mesmo sem você estar longe. Só com uma possibilidade, parece que a cabeça das pessoas vira como um tornado.
Eu consigo lembrar que em um determinado momento você tem que fazer uma escolha. Você deve escolher se vai aceitar a derrota como um verdadeiro perdedor, ou se você vai vendê-la o mais caro que você puder. Ali você escolhe se você passará como uma brisa de verão, ou se irá escrever o seu nome de maneira que nenhuma catástrofe poderá apagá-lo.
E neste momento você percebe que o destino está somente nas suas mãos. Você percebe que tem, em qualquer que seja o momento, a chance de mudar o rumo da sua vida. Percebe que os passos dependem de você. Você entende que pode ser mais forte que qualquer sentimento; que pode vencer qualquer vício; você pode superar qualquer fracasso. Você pode mudar a maneira de enxergar a vida.
Eu sou a prova viva de que as pessoas mudam. Elas têm o poder de alterar totalmente a história de suas vidas. Algumas vezes, como foi o meu caso, é preciso chegar ao fundo do poço para entender isso. Mas nunca será tarde demais. Todos merecem e têm uma segunda, terceira, quarta, e quantas mais forem necessárias, chance.
A maior parte das pessoas ainda não conseguiu entender que somente um fraco põe a culpa de seus fracassos nos outros, e os mais fracos ainda acreditam que nasceram de uma maneira, irão morrer do mesmo jeito. E sinceramente, não acredito, de maneira alguma, que as pessoas sejam fracas o suficiente para aniquilarem suas vidas por medo de tentarem fazer tudo certo. Todos têm a força que precisam dentro de si, mesmo que essa força pareça bem lá no fundo.
O mundo muda: o modo de viver das pessoas muda; a paisagem muda constantemente; as idéias mudam; as roupas mudam; os carros mudam; o que é socialmente aceitável muda numa velocidade alucinante; os animais que habitam a terra mudam; o seu humor muda, várias vezes durante um mesmo dia; o que você realmente considera importante na sua vida, pode mudar (e quem vai dizer que isso nunca aconteceu?).
Não há como negar que a vida é uma eterna mudança. O tempo todo, sem parar. E eu acredito que este seja o grande barato de viver. Nós nunca estaremos entediados o suficiente para não vivermos algo novo. A vida nunca será parada o suficiente para nos matar. Tudo está em movimento. Mesmo sendo uma frase religiosa, o que podemos ver, é que a vida sempre dá um jeito.
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