Se for pra começar a fazer
alguma coisa, que seja muito bem feita. Senão, nem comece.
Essa é uma frase que guia os
meus atos e guia a minha vida. Gosto de fazer algo da melhor forma possível.
Desde varrer uma casa, lavar a louça, e até transar. Se eu não conseguir fazer
algo bem feito, é nítido e inegável meu desânimo. Minhas ações parecem ser
empurradas e forçadas.
Fazer algo bem feito é algo
relativo. Um bom trabalho varia de acordo com as ideias de cada um. Diante de
um acúmulo e uma quantidade enorme de coisas pra fazer, alguns acham que o
melhor é fazer com perfeição cada coisa, mesmo que isso signifique não dar
conta de tudo, e outros acham que o melhor é ser o mais rápido possível, dar
conta de tudo, mesmo que custe alguns erros, que depois podem ser corrigidos
com mais calma.
Meu caso é o segundo. O melhor
é dar conta, segurar a bronca e zerar as tarefas. Você tem duzentas provas pra
corrigir em um dia. Você analisa um modelo, busca palavras chave e vai fazendo
o mais rápido possível. Talvez umas cinco ou seis sejam corrigidas de forma
equivocada, e quando os prejudicados apresentarem o problema, deve-se ter
humildade para voltar atrás e arrumar o problema. Mas mesmo assim, não há
atraso, não há acúmulo e nem irritação de todos porque suas notas não estão
disponíveis.
Acredito que o mesmo vale
para um relacionamento. Você está dentro, ou nem comece. E a partir do momento
que você aceita um namoro por exemplo, você se dedica a essa pessoa. Não
significa estar grudado, porque eu particularmente odeio isso. Mas fazer o
possível para que a pessoa seja feliz, para que ela supere os problemas, para
que ela cresça. E haverá erros. Todo casal tem. Mas o importante é ter mais
acertos do que erros, e estar lá nos momentos cruciais.
Dito isso, só posso dizer
que gostaria de ter um pensamento radicalmente diferente. A dedicação me custou
muito mais caro do que eu poderia pagar. Graças a me dedicar a coisas que
acredito piamente e que me comprometi, hoje estou com a saúde completamente
comprometida, provavelmente com a sanidade e com meus ideais de vida abalados.
Acredito que sempre fui um
bom homem, tranquilo, gentil, solidário e sorridente. Mas o que posso ver
atualmente é que esse homem morreu, aos poucos. Agora não tenho mais a menor
paciência pra nada. Sinto um ódio profundo, devido a decepção de alguns anos.
Cheguei ao ponto de ter um desejo incontrolável de matar pessoas que me
causaram mal em coisas que para mim são de importância máxima.
Faço as coisas da melhor
forma possível porque acredito que isso seja o correto. Já jurei pra mim mesmo
que não faria mais isso, mas é impossível. Sendo um ser pacato, nunca imaginei
ser reconhecido por nada. Nem idolatrado, nem nada do tipo. Mas obviamente um
pouco de gratidão pelo esforço é o mínimo.
Gratidão não significa que
alguém deva a vida a mim, nem que precise de todo jeito me recompensar. Ser
feliz e ter sucesso é ser grato. Não agredir ou acusar é ainda maior.
Quando você se esforça além
do que é capaz por uma causa, por alguém que precisa muito de você, por uma
equipe, e acaba tomando patada no meio do caminho, é como se fosse uma facada.
Você se dedicar absurdamente, e de repente ouvir que o melhor teria sido
desistir no princípio, como se tentar arduamente fosse algo ruim, é o mesmo que
implodir tudo o que você acredita.
Você deixar de lado sua
saúde por uma causa, por alguém, e ainda ser acusado de algo que você não fez,
ou ser provocado a fazer algo grade por fúria, envolvendo sua família em algo
repulsivo, você tem uma ideologia de vida sendo destruída. E você é destruído
junto. Quando você se desgasta anos e anos por uma causa e ainda vê seu nome
ser ligado a coisas ruins e atitudes deploráveis para pessoas que você nem
conhece, e outras que você considerou por muitos anos como seus amigos, algo
morre dentro de você. E o que nasce não é nada bom.
Seis anos de dedicação
máxima. E não apenas a uma situação, mas várias. E em todas elas eu terminei
com não só críticas, mas ataques pessoais, mentiras, tentativas de me
prejudicar pessoalmente, traições e todo tipo de coisas ruins que se poderiam
imaginar. Isso deveria ser um aprendizado para a vida, mas é muito difícil de
assimilar. Talvez por ter caído na real de uma vez. Talvez por deixar rastros
que jamais se apagarão. O fato é que já me envolvi em brigas físicas por
motivos fúteis, com pessoas que eu nem conhecia. Minha tolerância virou
basicamente nada.
A capacidade de confiar nas
pessoas simplesmente morreu. O desejo de me dedicar a alguém deixando de lado a
mim próprio, morreu A capacidade de perdoar qualquer ato, morreu. A paciência,
essa foi reduzida a pó. Veio muito nervoso, um transtorno de ansiedade fora do
comum, muito peso, insônia e muita frustração.
Um custo muito alto por
algumas causas.
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