Ando participando de uma
centena de discussões sobre a necessidade de permanecer com o bebê no colo
durante a infância, diante de uma possível necessidade que ele teria de
sentir-se seguro o tempo todo pelos pais, para que não cresça uma criança
insegura, frustrada e depressiva. Sem entrar no mérito dessa questão, a qual
critico bastante, já me vi diante de um furacão impensável por coisas como
essas, inclusive nos sentimentos envolvendo o amor que se tem por um filho.
Acredito piamente na liberdade
e na independência. Não acho legal nem mesmo o termo “meu” filho. Isso cria uma
ideia de posse. Não tenho pessoas, nem pertenço a ninguém. Existe uma
necessidade física e biológica, por um longo tempo, de proteger, sustentar e
garantir uma formação intelectual a um ser, até que ele seja plenamente capaz
de seguir por si só.
Desde que meu filho nasceu,
entrei em um looping sem fim de preocupações. Não só em ações para criar um ser
humano ético, honesto e responsável, que assuma seus erros e saiba lidar com
frustrações, mas que seja um cara feliz, bem como com as preocupações
financeiras, que envolvem sustento, estudos, moradia, roupa, etc. Pode parecer
besteira, mas pra quem tem um transtorno de ansiedade generalizado, isso é uma
forma bem intensa de se auto torturar por meses.
Nesse sentido, guiei muito
tempo estudando pra conseguir um trabalho melhor. Sacrifiquei muita coisa,
inclusive horas de sono, para atingir um objetivo maior. Da mesma forma que a
mãe do meu filho deixou de dormir pra conseguir amamentar, fazer o pequeno
dormir, trocar fraldas, etc.
Assumi inteiramente a
responsabilidade da casa, da comida, de compras externas. Tomei como
absolutamente necessárias certas responsabilidades para um bem maior. Algumas
se mostraram exageradas, outras não. Sempre funciona assim. Tudo no anseio de
criar uma estrutura diária para que não falte nada.
Admito: não gosto de ficar
pegando no colo. Não fico pegando as minhas gatas, nem qualquer outro gato que
tive. Não gosto de ficar agarrando demais. Mas adoro o sorriso, a risada, adoro
as brincadeiras. Estou ansioso ao extremo pra ver o pequeno andando pela casa,
brincando sozinho, pegando o garfo e comendo a própria comida, sem ajuda de
ninguém. Imagino ele querendo andar de bicicleta, ralando o joelho, saindo pra
jogar bola com os amigos (espero que num mundo caótico como esses ele tenha
essa oportunidade).
O que eu sinto envolve uma
pessoa livre, feliz, realizada e que tenha um profundo respeito e empatia pelas
pessoas. Alguém que tenha capacidade de buscar informações, que não seja
manipulado, tenha suas próprias decisões, opiniões, que saiba debater,
inclusive com os pais. Alguém que quando levar um baita tombo da vida, e isso
acontece com todo mundo, tenha forças e vontade pra se levantar e tentar de
novo, até conseguir.
Respeito seu direito a defender certas ideias e teorias de
todas as formas que envolvam amor, maneiras de representar, de se expressar.
Mas não consigo imaginar um amor maior do que o fato de você desejar de todo o
coração, e propiciar da melhor forma possível, que seu filho, ou quem você ame
profundamente, seja alguém imensamente feliz.
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