Debater o racismo no Brasil
é praticamente um momento de extrema insanidade. Um país que originalmente era
habitado por índios, sendo formado por europeus colonizadores, negros que foram
traficados da África e posteriormente japoneses que tentaram a vida por aqui,
não tem qualquer possibilidade de pregar,
insinuar ou mesmo cogitar uma separação de pessoas por causa da cor da
pele.
Mas é o que ocorre. Com a
candidatura de Jair Bolsonaro à presidência, temos essa situação. Com discursos
que trazem uma dose imensa de racismo, algumas vezes até mesmo para negar a
existência de escravidão por parte dos brancos, Bolsonaro deixa claro que pra
ele os negros são inferiores.
O mesmo tratamento, de forma
aberta, traz aos homossexuais, deixando claro que não gosta de gays, bem como
prefere que o filho morra num acidente do que seja gay. Prega abertamente a
inferioridade das mulheres, tratando a própria filha como uma “fraquejada”, ou
em liberdade profissional para que recebam menos que homens. Já usou seu
discurso para atacar índios, integrantes de movimentos sociais, e até mesmo
pessoas que são ideologicamente de esquerda. Sem falar dos não cristãos.
Bolsonaro é a expressão
máxima do ódio. Prega abertamente a violência contra aquilo que considera
errado ou ruim. Busca que suas ideologias dominem a tudo e a todos, e quem não
for adepto, que aceite e se submeta, como disse de quem não era cristão, para
com os cristãos, maioria no país. Prega que o simples fato de se nascer mulher
é suficiente para justificar prejuízo econômico, devendo ser tratada com
inferioridade, recebendo menos, porque a mulher fera filhos. Tenho dó da mãe
deste ser, bem como da esposa, e especialmente da filha, a grande fraquejada.
E em situações como estas
fico pensando em todas as mulheres que conheço na vida. A mãe do meu filho,
minha mãe, minha sogra, a esposa do meu pai, minhas chefes. Tenho grandes
amigas que coloco entre as melhores pessoas que conheci na vida. Muitas deles
com uma competência fora do comum, além de um caráter irretocável, melhor que
grande parte dos homens. Devo considerar estas pessoas como inferiores por que
são mulheres?
Tenho um filho, de quase
oito meses. Um lindo menino que não sabe nada da vida. E não deu demonstrações
sobre suas preferências, anseios, desejos, medos... e eu jamais iria cogitar
uma vontade de vê-lo morto pelo fato dele ter desejos por homens. Isso soa tão
sinistro e cruel aos meus ouvidos, que não da nem ao menos pra pensar. E ainda
menos bater no meu filho por causa desse tipo de comportamento. Não faz
sentido. E não da pra supor amar um filho somente quando ele faz o que eu
quero. Isso é doença pura.
Tratando apenas dois
pequenos tópicos, de forma bem simples e seca. Duas aberrações. Considerando
ainda o fato de eu ser ateu e detestar o cristianismo, é quase uma somatória
sem fim de coisas que este ser propaga como metas de vida, num país onde não
cabe esse tipo de coisa. Um retrocesso absurdo, que nos leva a situações como a
dos países muçulmanos, sem liberdade, sem expressão e com extrema perseguição a
todos os que não se enquadram no que é considerado sagrado.
Além do fato de haver uma
pregação absurda de solução de problemas por extrema violência, com defesa de
assassinatos oficiais, tortura e impunidade. Mas em momento algum haver
qualquer tentativa de combater os motivos que levam a esse quadro de violência
extrema que temos no país: uma desigualdade social que encabeça a lista
mundial, um grupo imenso de pessoas vivendo na pobreza e a total falta de
perspectiva de vida. Este ser demente prega que se combata a doença matando o
doente. É uma ideia estúpida a olhos vivos, que por algum motivo inexplicável
tem colado nesse país.
Fora que ao contrário do que
pensam seus eleitores, Bolsonaro não representa nada de novo. É o velho na
política, o cara que está aí há quase trinta anos, rodando por partidos que
estão assolados em corrupção, votando a favor de governos que ele critica e
jura combater. Ganhando salários pompudos e enfiando a família na política pra
enriquecer. Defendendo um regime que não só era absurdamente corrupto, como
perseguia e matava quem se levantasse contra. Além de um retorno em tempos
sombrios, mais um que perpetua um sistema podre.
Ou seja: Bolsonaro é o pior
de todos os mundos. Está no meio de corrupção como todos os políticos. Traz os
preconceitos e desigualdades de grupos de direita, com favorecimento de ricos e
empresas de grande porte, mas ao mesmo tempo traz o radicalismo e a intransigência
de parte da esquerda, que trata grupos adversários como inimigos mortais.
Por mais que os demais
candidatos sejam péssimos, ou que apresentem ideias que não se sustentem, nada
é tão ruim quanto este ser asqueroso e repulsivo. Não tenho candidato no
primeiro turno, devendo anular meu voto. Mas no segundo há uma certeza inabalável
que aquele que estiver enfrentando o “Mico” será meu eleito, não importa quem
seja. E quem tiver bom sendo deveria seguir o mesmo caminho.
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