Os brasileiros condenam
veemente o governo Maduro, na Venezuela. Um governo de esquerda, sucessor do
bem sucedido governo Chavez, eleito pelo voto, por uma margem pequena, que
trouxe mudanças ao país, para pior. Maduro persegue opositores sob argumento de
conspiração, impede a candidatura destas pessoas, que teriam grandes chances de
vencê-lo.
O resultado é uma miséria
absurda no país, com um isolamento mundial e a total falta de perspectiva.
Regadas pela outorga de uma nova Constituição, que lhe deu plenos poderes. Um
golpe a todo tipo de liberdade e à própria democracia. E como um defensor da
esquerda, um motivo para sentir vergonha.
Mas o que impressiona é que
muitos desses brasileiros que condenam a tirania venezuelana, bem como a norte
coreana, a cubana, e todo canto de esquerda que claramente não deu certo,
aceitam, em muitos casos, ditaduras de direita. Há muitos que aqui residem,
guiados por um astrólogo maluco, que chegam ao absurdo de dizer que não tivemos
golpe, nem ditadura em 1964.
As ditaduras de direita na
América Latina foram incrivelmente sangrentas e tiranas. Muitas pessoas foram
perseguidas, torturadas, mortas e desapareceram por apresentarem ideias
divergentes ao regime. Toda corrupção, que foi muita, foi abafada, uma vez que
não havia imprensa livre para denunciar. A consequência foi um movimento
radical contrário, de guerrilha, que trouxe ainda mais sangue ao período.
Não sem razão assim que
tivemos uma abertura política ficou evidente o caos que estava escondido.
Inflação disparada, um povo altamente despreparado e perdido, criminalidade
cada dia mais alta, e a polícia e a lei, em geral, desacreditadas, e sempre
violentas. Somos um país ainda preconceituoso e que acredita em tudo. Sem auto
estima.
O período compreendido entre
1964 e 1988 foi nossa idade das trevas. Foi a maior vergonha de nossa história.
Somos amplamente condenados por organismos internacionais, que em todo momento
reafirmam essa condenação. E para piorar somos um dos raros casos em que
aqueles que cometeram crimes nesse período permaneceram impunes. A grande
maioria permaneceu na política, idolatrado por uma legião.
Não há defesa para ditadura,
para tirania, para tortura, para opressão, para perseguição. Todo homem deve
ser livre, deve ter direito ao seu pensamento, à sua expressão. Não há como
obter uma vida feliz e equilibrada sem diálogo de ideias, sem a convivência. É
injustificável, deplorável e vergonhoso ter sua nação manchada por uma página
sangrenta como estas.
Não importa se é de direita
ou de esquerda. O discurso inicial traz ideias ideológicas, mobilização e promessas.
Mas a partir do momento que há consolidação da tirania, o fim é exatamente o
mesmo. Só há sofrimento, miséria e dor. Não há nada de positivo em se mergulhar
em trevas tão profundas.
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