Recentemente tomei a decisão
de excluir sumariamente das minhas redes sociais todos aqueles que fazem
propaganda de Jair Bolsonaro para presidente. E de uma forma geral, faço o
mesmo na minha vida. Nunca tive qualquer problema com discordância, debate ou diversidade
de pensamentos. Mas o que temos aqui é uma ameaça real, propagada e tratada
como normal, que não pode, sob hipótese alguma, ser tolerada.
Em diversas declarações,
este ser repulsivo e repugnante já afirmou o que pensa sobre as minorias. Para
ele, é necessário que as minorias se curvem às maiorias. Associe isso ao seu
tom agressivo e cheio de ódio, e nós já temos a resposta de como serão tratadas
as minorias.
Pensemos sobre a
homossexualidade. Segundo organismos internacionais, o Brasil é um dos países
que mais mata homossexuais no mundo. Pelo fato de serem homossexuais. Eles não
são agredidos porque cometem crimes, porque oprimem, porque agridem. São mortos
simplesmente porque assumiram uma orientação sexual diferente da maioria.
Imagina agora ter um líder que declara publicamente que esta minoria deve se
submeter à maioria. É uma verdadeira declaração de que está tudo bem sair
matando ou batendo nessas pessoas. Aliás, este mesmo ser repulsivo e repugnante
já disse que daria porrada se visse dois homens se beijando. E não venha dizer
que isso está fora de contexto. Não existe um contexto que seja minimamente
aceitável essa merda.
Mas vou me ater ao meu caso.
Não sou homossexual, apesar de cada vez mais apoiar a causa. Meu problema é
outro. Eu sou ateu. E não simplesmente não acredito em Deus. Eu defendo a causa
com unhas e dentes. Propago a ideia de ateísmo, não só porque acredito que este
seja o caminho para uma real evolução, como porque acredito que este debate
seja imprescindível para que pessoas possam conviver em paz em qualquer crença
ou descrença.
Meu melhor amigo é
evangélico. Minha ex mulher seguiu o espiritismo por muito tempo. Minha
família, de uma forma geral, é inteiramente espírita. Nunca tive a pretensão de
“converter” alguém ao ateísmo. Particularmente acho que não tenho nem
capacidade, nem vejo abertura para isso. Acho muita coisa interessante nas
religiões, apesar do mal que têm feito ao mundo. Por isso em todas as minhas
críticas, jamais desejei que fossem proibidas as religiões, oprimidas, ou
tratado como guerra. Meu único desejo é que as pessoas sejam capazes de pensar
a ponto de debatermos em bom nível e que as pessoas parem de se matar por causa
de algo tão estúpido.
Mas o “Messias” também já
declarou várias e várias vezes sobre a superioridade do cristianismo que pra
ele deve ocorrer na nação. É muito fácil encontrar os vídeos onde diz que os
não-cristãos devem se curvar aos cristãos. Aí entramos na mesma situação
exemplificada no homossexualismo.
Eu, como ateu, não tenho
qualquer intenção de me recolher ou me submeter a nenhum idiota porque ele
pensa diferente de mim. E diante dos fatos, fica muito claro que, sob um
governo autoritário desse ser, minha integridade física está sob ameaça. Muito
provavelmente serei perseguido. E como não irei me calar, acredito que tenho
riscos sérios de não terminar o governo desse ser vivo.
Sendo assim, Bolsonaro é meu
inimigo. É alguém que por quem eu nutro um ódio imenso. E quem é homossexual,
quem é índio, negro, quem é mulher, quem foi torturado pela ditadura, deveria
sentir-se da mesma forma. E aqueles que idolatram esse ser repulsivo pensam da
mesma forma, ou aceitam que essas ideias de merda sejam implantadas, são
igualmente meus inimigos, porque representam pra mim uma ameaça real.
Mas não vou criar um balaio
de gato e enfiar todo mundo no mesmo caldeirão. Sei que existem pessoas que têm
medo e confusão. Que votam nesse maluco apenas porque estão tão desesperadas
que qualquer merda serve. Não fazem propaganda, não idolatram. Apenas não sabem
pra onde correr. Essas pessoas eu entendo apenas como muito confusas e
incapazes de analisar a realidade em que vivem, bem como entender o passado da
raça humana, a qual fazem parte. Eu posso me ferrar por ignorância desse tipo,
mas sei que o medo faz as pessoas fazerem muita merda. Então não considero
pessoas assim exatamente como minhas inimigas, mas sim burras demais.
Ainda da tempo de pessoas
verem a merda que estão fazendo. Da tempo de tirar esse ódio irracional do
coração, de aceitar as diferenças e voltarmos a debater sobre política
econômica, sobre mudanças de legislação, sobre relações internacionais. Coisas
que fazem sentido para um país. Coisas que eu debatia pra cacete na infame eleição
Dilma X Aécio, que agora parecem fazer uma falta como nunca pensei que faria.
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