Estou há algum tempo
acompanhamento manifestações, pensamentos e ações de diversos grupos com os
quais me identifico, especialmente com a ATEA, um grupo muito bom destinado a
ateísmo. Mas sempre pela internet. Gosto de boa parte das ideias, mas discordo
de outra parte.
Faço o mesmo com alguns
grupos políticos, relacionados a animais, e de diversos outros assuntos que
adoro. Gosto da troca de informações, mas não consigo me sentir totalmente
afinado com todas as ideias que estes grupos apresentam. Tenho constantes
discordâncias que me fazem de vez em quando querer distância.
Pelo que tenho observado, a
ideia inicial de fixar-se em um grupo, seja do que for, vem do fato de dividir
informações, experiências, buscar o mesmo objetivo. Coisas nobres e que todos
nós precisamos. Porém, a realidade é bem diferente. Pessoas com o mesmo
pensamento, agindo em grupo, têm uma tendência imensa a se tornarem radicais e
intolerantes.
Talvez por terem as mesmas
críticas, por odiarem as mesmas coisas, as mesmas pessoas, um pensamento mais
aflorado pode levar ao mesmo de várias outras pessoas. Um grupo de pessoas mais
emotiva, guiando seu ódio para um ponto comum, é o primeiro passo para um ódio
coletivo.
O que vemos é um grupo de
pessoas, que individualmente, seriam pessoas pacíficas, tranquilas e estariam
com bom relacionamento com todos. Mas se reúnem e se tornem incrivelmente
raivosas, agindo de forma intempestiva, como nunca sonharam em fazer.
Assim ocorre com grupos
religiosos, com torcidas de futebol, com grupos políticos, com grupos
ideológicos... passamos a uma criação de inimigos, de pessoas que na maior
parte das vezes simplesmente pensa diferente. Ou que, se agir de forma
agressiva ou prejudicial, não terá muito efeito prático a tentativa de
aniquilar este tipo de pensamento transformando quem segue algumas ideias em
demônios.
Particularmente adoro a
diversidade. Acho que temos muito a aprender com pensamentos opostos. Não por
outro motivo, apesar de ser ateu, meu melhor amigo, de cerca de 30 anos, é
evangélico. Da mesma forma que, sendo um militante de esquerda, tenho grandes
amigos, de infância, que são adeptos ao liberalismo econômico, ou filiados a
grupos políticos de direita. Alguns desses amigos são pagodeiros e fãs de todo
tipo de música popular de fácil digestão, enquanto eu sou um fã incondicional
de heavy metal.
É bem verdade que já tive
altas tretas com estas pessoas, porque muitas vezes as ideias são
diametralmente opostas. Mas acredito que ter grandes pessoas ao meu lado que
pensam tão diferente, me ajuda a não me tornar um idiota por completo. Saber
que mesmo pensamentos que eu considero errado não fazem com que as pessoas
sejam ruins. E saber que existe sim, muita coisa boa em pessoas que acreditam
em coisas que eu acho idiotas.
Pessoas pensam diferente,
expõe ideias diferentes, críticas mais ácidas. Ao longo dos tempos, os ideias
filosóficos da humanidade mudaram. A ética mudou. As condutas sociais mudaram.
As leis mudaram. Nada disso seria possível se não fossem forças e ideias
antagônicas buscando o equilíbrio.
Você não tem ideia do quanto
tem a evoluir ao trocar boas ideias com que pensa extremamente diferente de
você. E tem menos ideia ainda, de quanto isso pode manter sua mente e seu
coração aberto, a entender que somos todos seres humanos, imperfeitos, em busca
de evolução, que apenas acreditam estar defendendo aquilo que é realmente
melhor para todos.
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