Há quase cinco anos iniciei
o curso de direito, na Uninove Vergueiro, pagando cerca de R$350,00 por mês. Em
princípio, me empolguei bastante com o nível de aulas e com a estrutura da
instituição.
Agora, prestes a iniciar o
décimo e último semestre do curso, minha opinião mudou radicalmente, chegando ao
ponto de concluir que esta instituição é tão ruim quanto a Vivo, que até hoje é
a empresa que eu mais abomino de todo o setor privado.
Como todo mundo sabe, a
secretaria da instituição é um desastre completo, e ao que parece irreversível.
O sistema de infraestrutura decaiu em pouco tempo, com um envelhecimento da
biblioteca, sem muita renovação, limpeza precária, chegando ao ponto de
ficarmos dias sem papel higiênico, papel toalha e sabonetes, em TODOS os
banheiros.
Para piorar, os acessos para
deficientes físicos foram retirados, ficando somente os elevadores, sempre
lotados e demorados, e que não trariam grande benefício em caso de urgência,
uma vez que qualquer curso de brigadista recomenda o não uso do aparelho em
casos extremos. Ou seja, para um deficiente físico a instituição é uma
condenação certa.
A instituição apresenta uma
quantidade imensa de salas sem qualquer tipo de ventilação, totalmente vedadas,
sendo objeto de reclamação em todos os locais possíveis para postagem de
clientes, oficiais ou não. Eu mesmo já tive uma coleção de problemas com isso,
sendo claustrofóbico com laudo assinado.
Estruturalmente a faculdade
é um desastre que ao meu ver não tem grandes chances de modificação, exceto se
tivermos uma mudança generalizada na mentalidade dos profissionais envolvidos.
O que sempre salvou a
instituição foi a qualidade do ensino apresentado, algo que eu enaltecia até o
fim do sexto semestre do curso. Esta postura, a meu ver, foi totalmente
alterada, pondo fim à qualidade citada.
A Universidade criou um
projeto de curso voltado exclusivamente para a aprovação no curso da OAB.
Tornou-se praticamente um cursinho de cinco anos, com resultados pífios, nesse
sentido. O que temos é uma reprodução copista de conhecimentos, leitura de
artigos e uma explicação técnica de cada um deles, algo que uma pessoa de
inteligência média pode conseguir lendo os códigos.
Eu mesmo, em 2007, fui
aprovado no concurso para Escrevente, sendo formado em Artes Plásticas, apenas
pegando os códigos e normas, lendo e relendo os artigos determinados no edital,
decorando-os sem muita preocupação, e conseguindo minha nomeação, na frente de
muitos graduados. Agora, a única melhoria em relação ao meu método é que eu
tenho alguém que venha tirar minhas dúvidas.
Não existe qualquer produção
de conhecimento no sentido real da palavra. Pessoas, que estão para interpretar
as leis e aplicá-las em caso concreto, não são nem mesmo estimuladas a
conseguir fazer uso do material oficial com a vida real. E isso fica bem claro
nas aulas de prática jurídica, a meu ver, o aspecto mais decepcionante do
curso.
Tais aulas, ministradas aos
sábados, tirando totalmente a possibilidade de descanso dos alunos depois da
semana cheia de aulas e o trabalho para pagar o curso de cada um, apresentam
uma infinidade de peças jurídicas, escritas por advogados em defesa de um
cliente, numa situação hipotética, uma limitação que nenhuma relação tem com a
prática de um profissional jurídico, a não ser um advogado.
E para piorar, analisando
uma situação imaginária, apresentada para que o futuro advogado defenda os
interesses de uma determinada pessoa, indicada pelo caso, o que temos é uma
folha de respostas que deve ser fielmente seguida. Se eu analisar o código e o caso
e encontrar uma forma de defesa diversa, e argumentar nesse sentido, perderei
pontos por fazer uso de outra tese, cuja justificativa é a realização da prova
da OAB, que em geral pouco tem me interessado, e conforme já citado, não seria
necessário uma faculdade pra isso, exceto pela necessidade do diploma.
O que posso dizer que em,
até agora um ano e meio tendo aulas de prática, a única coisa que posso
apresentar é a realização de um modelo de petição feita por advogados, o que
tenho contato direto em todos os dias da minha vida profissional, bem como não
mais que uma aula seria suficiente. Mas em geral, não vejo grandes proveitos em
perder todos os meus sábados para atingir um resultado tão pífio e de pura
memorização.
E tudo isso, no fim, com um
boleto de R$923,00, mais de 200% de aumento, utilizados de forma enganadora,
com descontos fornecidos em uma mensalidade cheia, no intuito de poderem evitar
uma chuva de ações judiciais. Ou seja, pagamos infinitamente mais caro por um
ensino infinitamente ruim.
Para fechar com chave de
ouro, o Trabalho de Conclusão de Curso é uma imensa e sem graça piada. Algo
feito inteiramente pela plataforma virtual, com instrução muito pobre sobre os
pontos exigidos, sem qualquer ensino sobre metodologia científica. Eu sequer
conheço o rosto do meu orientador.
Na data da apresentação um
dos professores da banca, no início da minha fala saiu da sala e voltou quando
havia encerrado. A meu ver, tive um bom desempenho, dito também por colegas que
assistiram. Não foi feita qualquer pergunta e mesmo assim perdi quase 2 pontos
na apresentação. Enviei e-mail pessoalmente questionando o orientador, sem
receber qualquer resposta. No fim, aceitei a nota apenas para me ver livre
desse pesadelo, sabendo que as pessoas que avaliaram não demonstraram qualquer
capacidade para o fazer.
Como conclusão do curso,
vejo uma instituição muito ruim, muito desorganizada e sem qualquer abertura
para ouvir as necessidades e reclamações de seus alunos, que pagam e sustentam
a instituição. A resposta que tive, em contato direto com o diretor geral, foi
que a situação é assim há 13 anos, dando certo então vai ficar. Há 13 anos o
país era bem diferente para dizer que não precisamos mudar nada, eu acho.
Não vale o dinheiro
investido. Saio da instituição com vergonha de ter este nome no meu diploma e
já pensando rapidamente numa pós, para poder deixar essa instituição como
totalmente secundária na minha vida. Acredito que mesmo falando em ensino
particular, há instituição pelo menos não tão ruins, que valorizem seres
pensantes, e não somente memorizadores de artigos e de peças.
Se alguém quiser meu
conselho, não venha para esta instituição, pois ela não vale o sacrifício.
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