A possível subida de Donald
Trump ao poder na maior nação do planeta, bem como a ascensão do Estado
Islâmico no mundo muçulmanos tornaram-se preocupantes marcos da ações radicais,
de conseqüências claras e gravíssimas. Mas de forma alguma, são as únicas.
Talvez por graves e
seqüenciais crises econômicas, associadas a uma infindável intolerância
religiosa que existe desde que existem as religiões, as pessoas passaram a
tomar rumos cada dia mais extremos em suas formas de pensamento.
O radicalismo de direita é
visível diante de governos de esquerda que agiram em alguns países do mundo:
Donald Trump nos EUA, a saída do Reino Unido da União Europeia, o Estado
Islâmico. No Brasil, o imbecil movimento separatista do Estado de São Paulo;
apoio a ações extremas da polícia; culpa de problemas a movimentos sociais,
etc.
Mas existe também um
crescente e proporcional radicalismo de esquerda, como vemos na Venezuela, ou
em apoio irrestrito a políticos condenados do PT, com pagamento de fiança ou
contas pessoais por partidários do povo, etc. A diferença é que, como o momento
global tornou-se propício ao crescimento da direita, o radicalismo de esquerda
é bem mais fraco, em termos de ações.
Como um pensador de
esquerda, acredito que as soluções ali propostas são mais plausíveis para
igualdade social. Mas ser de esquerda não quer dizer que eu seja comunista,
bolivariano ou qualquer coisa do tipo. Acredito que, a tentativa de chegar à
justiça social não exclui necessariamente o capitalismo. E mesma que seja o
objetivo final, ainda devemos lembrar que este sistema econômica é o preferido
pela maioria das pessoas, sejam devidamente instruídas ou não. Não vejo
qualquer lógica em impor uma revolução para mudar isso à força. Seria mais uma forma
de radicalismo.
Para qualquer pessoa que
goste de estudos técnicos, de história, de filosofia, economia, geopolítica ou
qualquer área do conhecimento, as idéias apresentadas por grandes nomes de cada
área são fascinantes e essenciais. Para quem gosta de filosofia política, como
não admirar Thomas Hobbes ou Nicolau Maquiavel, mesmo que suas idéias tenham
sido contra qualquer tipo de liberdade? Como entender os pensamentos
contrários, de Locke ou Montesquieu, se você não leu seus antagonistas, que
inclusive foram a razão de suas criações?
Por que eu devo escolher
entre Marx e Adam Smith, se ambos, dentro da área econômica, foram
incrivelmente brilhantes e visionários, mesmo sendo radicalmente contrários?
Como eu posso sequer criticar o comunismo se eu nem conheço as idéias que o
criaram?
Até mesmo as pessoas que
agem de forma intelectual pegam algumas idéias as usam como se fossem meros
manuais de instrução. Se quer verificar isso, basta ver textos de economistas:
adota-se um modelo contemporâneo e o aplica de forma integral, criticando os
demais. Que porra é essa? Quando foi que um pensador, em qualquer momento da
história, conseguiu acertar de forma integral alguma coisa? Todos os filósofos
que eu citei, por exemplo, foram brilhantes, geniais e inovadores, mas todos
apresentarem modelos que consideravam, e foram em seu tempo, soluções a grandes
problemas, mas que ao serem implantados, confrontados com a realidade social e
com sua intensa e inegável modificação, trouxeram erros grotescos, que
precisaram ser corrigidos por outros pensadores ou técnicos, que contrariaram
suas idéias.
Mas em nenhum momento houve
certeza absoluta. Quer dizer, quem apresenta a idéia sempre tem certeza
absoluta. Mas a prática mostra que nunca é assim. E isso ocorre porque a raça
humana está em constante e eterna inovação e movimentação. As coisas mudam, as
necessidades mudam. E atualmente numa velocidade frenética.
A falta de flexibilidade no
diálogo com idéias diferentes, levados hoje a um status assustador e absurdo,
cria única e exclusivamente novos problemas para o mundo. Não consigo mais
enxergar lógica em textos de economistas, porque eles simplesmente são
incapazes de se conectar com outras áreas e analisar problemas sociais de forma
ampla. Não leio mais nada que venha de religiosos, porque eles acham que a
palavra de Deus/Alá/Jeová/ou-a-puta-que-o-pariu-do-caralho são únicas,
imutáveis e inquestionáveis.
E nisso, não temos sequer
vislumbre de solução. Não temos sequer vislumbre de evolução. Pelo que pude
observar nos últimos anos, estamos andando para trás.
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