Em 2010 votei na Dilma, nos dois
turnos. Expliquei na época, que a maior razão era meu posicionamento anti-Serra
e anti-PSDB. Não tinha qualquer expectativa de um bom governo, nem de voltar a
votar nela em 2014. Acreditava que naquele momento ela era o que poderíamos
chamar de possível, diante do quadro que tínhamos em nossa frente. Inclusive
cheguei a comentar para várias pessoas que se a eleição tivesse sido entre ela
e o Aécio, teria anulado meu voto.
Hoje, pouco mais de dois anos depois,
minha concepção do governo Dilma mudou radicalmente. Tive alguns poucos elogios
a fazer em relação ao governo FHC, e alguns mais a fazer em relação ao governo
Lula. Acho que ela está conseguindo pegar o que havia de bom nos dois lados, e
dar algumas melhoradas com seu próprio toque. Comecei desacreditando
completamente nisso, e hoje estou me rendendo à qualidade do governo da nossa
presidenta.
Foi a primeira vez que vi alguém
bater de frente com seus aliados partidários, tentando montar um governo
puramente técnico. Tentando manter seus aliados, mas dando prioridade à
qualidade de seus agentes. Um pouco de esperteza ao usar alguns nomes polêmicos
de seu partido, para nas primeiras denúncias em seu governo afastar um a um. De
início, criticou-se a presidenta pela falta de habilidade em contemplar seus
aliados, mas eu pelo menos fiquei admirado de pelo menos uma pessoa neste meio,
num cargo tão importante, rumar para o que considerava certo.
É primeira vez que temos uma redução
nas contas de energia, ou em qualquer tipo de conta que o povo tem que pagar.
Reduções sucessivas em impostos para incentivar o consumo. O Brasil conseguiu
passar sem tantos ferimentos por uma crise que colocou a Europa e os EUA de
joelhos. Está inserido no mundo como um país admirado e respeitado, pela
primeira vez em sabe-se lá quantos anos.
Na política externa, tem mantido uma
neutralidade (às vezes irritantes e equivocada), mantendo boas relações com
todas as nações. E boas relações significam parceiros comerciais. Países
grandes de direita, e países pequenos, de esquerda. O Brasil toma partido de
manter a soberania nacional de cada país ao seu redor. Errando um pouco em
relação ao Paraguai, motivado por uma política voltada a um determinado enfoque
na América do Sul, mas com muito mais acertos do que erros.
O desemprego está controlado, a
inflação idem. O governo tem controle sobre a variação de preços da moeda
americana. A presidenta tece elogios a seus adversários, agradecendo as
contribuições de Fernando Henrique para o país, mostrando respeito para com
seus discordantes. Faz questão de manter uma excelente relação com Geraldo
Alckimin, onde dois partidos praticamente inimigos trocam elogios
surpreendentes.
Claro, há erros, e muitos. Os erros
aparecem na mídia, todos os dias. Alguns meios são especializados em criticar o
governo, então eu não preciso comentar sobre eles, basta ler jornais e
revistas. Mas os acertos não aparecem. E eles têm sido muitos, e muito bons
para o povo.
Posso me arrepender do que estou
escrevendo neste momento, quando estiver em 2014, ou em 2018. Mas acredito que
temos atualmente uma das melhores líderes que este país já viu. Cercada por um
mar de pilantras, num partido que perdeu sua identidade e sua ideologia, numa
coligação que é uma negociata interminável, sendo massacrada pela mídia, acho
que ela tem conseguido surpreender, e muito, tudo aquilo que eu poderia sonhar do
que ela faria.
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