Um dos pontos que tenho batido e pé
incisivamente é que não aceitarei que um futuro filho meu seja batizado. Nem
sequer permitirei que o levem pra qualquer culto religioso enquanto ele não
tiver consciência suficiente para entender o que está sendo feito.
Provavelmente a maioria vai achar que este é um ato meu por ser ateu, mesmo que
eu argumente. Mas eu acredito que enfiar uma crença religiosa numa criança é um
atento contra seu desenvolvimento intelectual.
Quando eu era pequeno minha avó
materna me infernizou algumas vezes pra ir pro centro espírita. Eu lembro que
tivemos algumas discussões e na maior parte das vezes eu fui obrigado, o que me
faz ficar furioso até hoje com essas lembranças. Pra mim aquilo era algo
chatíssimo e sem sentido, uma vez que eu não sentia porra nenhuma naquele
lugar. E olha que admiro o espiritismo em muitos aspectos.
Eu devia ter uns 10 anos, talvez
menos. Não consegui entender perfeitamente o conceito de Deus, nem o que
representava a bíblia, encarnação, céu e inferno, nem nada dessa baboseira.
Aliás, naquela época eu nem lembro se levava alguma coisa a sério na vida. E
olha que minha tia sempre me diz que eu nasci comunista, uma vez que era
contestador desde criancinha.
Agora imagina uma criança que é
criada num meio evangélico fervoroso, onde a mãe usa deus pra argumentar
qualquer coisa que aconteça. Na cabeça da criança, Deus é a resposta pra
absolutamente tudo. Fora que a criança vai crescer morrendo de medo de fazer
qualquer coisa que desagrade a deus e ir queimar no inferno por causa disso.
Não da pra exigir que uma criança
compreenda o que está sendo falado. Ela jamais irá compreender o que representa
atitudes que levam à punição eterna, nem o que é uma sessão mediúnica, ou o que
é um ritual de yoga. Esse pensamento abstrato só vem quando nos questionamos
sobre a nossa existência e sobre a realidade em que vivemos. Que questionamento
uma criança vai fazer?
Eu mesmo jamais poderia exigir de uma
criança que ele concluísse pela não existência de deus, uma vez que ela jamais
poderá entender os questionamentos que levam uma pessoa a contestar o pensamento
cristão, e as críticas que fazemos às filosofias teológicas. Isso não faz parte
da mentalidade de uma criança.
Acredito piamente que ao você levar
uma criança para frequentar uma crença religiosa, você está primeiramente cercando sua liberdade, uma vez que seu
contato com as demais crenças irá ser nulo, o que podemos concluir que seja
definitivamente uma lavagem cerebral. Com isso, a fé desta pessoa jamais irá
ser sólida, uma vez que ela nunca irá ter pontos de vista pra contestar. E
quando isso ocorrer, provavelmente ela irá desmoronar.
Por outro lado, quando alguém
acredita, ou deixa de acreditar em algo, é levado a isso por vários motivos. E
esses motivos são pessoais, e algumas vezes inexplicáveis. Forçar algo não vai
fazer com que nenhuma fé ou nenhum sentimento se consolide. Pelo contrário,
pode ocorrer como ocorreu no meu caso, ou no caso de uma prima minha, em que
esse exagero de fé levou a uma raiva que jamais passou. Aí o tiro se volta
contra a própria arma...
Não pretendo que um filho meu seja
ateu, nem vou fazer qualquer coisa pra impedir isso. Espero que ele tenha
consciência e inteligência o suficiente, para no momento certo tomar as
próprias decisões. Espero que ele faça isso baseado em suas experiências e em
seus sentimentos, e não pelo que a família quer. E espero que qualquer decisão
a ser tomada seja sólida, pelo menos ao passar dos tempos, pois todo ponto de
vista sofrerá um bombardeio por toda a vida.
Por isso, aconteça o que acontecer,
filho meu só será batizado se assim ele escolher, e quando a idade for
compatível com sua capacidade de escolha, sem influências nem promessas de
vantagens. Não importa contra quem eu tenha que brigar pra isso.
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