sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Isolamento do mundo


Uma das minhas piores características foi sempre ser muito tímido. Por anos e anos eu lutei contra este mal, que tanto prejudica as pessoas. E em uma crise existencial, no início deste século, comecei a “soltar” tudo o que sentia pra todos, criando também uma certa “neurose” com todos aqueles que conhecia. Demorei alguns anos pra conseguir encontrar um equilíbrio, onde poderia conversar com meus melhores amigos sobre tudo o que realmente sentia, e com boas pessoas, ponderadas, sobre os problemas normais do dia a dia.
Particularmente sempre tive a necessidade de me expor. Acho que quando estamos vivenciando um problema muito sério, mergulhamos nele, e perdemos por completo a capacidade de analisar a situação, assim como de sair dela. Às vezes pessoas que estão olhando por fora têm a clara saída, e só precisam ser questionadas. Mas mais do que isso, guardar coisas ruins pra mim tem o efeito de me envenenar. Deixar de conversar é o mesmo que cortar meus braços.
Para aqueles que vêem meu perfil no facebook, ou acompanharam no Orkut, sabem que eu não tenho qualquer tipo de bloqueio. Quem quiser ver minhas fotos pode ver, quem quiser ver minhas postagens vê, e quem quiser ver recados vê. Não abro totalmente minha vida, mas acredito que estarmos numa rede social pressupõe dividir muita coisa com uma rede de pessoas ligadas no mundo todo. Se eu não quisesse isso, não teria o meio.
Mais do que isso, criei este blog, para deixar livre minhas idéias pro mundo. Gosto muito de escrever, e sempre fiz isso. Mas depois de algum tempo em que textos são guardados sem divulgação, perdem a graça. Fiz muitos antes de 2009, que se perderam. Eram idéias jogadas fora. Com este blog posso expor meus pensamentos. E boa parte das coisas refere-se a vivência pessoal, coisas que eu vivi, que senti e sofri. Todas as pessoas passam a ter uma noção do que se passa pela minha cabeça. Ainda acredito que esta é uma grande forma de se “exorcizar os demônios”.
Não sei quantas pessoas lêem o que eu escrevo, nem sequer quantas abrem a página do meu blog, mas isso nunca me limitou ou me deixou triste. Simplesmente me sinto bem fazendo isso. A necessidade de se expandir sentimentos com pessoas me leva a tais atitudes, e algumas vezes parece tirar um peso das costas. Pouco me importa o que vão pensar de mim, ou se vão me criticar, me xingar. Já recebi paulada por ser ateu, por manter pensamentos de esquerda, ser contra estatização, por me colocar contra idéias trabalhistas que acho absurda. Fico feliz, na verdade, que tenham pessoas que possam sentir alguma coisa com o que escrevo.
Quando converso com as pessoas, deixo “sair” muita coisa ruim que fica guardada. E de quebra, posso ouvir alguns conselhos, muitas vezes úteis, de pessoas que buscam o meu bem. E se não derem conselhos exatamente, em geral tentam fazer com que eu me acalme e pense melhor no que estou fazendo. E isso tem sido realmente importante na minha vida. Até porque eu moro sozinho, não tenho tantas pessoas assim pra me fazer pensar em assuntos alegres o dia todo, assim como na maioria das vezes não tem alguém pra fazer com que eu desvie de coisas que me incomodam.
Não vou deixar de ser ateu por causa de conselhos, nem vou parar de ouvir heavy metal, assim como não vou abandonar minha paixão por gatos. Não vou deixar de acreditar em coisas boas, nem deixar de ser honesto. Muitas pessoas poderão me julgar, falar mal de mim quando não estiver. Isso tudo também não me importa. Na verdade, fico feliz em ser importante para algumas pessoas a ponto de perderem tempo criticando algumas opções que faço. O que importa é nunca ser sufocado pelos meus pensamentos sem sentido...

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