Eu preciso confessar que “pena” é um sentimento que não sinto mais, exceto por aquelas pessoas que sofrem sem ter culpa disso, como é o caso de pessoas que estão em meio à guerra civil em países africanos, aqueles que morrem em conflitos religiosos sem sequer optarem por se envolver, etc. Mas acredito piamente que as pessoas, em geral, sofrem, porque escolheram sofrer.
Acredito demais que fazemos diversas escolhas na vida, e algumas destas escolhas podem nos levar a sofrer muito. Podemos nos amaldiçoar pelo fim de um relacionamento ao invés de tentarmos melhorar e encontrar pessoas que nos queiram de verdade. Podemos optar por bebermos demais e fazer muitas besteiras por causa disso. Podemos optar por não fazer exercícios físicos e termos sérios problemas de saúde. Tudo depende exclusivamente de nossa escolha.
Por isso, não sinto pena das pessoas. Não fico tocado quando alguém chora por amor, ou porque está estressado demais com o trabalho. Tudo isso pode mudar, dependendo unicamente da vontade de cada um. Mas, mesmo assim, isso não significa que eu despreze o sentimento de qualquer pessoa.
Mesmo que a pessoa tenha escolhido sofrer, muitas vezes, ela não consegue enxergar este sofrimento, nem sequer os caminhos que ela pode escolher para sair deste mundo. A maior parte das pessoas só precisa que alguém a ajude a caminhar nos momentos mais difíceis, como eu fui ajudado, assim como você deve ter sido um dia.
E este é o sentimento que creio que chamemos de compaixão: você ajudar as pessoas que precisam de sua ajuda. Compaixão é você não desejar que pessoas que cometeram erros feios sejam punidas e sintam dor, provavelmente elas já sintam o bastante. É tentar entender o que levou aquela pessoa a agir de determinada forma, e assim poder ajudá-la a encontrar o seu caminho.
Compaixão é você respeitar a decisão que uma pessoa toma quando decide seguir algum determinado caminho, mesmo sabendo que não é o que você seguiria, mas alertá-la para o sofrimento que poderá encontrar se realmente quiser seguir por ali.
Compaixão é você ser um amigo, mas não passar a mão na cabeça de alguém que esteja fazendo algo de errado, assim como não executá-lo por isso.
A diferença que deveríamos ter dos animais é este espírito de compaixão pelo próximo, saber que alguém sofre, e ser solidário a esta pessoa quando ela precisa. É você saber que aquela pessoa tem todo potencial para mudar de vida, que ela precisa somente de um empurrãozinho, se assim ela desejar, e não que alguém sinta pena dela.
Mas é óbvio que nem todas as pessoas aceitam a ajuda. Algumas preferem se afundar na bebida ou nas drogas. Algumas preferem ser promíscuas demais. Alguns querem se matar por futebol. Com certeza sofremos quando alguém que amamos segue este caminho. É como uma grande perda, a morte de alguém que permanece vivo. Queremos fazer algo para trazer esta pessoa de volta. Queremos que ela continue fazendo parte de nossa vida. Mas muitas vezes nem sabemos qual o caminho correto a seguir. Isto é compaixão.
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