Semana passada ressuscitei um ódio em
mim que já estava bem controlado. Quer dizer, ressuscitaram. Tive que
ouvir que não fui um bom pai até meu filho completar um ano de
idade. Uma história que me trouxe muitos problemas, muito sofrimento
e muitas brigas, que achei que já tinha ficado no passado. Mas
parece que as pessoas gostam muito de reabrir feridas. E para piorar,
algo completamente descabido.
Com uma pequena digressão, faço
terapia há praticamente um ano com a mesma pessoa. Nesse meio tempo,
consegui abrir a minha mente pra muita coisa. Muitas formas de
pensar, muitas maneiras de agir, muitas realidades que estão
totalmente diferentes das minhas. Conheci pessoas, muitas mulheres,
com objetivos de vida, ações e demonstrações de afeto muito
diferentes do que eu sempre achei legal. Diria que todas me cativaram
de maneiras diversas, a maioria sendo hoje boas amigas. Mas o mais
importante é que todas me mostraram que existem muitas formas de
viver, ser feliz e sentir, além do que eu considerava correto.
Voltando ao tema em questão, quando
meu filho nasceu, eu não entendia um catzo de criança. Tinha medo
até de segurar. Lembro exatamente que na primeira semana de vida
dele uma doula que contratamos disse que, sendo a mãe a grande
responsável por prover o filho no começo da vida, uma vez que o
bichinho mama pra cacete praticamente o dia todo, existiam outras
formas de fazer a parte possível. E foi o que eu fiz.
Passei praticamente o primeiro ano do
menino sendo o responsável pela casa. Isso em relação à limpeza,
comida, organização, provimento de mantimentos, a maior parte do
trabalho externo. Fora o fato que como eu e a mãe dele nos separamos
no segundo mês de vida dele, nós buscávamos evitar o contato
direto entre nós.
Vou ser sincero que discordei
completamente das ideias usadas pela mãe na criação do menino. Não
vou entrar no mérito, mas considerava uma loucura total o jeito que
ela fazia as coisas. Até porque mesmo quando ela pedia pra eu ficar
com ele pra jantar por exemplo, qualquer mínima choradinha ela saía
correndo pra ver o que estava acontecendo.
Hoje, ele com dois anos, digo e afirmo
que minha abordagem com ele foi perfeita. E isso porque ele é um
garoto muito apegado a mim, sem dar muito trabalho ( no sentido de
birra ou coisas do tipo), muito regrado e carinhoso. Mas sou obrigado
a dizer que, apesar de toda a discordância, a abordagem dela também
foi muito bem sucedida, porque com ela o que eu vejo é exatamente a
mesma coisa. Nós tivemos duas formas diferentes de relacionamento
com ele, com focos bem diferentes, e nitidamente os dois foram
extremamente positivos.
Daí fica claro pra mim que as
soluções e as formas de demonstrar amor ou qualquer tipo de afeto
variam, mas são válidas. Pode até ser que se eu não tivesse tido
as excelentes experiências que tive durante esse último ano de vida
eu pudesse criticar a forma dela fazer as coisas, porque continuo
achando uma loucura. Mas existe uma forma correta de demonstrar amor?
Eu posso dizer que alguém inventou a fórmula mágica para se
relacionar com cada tipo de pessoa, em cada idade?
Não tenho como negar que ela é uma
boa mãe. Apesar de muito rancor em muitos aspectos, sempre disse
isso pra todo mundo. Tenho algumas críticas a certas atitudes, mas o
geral é que ela se saiu bem nesse aspecto. Da mesma forma que as
pessoas podem discordar da minha forma de me expressar, mas acho que
tive um desempenho excelente, muito melhor do que qualquer pessoa
poderia esperar.
Sendo assim, meu ódio por tais
acusações chegou num nível de ódio que tornou impossível
qualquer tipo de relação com as pessoas que assim me descreveram.
Entendo que essas pessoas não tem inteligência, nem maturidade
emocional, para entenderem que a forma que elas entendem como a
melhor pode não ser para todos, e mesmo assim podemos ter uma vida
feliz e muito bem sucedida. . Não há nada de errado na maneira de
amar, enquanto não criamos mal aos outros.
E essa história me trouxe prejuízos
que posso considerar irreparáveis. Na época, foram noites mal
dormidas, muitos problemas de saúde, problemas no meu trabalho, pois
minha concentração praticamente deixou de existir, e muitas pessoas
que considerava como amigas simplesmente viraram a cara, por
comprarem essa ideia ridícula e absurda sem qualquer tipo de análise
dos fatos. Por muito pouco isso não termina de forma trágica.
Graças a essa baboseira eu perdi a primeira festa de aniversário do
meu filho, algo que jamais irei perdoar os responsáveis.
Mas o fato é que eu consegui. Meu
filho claramente é apegado a mim. Quem já nos viu juntos sabe que é
inegável. Meu objetivo foi atingido com extrema perfeição. Além
disso, no meu último ano de vida conheci pessoas incríveis e fiz
coisas que sempre desejei. Apesar de ter sido quase na marra, as
coisas estão se saindo incrivelmente bem até agora. Teremos
problemas futuros, como todas as relações humanas, mas por falta de
amor e dedicação, não vai ser. Da mesma forma que imagino que não
serão as razões dos problemas que meu filho vai ter com a mãe.
É preciso que as pessoas entendam que
o fato de você não agir exatamente como elas querem que você aja,
ou que elas consideram como a forma correta, signifique que não
sinta algo, que não demonstre, ou que não haja uma busca incansável
pela felicidade geral. Respeitar as diversas formas de amor não
significa somente apoiar o casamento gay. Você tem que entender que
as pessoas agem, sentem e demonstram de forma diversa uma das outras,
e isso é ótimo. Parar de agredir ou tentar destruir a imagem das
pessoas porque você não concorda com a forma de pensar seria algo
ótimo para crescimento emocional e até pessoal.
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