Depois de muito tempo, tive um
interesse verdadeiro e real por uma mulher. Uma moça que trabalha em
dois, às vezes três empregos, estuda, tem filho, corre de um lado
pro outro, gosta de sair pra barzinho, tem amigos... em termos
práticos, talvez não tenha nada de diferente de grandes pessoas que
conhecemos, e obviamente ela tem outros atributos que me despertaram
interesse real.
Mas o que ficou claro pra mim,
pensando em como eu conheci minha ex-mulher, ou outros
relacionamentos que eu tive, é que todos nós nos interessamos pelas
pessoas como elas são. Livres, fortes e batalhadoras. Essa
personalidade autêntica, com brios... isso é o que conquista.
Fiquei pensando, no casamento que eu
tive, como isso foi se perdendo. Não somente pelo casamento. Mas as
pessoas deixam de ser elas mesmas. Se acomodam, usam outros como
muleta, se anulam. Vi isso ocorrer com um casal, em que a mulher
basicamente adotou a personalidade do marido, mudando alimentação,
passando a gostar das mesmas coisas que ele. Ao longo dos anos, ela
se tornou uma versão feminina dele.
E digo isso não como forma de
criticar os outros. Eu fiz isso. Eu me anulei por completo no meu
casamento. E ela nunca me pediu isso, nem fez qualquer coisa pra isso
acontecer. Eu assumi algumas responsabilidades e tensões que não
deveria, me preocupei demais em solucionar problemas que não eram
meus, e que eu não tinha possibilidade alguma de resolver. Com isso,
deixei de lado tudo o que gostava na vida. Até meus amigos, que são
a maior conquista da minha vida, acabei me afastando. Consequentemente,
devo ter me tornado uma pessoa bem menos interessante. Me tornei
estressado ao extremo.
Não existe bem tão precioso quanto a
liberdade. O direito de escolher, de seguir caminhos, de ter a sua
vida da forma como você achar melhor. Claro, dentro de
possibilidades mais ou menos finitas.
Quando você tenta mudar alguém
demais, impedir que faça coisas que ela gosta ou sinta prazer, tenta
coibir o bom relacionamento delas com seus amigos, você está
destruindo aquilo que te conquistou. E não só isso. Está
destruindo aos poucos a própria pessoa. Se você a conheceu livre,
por que raios você quer barrar isso depois?
Isso não significa um grande
“foda-se”. De repente alguém que você ama está envolvida com
drogas, fuma, tem hábitos alimentares horríveis, como fast-food
todos os dias... coisas que realmente levam a uma morte lenta e
sofrida. Aí acaba sendo uma obrigação tentar fazer ver que o
caminho está muito errado.
Mas nunca, em hipótese alguma, acabar
com a essência que essa pessoa é, com a vida livre que ela tem, que
foi isso que te faz se apaixonar, ou amar de verdade.
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