A
última semana de abril de 2015 será marcada eternamente em nosso país como um
dos maiores marcos negativos à nossa democracia. Nesta semana, durante a
votação de projeto de lei na Assembleia do Paraná, um grupo de manifestantes,
formada em sua maioria por professores estaduais, foi atacada por policiais que
tentavam isolar o local. Ataque que envolvem disparo de bombas de borracha,
spray de pimenta e até mesmo cães. Repórteres e políticos da oposição foram
incluídos no ataque.
Não
importa se eram professores ou não. Importa que pessoas, por alguma razão,
manifestavam-se e protestavam contra atos do governo que não lhe eram
favoráveis, protesto este que é assegurado pela nossa lei maior, que no mundo
inteiro são o reflexo de uma nação democrática, que respeita o direito a todos
em expor suas ideias e opiniões, foi completamente desrespeitado pelo
representante maior do Estado, eleito por este mesmo povo.
A
repressão contra atos governamentais já é conhecimento público, quando o
governo pertence ao PSDB. O partido, que surgiu da esquerda e se bandeou
completamente para a ala mais retrógrada da nossa direita, tem em sua bagagem,
uma vasta história do uso da força policial para reprimir, muitas vezes com
violência, atos que são contrários ao governo. O mais recente havia sido
durante as manifestações de 2013, ato que envolvia não só o péssimo Geraldo
Alckimin, como o prefeito de São Paulo, que é do PT. O fato ganhou tamanha
notoriedade que o país inteiro resolveu aderir, em apoio aos paulistas.
Agora,
de forma absurda, inacreditável e injustificável, mais de 100 pessoas ficaram
feridas por lutarem por seus direitos. A polícia, a mesma que foi benevolente
com os protestos contra a presidente, agiu de
forma assassina, devo dizer, contra quem foi contra o governador. Porém,
17 policiais, que cumpriram o dever a que foram empossados, se recusando a
atacar de forma covarde os manifestantes, foram presos. Aquele que cumpre seu
dever de forma correta, é punido. Este é o PSDB.
O
governador alegou que os policiais foram atacados por black blocks. Em imagens,
nenhum foi visto, o que levou o jornalista da Bandeirantes, uma emissora
conservadora, a chamar o governador, extremamente conservador, de mentiroso,
tamanho o nível do ataque. Vários policiais pintaram seu corpo com tinta, para
tentar justificar suas tentativas de homicídio. Algo que chegou a beirar o
ridículo, sem qualquer punição por parte dos mesmos líderes que prenderam os
que se recusaram a atacar.
Após,
pra deixar um pouco mais interessantes os atos do governador, seu
pronunciamento foi de que prefere policiais sem estudo, porque são mais fáceis
para cumprir ordens. Pra quem entende bem, ele prefere pessoas burras, pois são
mais fáceis de mandar.
Um
show de horrores que faria inveja a muitos generais da ditadura, tamanha a
agressividade da polícia. Alguns feridos em estado grave. Uma desproporção que
imaginei não ver em um Estado Democrático de direito. O governador extrapolou
em muito seus poderes. O que foi feito foi agressão, ato definido como crime em
nosso Código Penal. Mais do que isso: diante da gravidade em que se encontram
alguns feridos, houve clara tentativa de homicídio. O governador do Estado do
Paraná, Beto Richa, não passa de um criminoso, que num país minimamente
decente, estaria neste momento atrás das grades.
Não
gosto do PT e discordo muito de muitas ações tomadas em governos do partido. No
entanto, uma das coisas que tiro meu chapéu, não só para ele, como para vários
partidos de esquerda (ou melhor, pseudo esquerda, pois esquerda no Brasil é uma
piada), é o respeito ao processo democrático. Nas manifestações anti-Dilma que
tomaram o país não houve qualquer tentativa de intimidação, repressão ou
agressão contra quem agiu. Muito pelo contrário: o que foi pregado pelo partido
foi o respeito a quem tentava apresentar suas reivindicações, mesmo sendo tais
reivindicações a saída da presidente, o que contraria a própria lei.
Num
país democrático que quer ser levado a sério no mundo, o direito de
manifestação é sagrado. As pessoais devem ter o
direito de manifestarem suas ideias, se expor os pensamentos. Ideias contrapostas
devem ser debatidas e utilizadas como forma de aprendizagem. Agredir quem pensa
diferente não é apenas anti democrático, é um ato de extrema burrice, pois além
da própria intolerância do ato, ainda se perde a oportunidade de aprender algo.
Em outubro
de 2014 votei na Dilma no segundo turno. Naquela época, contrariado por ser
minha última opção, pensei inclusive na possibilidade de votar nulo, diante do
fato de não gostar nem dela nem do Aécio. Hoje, além da comparação obvia nos
dois governos, onde o PT sempre leva vantagem nas conquistas e nos resultados,
agora fica claro que se a eleição fosse realizada mais 300 vezes, em 300 vezes
o voto certo seria na Dilma, pois apesar de não ser uma governante lá muito
boa, ainda respeita a democracia, coisa que os tucanos estão longe de fazer.
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