quinta-feira, 23 de junho de 2011

Brasil, o país da burocracia


Estes dias estava fazendo um Mandado de Citação, refeito pela sexta ou sétima vez. Não foi o maior. Refiz um deles dezoito vezes. A ordem foi feita em fevereiro, e só foi cumprida minha parte no fim de abril. Em geral, a direção do prédio mandava refazer para trocar uma ou duas palavras (que em geral tinham o mesmo efeito, como “contestar” e “responder”), mudar riscos, colocar um parágrafo mais pra cima, deixar itálico, etc.
Foi uma overdose de burocracia, vivida na pele, onde com certeza alguma pessoa foi prejudicada porque seu processo parou, uma vez que não me davam a oportunidade de finalizar o serviço, porque todas as formalidades que o diretor considerava necessárias não foram cumpridas, mesmo o objetivo do mandado ter sido plenamente satisfeito na segunda ou terceira vez.
Estava ouvindo uma entrevista de um francês, não lembro o nome, que fazia parte da reestruturação de um teatro, e ele disse que o brasileiro ama burocracia. Tenho que concordar com ele. Como aqui nós fazemos as coisas pra que elas não andem! Tudo você precisa ir pra um lugar, pra pegar uma senha, pra voltar no anterior, marcar visita, voltar outro dia, voltar pro segundo lugar que foi, pegar a senha pra ir de novo pro primeiro, ser atendido e agendar o retorno pra dali a trinta dias! É impressionante!
Obviamente algumas coisa precisam ser mais demoradas. Por exemplo, num processo, as petições precisam ser protocoladas, senão ninguém tem controle do que foi ou não pedido, nem se já está no processo. Também é preciso que você tire uma foto pra fazer seus documentos. Mas será que você precisa mesmo ficar três horas na fila pra isso? Será que você precisa mesmo pagar uma taxa num lugar, até uma determinada hora, pra, talvez, ser atendido no mesmo dia?
Pense em quanta coisa não poderia ter sido feita há muito tempo, se não tivéssemos tanta burocracia. Quantas escolas poderiam ter sido reformadas, quantos hospitais teriam sido construídos, quantos equipamentos de melhor qualidade fariam parte do serviço público, quantas contratações poderiam ser feitas, E quando feitas, quanta gente poderia estar trabalhando.
E sinceramente, pegando o caso do meu diretor, não da pra entender o que se passa na cabeça da criatura pra que tome tanta atitude inútil. O que vai mudar a porra do risco antes do parágrafo? O que vai mudar se teremos o mesmo conteúdo em dois ou três parágrafos diferentes? O que vai mudar se eu escrever em itálico, negrito, ou qualquer estilo que eu quiser? Será que ele entende de Mandado tão mais que o resto da humanidade, que somos incapazes de atingir sua genialidade?
Quem será o burro nessa história toda?

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