quarta-feira, 1 de setembro de 2010

A empurração continuada


Há quase vinte anos nosso país está tomado por uma das maiores aberrações que já tivemos contato: a aprovação continuada, ou popularmente conhecida como aprovação automática. O ensino tem sido dividido em ciclos, onde apenas no final do ciclo, que dura entre dois e três anos, o aluno poderá ser reprovado.
Esta prática tem sido usada com toda força pelo governo de São Paulo há pelo menos quinze anos, numa tentativa de incentivar os aluno a permanecerem na escola e fazer com que mais pessoas concluíssem o ensino básico. Há pelo menos dez anos sabemos, sem a menor sombra de dúvida, que tal prática é o mais completo fracasso.
Mesmo tendo a melhor das intenções, ficou claro que o sistema fez com que apenas o aluno freqüentasse a sala de aula, mas diminuiu sensivelmente a qualidade do ensino público. Cada vez menos alunos interessam-se pelos estudos, sabendo especificamente que não sofrerão nenhuma punição pelo pouco esforço.
Os alunos sabem desde o primeiro dia que irão passar para a série seguinte. Assim, não se importam muito em aprender e ter um bom desempenho ao longo do ano. Mesmo em matérias em que tenham alguma predileção, a lei do menor esforço prevalece.
Combinado a isso, as conversas com os colegas, a bagunça a diversão começam a chamar mais a atenção. Os professores passam a precisar serem verdadeiros gênios para conseguirem chamar a atenção dos alunos. Mesmo os melhores, os realmente muito bons, não conseguem manter o interesse dos alunos sempre.
Com isso, a quantidade de alunos que chega ao Ensino Médio sabendo ler precariamente, escrevendo muito mal, e incapazes de interpretar um texto é gigantesca. Concomitantemente, os alunos que se formam nas faculdades estão num nível cada dia menor, e o que se vê são profissionais de péssima qualidade, como já está mais do que claro.
Pode realmente ser que a intenção tenha sido das melhores. Pode ser que a idéia tenha sido de aumentar as chances de alunos se formarem. Pode ser que o que os nossos governantes quisessem tenha sido apenas de motivar os alunos. Mas está na hora de ter humildade de admitir que a idéia não deu certo. Continuar nesta besteira é provar que o que se quer de verdade é que o ensino vá por água abaixo.
Existem diversas possibilidades para que não voltemos ao modelo antigo: podemos estipular níveis semestrais, como ocorrem nas faculdades; podemos criar etapas bimestrais, onde os alunos apenas fariam as disciplinas em que estivessem com pior desempenho, em horário diferenciado, sem prejudicar o restante da evolução escolar, exceto se o número de disciplinas de mal desempenho seja muito superior ao de bom desempenho.
A partir de então podemos pensar em uma série de alternativas para chegarmos a um meio termo, mas sem insistir num erro que está afundando e enterrando de vez a nossa sociedade, quando se pretende ter um país que será um potência mundial.

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