De alguns anos pra cá,
estamos vendo crescer no mundo um movimento altamente conservador, em sua
grande maioria, radical e perigoso. O Estado Islâmico no Oriente Médio, a onda
neo-nazista em vários países da Europa, bem como a crescente xenofobia que
tornou-se pauta governamental. A ascensão de Donald Trump nos EUA, o
crescimento da bancada evangélica no Brasil.
É preciso deixar claro que
eu sinto um profundo repúdio pelo conservadorismo. Acredito inicialmente que as
leis da física deixam claro que conservar é algo bastante transitório e
efêmero. Nem mesmo os continentes permanecem no mesmo local, apesar da
movimentação ser tão lenta que sequer podemos perceber.
Como podemos imaginar que
ideias podem ser mantidas por décadas e décadas, justificadas por uma tradição
que começou com uma realidade totalmente diferente. As necessidades mudam, os
desejos mudam, a velocidade da vida em si muda. Não há como manter uma relação
estática segundo valores morais que são incapazes de se adaptar a uma realidade
que se move em progressão geométrica.
Mas mais do que isso: o
conservadorismo não é uma busca de estática para o eu. A ideia mais assustadora
e perigosa da onda conservadora é a obrigatoriedade de fazer com que outras
pessoas vivam sob um ditame moral que elas jamais aceitariam.
No Brasil temos visto a
promulgação de leis como a obrigatoriedade do ensino religioso ou de orações em
escolas públicas, prática que já abolida há muito tempo, diante de nossa
inserção em um Estado laico. Ou pregações evangélicas durante sessões
legislativas, no Congresso Nacional, em Assembleia de Vereadores ou tantos
outros órgãos públicos, cuja função inclui manter distância de organizações
religiosas.
Esta mesma religião que
tenta condenar qualquer forma de aborto, mesmo quando traz grave risco de vida
à mulher, ou quer controlar a vida sexual de toda e qualquer pessoa do sexo
feminino, por ideias que não fazem parte de seus mundo.
Um conservadorismo que ainda
hoje tenta diferenciar as pessoas pela cor de sua pele, mesmo sabendo quantos
problemas sociais isso nos trouxe e nos traz nos dias atuais.
Este mesmo conservadorismo
que quer fazer as pessoas acreditarem que alguém pode ser agredido e
assassinado simplesmente porque tem desejos sexuais por pessoas do mesmo sexo.
Desejos estes que não atingem em nada a minha vida, nem de ninguém, não
tornando ninguém pior, nem melhor.
Por mais que se tente, não
há qualquer possibilidade de se observar algum aspecto positivo de atitudes
conservadoras. Sabendo que aquilo que eu considero correto e ético pode mudar
de uma hora pra outra, diante da velocidade da informação e entendimento que os
conceitos podem ter, como podemos aceitar como verdadeiro o fato de alguém
querer manter as verdades paralisadas no tempo e se recusar a aceitar aquilo
que nasce com o pensamento diferente?
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