terça-feira, 26 de julho de 2011

Um caminho escolhido


Interessante saber que a morte da Amy Whinehouse (ou seja lá como se escreve o sobrenome) fez com que suas vendas e dowloads disparassem em todo o mundo. Imagino que este sucesso poderia ter sido muito mais útil em vida, mas parece que as pessoas se comovem com mortes precoces ou abruptas de grandes nomes da música. Quanta gente que não fez vigília na porta da casa dela, levando tudo quanto é tipo de presente. E quanto a isso, sabe o que eu sinto? Nada!
Sim, pra mim é indiferente. Isso porque eu respeito a escolha que ela fez pra sua vida. Ela escolheu, deliberadamente, manter o caminho das drogas e do álcool. Tinha todas as condições do mundo pra parar, mas não o fez, seja por fraqueza, por prazer, por comodidade. Não fez. Foi avisada de que sua carreira estaria encerrada se continuasse nesse caminho, ou mesmo sua vida, e tendo a informação nas mãos, escolheu a morte. Definitivamente, não da pra sentir pena.
E toda essa leva que morreu aos 27 anos, teve a mesma saída. Preferiu a morte. Escolheu se manter no caminho de ilusões, e terminou de maneira trágica. Overdose, suicídio, degradação. Tudo é opcional, e pode ser evitado. Mas as pessoas preferem a dor.
E quantas Amys, Curtis, Jims, Janis e todos malucos possíveis, temos no nosso dia a dia? Quanta gente sabe que o cigarro mata, e continua fumando como uma chaminé? E ainda dizem que vão morrer mesmo. Talvez porque não saibam o que é um enfisema, ou um câncer, ou ter um pulmão invalidado.
Quanta gente continua na cocaína, mesmo sabendo que ela vai acabar com o próprio organismo, vai afastar a família, os amigos, vai fazê-lo perder tudo? Quanta gente não prefere ver todos os que ama sofrendo, a sair dessa loucura?
E quanta gente não se mantém firme e forte no que pra mim é a pior das drogas: a bebida? Quanta gente não vê apenas como “zoeira”, mas sente uma necessidade enorme de todo final de semana tomar sua cervejinha? Quanta gente não passa dos limites rotineiramente, e arruma brigas, inclusive com quem ama, sofre acidentes de trânsito, se expõe à situações humilhantes? Quanta gente todos os anos não entra em sociedades para deixar os vícios, depois de perder tudo o que de mais importante tem na vida?
Será que é tão ilusório que essas pessoas não conseguem enxergar a verdade? Será que é tão difícil fazer uma simples escolha, entre aquilo que realmente é importante na sua vida, e o que apenas traz um prazer momentâneo? Ou será que pra essas pessoas a vida é tão inútil, que é preferível acabar com ela assim? Não seria mais fácil, rápido, e eficiente, um tiro na cabeça? Será que vale a pena viver dessa forma?
Por isso, não tenho nenhuma pena da Amy. Não sinto o menor rastro de tristeza por sua vida, e pelo seu fim. Ela, com a liberdade que teve, poderia escolher qual o seu destino, e escolheu o trágico. Assim como muitas outras Amys têm escolhido, e eu não sinto a menor pena de nenhuma delas.

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