quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Punição Eterna

Estive propondo um debate sobre arte, em uma sala de aula, e por algum motivo que no momento não sou capaz de lembrar, o debate recaiu sobre crimes, e suas penalidades. Uma garota mostrou-se favorável a matar todos aqueles que cometem crimes hediondos, enquanto eu me coloquei contrário a isso. A garota se revoltou, dizendo que era absurdo defender um estuprador, um assassino, um pedófilo, etc.
Não costumo defender ninguém. Na verdade, me considero um cara bastante cri-cri. Mas como aprendi muita coisa nestes últimos anos, e entre elas, aceitar algumas coisas como elas são, prefiro pensar bastante antes de tomar alguma atitude, ou de condenar alguém. Isso não significa que não podemos punir quem erra, mas creio que uma punição “definitiva” não vai alterar em nada o quadro social.
Primeiramente, acho que temos que observar a situação como um todo. Não sabemos o que leva uma pessoa a cometer algum crime hediondo, como o assassinato. A pessoa pode ser problemática mentalmente, pode ser que seja uma pessoa revoltada da vida, que jamais recebeu qualquer tipo de apoio durante toda a vida, e acabou passando necessidade, pode ser que seja somente alguma pessoa maldosa e que goste de ver o sofrimento alheio (o que pra mim com toda certeza é um sinal de gravíssimo distúrbio mental). Enfim, podemos ter inúmeras possibilidades.
Não que nada justifique matar alguém. Ninguém tem o direito de tirar a vida de ninguém, mas retribui um erro com o mesmo erro é um dos maiores sinais de burrice e de atraso que podemos presenciar. Me considero superior a esse tipo de criminoso. Jamais teria coragem de matar alguém, nem de estuprar, nem de roubar, nem nada. Então, como não quero ser responsável pela morte de alguém, não seria capaz de tirar a vida nem de um criminoso. E mesmo que fosse alguém que eu amo demais a vítima, qualquer vingança não traria a pessoa de volta, nem diminuiria o meu sofrimento. Ou seja, matar um criminoso não me ajudaria em nada.
Além disso, temos que considerar alguns fatores sociais, quando nos referimos ao nosso país. O grau de instrução do brasileiro está em um nível lastimável, a condição social também está longe do ideal. O nível de desemprego tem sido muito alto, mesmo nos nossos menores patamares. A corrupção e a impunidade são uma das mais altas do mundo, especialmente quando o criminoso é alguém que tem “poder”. O uso de drogas, por motivos diversos, está cada dia maior. Se tivermos que matar qualquer um, independentemente do que se passou em sua vida, creio que em breve reduziremos a população brasileira à metade.
Por fim, creio que ainda estamos muito longe de sermos perfeitos. Somos seres que cometem erros o tempo todo, sejam erros pequenos e rizíveis, sejam erros grandiosos. Como então, podemos acreditar que iremos sempre acertar quando estamos julgando uma pessoa? Por mais que a tecnologia esteja em alto grau, e que seja possível desvendar detalhes que eram inimagináveis antigamente, ainda assim, estamos sujeitos ao erro. E com isso, podemos levar à morte, alguém inocente.
Por isso, sempre fui contra a pena de morte. Sempre acreditei que são tantos pontos negativos neste tipo de penalidade, que não vale a pena o risco. Os benefícios ganhos com ela, em todos os lugares em que são adotadas, são quase desprezíveis. Nenhum país do mundo que adotou, teve diminuído o índice de criminalidade. Muitos erros já foram cometidos, e a qualidade de vida das pessoas não melhorou em nada. E ainda aqui somente alguns poucos miseráveis que são realmente punidos pelos seus crimes. Acho que existem muitas outras formas de fazer justiça, que não envolva mais derramamento de sangue.

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