domingo, 14 de junho de 2020

SINCERICIDIO


Estava lembrando, através de conversas que me fizeram pensar, de uma situação em que fui consultar uma profissional da área de psicologia sobre um tema específico, e essa pessoa, supostamente, disse que eu tive uma postura intimidatória. Segundo relatos, considerou que eu poderia ser agressivo. Até hoje não sei se é mesmo verdade, o que me deixaria perplexo de uma psicóloga em trinta minutos de conversa sobre um outro assunto me decifrar tanto. Mas digamos que certos conceitos fazem sentido pra mim hoje.
Quem me conhece bem sabe que poucas vezes eu tenho papas na língua. Eu até tento buscar palavras mais suaves, mas os conceitos pra mim são bastante específicos e precisos. E nunca vi motivo pra guardar essas coisas só pra ver todo mundo sorrindo. Odeio religiões, sou ateu convicto, abomino todo tipo de reality shows, acho funk uma bosta, odeio mortalmente Legião Urbana, sou um esquerdista fervoroso… e mais um monte de coisas que tenho uma opinião formada e clara.
E através de várias conversas, especialmente com uma amiga que gosto muito e tem me feito muito bem (posso falar seu nome, Adriana? rs), percebi que as pessoas se assustam bastante por eu ter uma postura firme nas minhas opiniões. Muita gente acha que eu estou sendo agressivo ou intolerante. E quem me conhece sabe que basicamente eu quero que se foda se você pensa diferente de mim ou não. E sabe ainda mais que seu argumento tem que ser excelente, munido de centenas de provas científicas, pra me convencer que você está certo.
Já tive uma infinidade de brigas com pessoas por posicionamentos divergentes. Umas tretas animais, que depois de uma semana, está tudo bem. O principal motivo é que eu não tenho nada contra você pensar diferente de mim, e eu amo a polêmica. Aliás, é com ela que se cresce intelectualmente. Acredito mesmo que todos os posicionamentos, desde que respeitem a existência da vida humana, são fascinantes e trazem coisas boas. Então por que temos que nos calar pra agradar os outros?
Até pouco tempo atrás minha grande divergência com as pessoas era o ateísmo. Eu basicamente sempre fui, e sempre me posicionei nesse sentido. Não faz sentido algum você ficar ouvindo um monte de gente falar de conceitos cristãos, o tempo todo, mesmo que de forma não intencional, ser inserido num universo que não faz sentido pra você, e você odeia, e ter que ficar quieto só pra todo mundo te agradar. E quando você fala alguma coisa você não tem respeito pela fé alheia.
Basicamente, se as pessoas não gostam do que eu digo, é problema delas. Se quiserem sair da minha vida porque eu penso dessa forma, foda-se. Já vai tarde. Quem me excluiu da vida dela por esse motivo sabe que em nenhum momento eu tentei qualquer tipo de contato. Algumas depois viram que é besteira e voltaram a me procurar. E por mim tudo bem. Talvez essa raiva e depois perceber que exagerou faz parte do crescimento. E tudo bem continuar sendo cristão praticante. Não tenho interesse nenhum em obrigar ninguém a nada.
Uma pessoa uma vez disse que eu posto coisas assim em redes sociais pra ganhar curtidas. Acho que essa foi a besteira mais espetacular que já me disseram. Vocês já tentaram se posicionar em um ponto polêmico? As pessoas saem de perto de você. A maioria não gosta de polêmicas. Por preguiça ou por medo têm medo de assumir posturas firmes em determinados assuntos, e não gostam que outras pessoas assumam tal postura. Eu nunca consegui muito apoio sendo polêmico, especialmente porque mesmo grupos ou ideias que eu gosto às vezes eu critico. Aí ganho inimigos de todos os lados. Mas foda-se, mais uma vez.
Você quer ganhar curtidas ou seguidores? Basta colocar fotos de bebês. Fotos sorrindo e dizendo-se grato ao universo por alguma coisa insignificante que você acha que conquistou. Dizer que você é mais forte que sei lá o que, e que nada vai te impedir de chegar aos seus sonhos. Fotos de filhotes de gatos, de cães, de gatinhos ronronando… (eu amo gatos, e amo essas fotos, só pra deixar claro). Às vezes coloco fotos dos meus gatos fazendo coisinhas fofas e me surpreendo com a quantidade de gente que acha lega. Aparece tanta gente curtindo que eu me assusto ao saber que tem tanta gente me seguindo.
O fato é que as pessoas odeiam sair da zona de conforto. Odeia contestar dogmas que aprenderam ao longo da vida toda. É uma bosta saber que você está perdendo tempo demais com algo que não faz sentido, ou que tem prejudicado mais gente que você imagina. Deve ser uma merda saber que você é futil, e se preocupa com coisas sem importância. Pelo menos na cabeça dessas pessoas.
Mas não é. Ultimamente tenho buscado posturas críticas sobre atitudes minhas ao longo da minha vida, que têm me feito mal. Ser estressado demais com algumas coisas, insônia, essas merdas. E gosto de saber o que causa, o que estão sendo em excesso, como fazer pra corrigir o problema. Os benefícios que temos pra vida, como um todo, são fantásticos. Logicamente que não é tudo que me falam que eu aceito. O que considero que a pessoa está errada eu questiono mesmo. E se ela não provar que estou errado, vou continuar questionando.
Algumas pessoas dizem que a verdade doi. Mas o que doi pra muitos é a opinião do outro, contrária a tudo o que você pensa e o que condicionou sendo seu ideal de vida. Algo totalmente sem sentido, porque a opinião de alguém teoricamente não teria, por si só, o poder de mudar a sua vida. Meu melhor amigo é evangélico e eu um ateu praticante. Isso jamais foi um problema, ao longo dos mais de 30 anos de amizade.
O fato é que não tenho muitos amigos por ser extremamente sincero. Mas os que tenho são os melhores. E a grande maioria tão sincero quanto eu, ou até mais. Pessoas que olham pra o que você é como um todo, para aquilo que você traz de positivo. Pessoas que gostam de você como você é, e te criticam quando acham que têm que criticar, e está sempre tudo bem agir assim.
Mas, infelizmente, a maioria ainda se assusta e se afasta. Paciência...

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