Como é comum ver alguém que
fica com pena de uma criança chorando porque não conseguiu alguma coisa que
queria. Fazer as vontades do filho porque quer dar a ele tudo o que não teve na
infância. Não quer vê-lo sofrendo pela negação.
Estou prestes a ter a
experiência mais incrível e assustadora da minha vida, que é me tornar pai.
Muita coisa é assustadora, num mundo praticamente sem regras, sem respeito e
violento. Um mundo intolerante com o diferente. Mas sem dúvida o que mais tem
me assustado ultimamente é a possível dificuldade do meu filho conseguir lidar
com algum tipo de negativa.
Como me considero uma pessoa
de relativo sucesso na vida, sem acreditar em divindades, acredito que o maior
segredo para conseguir efetivamente ser um vitorioso é a capacidade de aprender
com o fracasso. Em geral, na vida, acho que temos até mais derrotas do que
vitórias, só que as vitórias são mais saborosas, especialmente quando estamos
tentando arduamente. E cada derrota é uma espécie de aprendizado.
A vida em geral fala “não” o
tempo todo. Você não consegue transar com todas as pessoas que deseja; não
consegue ganhar o que quer em termos financeiros; não tem todos os pertences
que gostaria; não viaja para todos os lugares que sempre sonhou; as pessoas que
você ama não vivem pra sempre... isso é a vida. E sempre será.
Tenho observado muito que
crianças tratadas dessa forma se tornam adultos intolerantes, frustrados e
difíceis de conviver. Muitas vezes abatem-se com derrotas com uma facilidade
absurda. Não sabem o que fazer quando escutam um não.
Mas o pior de tudo é que não
têm respeito por absolutamente nada. Tratam mal quem os ama, quem tenta os
ajudar. Não ligam para sofrimento alheio, apenas querem sua vitória e pronto.
Não se importam em passar por cima do que quer que seja para obterem sucesso.
Mas o pior de tudo, são os que apenas sofrem, sofrem e sofrem, sem condições de
reagir a absolutamente nada.
Essa história que você não
deve bater numa criança é a coisa mais ridícula, patética e idiota que alguém
pode dizer. Porque a vida bate, sem dó, o tempo todo, e pra derrubar de vez. Um
pai dá uns tapas e faz a criança aceitar que não é não. Talvez uma ou duas
surras de chinelo, pra doer. Claro, nada que vá machucar ou pra descontar ódio.
Mas uma vez que é preciso impor limites, uma chinelada é um meio que às vezes
precisa ser utilizado.
Tenho uma preocupação muito
grande em criar um homem, um cidadão decente que tenha respeito pela vida.
Quero que o meu filho seja uma pessoa que sinta compaixão (o que é diferente de
pena). E pra isso não vou fazer todas suas vontades.
Minhas duas gatas já tomaram
alguns tapas, às vezes até forte, porque rosnaram para mim ou para minha esposa
quando brincávamos, ou tentaram nos morder. Aconteceu umas duas ou três vezes,
e atualmente elas não têm qualquer atitude agressiva. São duas gatas altamente
carinhosas, companheiras e felizes. O fato de apanharem corretivamente não as
tornou frustradas, agressivas ou qualquer merda dessas. As fez mais companheiras.
Acredito que Ghandi estava
certo quando dizia que é preciso educar os meninos para não punir os homens. E
educar é lançar mão do que é possível. Conversa, depois uma bronca, um puxão de
orelha, e se não for possível sucesso com tudo isso, uns tapas.
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